Depois de terem sido os profissionais mais procurados pelas empresas, muitas tecnológicas estão a reduzir as suas equipas nas áreas de TI. A onda de despedimentos está a atingir numerosas empresas em Portugal, algumas das quais, na categoria de “unicórnios”, que se caracterizaram por um rápido crescimento e que agora estão em forte contração.
Em Portugal são 18 empresas que, desde o início do ano anunciaram – ou já procederam – a redução dos seus efetivos. Segundo a Teamlyzer, até agosto já foram despedidos 2900 colaboradores de áreas tecnológicas como Banca e Serviços Financeiros; Software House & Internet; e Industria & Serviços.
A plataforma Teamlyzer, que se especializou na partilha de informação sobre oportunidades de emprego, entrevistas e experiências de trabalho nas empresas de TI portuguesas, lançou agora uma tabela agregadora dos despedimentos no setor.
Da lista fazem parte, até ao momento, 18 empresas: Jumia Porto Tech Center; Farfetch; Loggi; Talkdesk; Oracle; Getir; Skoach; Microsoft; Hopin; Defined.ai; Rows; Remote; LetsGetChecked; BitPanda; Cazoo; Klarna; Carl Zeiss Vision Portugal; e Hopin. Para muitas destas empresas a razão apontada é a falta de liquidez, a obrigar a diminuir a “burn rate”, ou seja: a velocidade a que a empresa perde dinheiro.
Um dos casos mais recentes é da Farfetch. A empresa de moda, que lidera o segmento global de vendas online de produtos de luxo, obteve em 2021 o seu primeiro EBITDA positivo, porém, essa tendência positiva parece não se revelar em 2022. De acordo com alguns testemunhos na plataforma Teamlyzer, a Farfetch está a contactar os colaboradores do departamento de tecnologia para propor um pacote de rescisão que engloba uma indemnização em dinheiro.
“Este pedido veio diretamente dos executivos, [após] uma reunião com todos os quadros superiores. Outros departamentos estão a ser ainda mais afetados. O futuro da empresa depende exclusivamente dos resultados acumulados até ao início do próximo ano. No caso da tendência negativa se manter, em 2023 o número de despedimentos previstos para o departamento de tecnologia serão cinco vezes superiores aos valores atuais. Nesse eventual cenário, não há lugares assegurados para todas as posições, foi a mensagem passada dos executivos aos diretores da empresa”, segundo um dos relatos anónimos postados na plataforma Teamlyzer.
Também a Talkdesk, outro unicórnio português, que atua na área de cloud contact center, está a reduzir o quadro de pessoal, com o objetivo de “alinhar recursos com as prioridades da empresa” e o “contexto económico”. Este corte poderá significar a saída de até 200 pessoas, dos 2.100 funcionários que tem a nível global.
Embora os despedimentos conhecidos na Talkdesk afetem profissionais nos Estados Unidos e em outros países onde a empresa tem operação, em Portugal a empresa tecnológica também não afasta a possibilidade de despedimentos. Para já foi cancelada a contratação de quadros que estava prevista para este ano, e dispensados os colaboradores que estavam em regime probatório. Outro relato dá conta que várias dezenas de pessoas que estavam na Talkdesk em Portugal em regime de outsourcing IT foram dispensadas nas últimas semanas de julho.
“Alegadamente muitos seniores estão de saída para outras empresas, incluindo o diretor de Talent/People que se demitiu após ter de despedir um grande número de colaboradores”, descreve um dos depoimentos plataforma Teamlyzer.
Ainda um outro feedback de fonte interna refere que “cerca de duas semanas antes das revisões salariais, foi comunicado que estas não iriam acontecer a meio do ano, apenas no final do ano fiscal. E foi passada a informação que os “low performers” foram convidados a sair da empresa”. De relembrar que em agosto do ano passado, a empresa recebeu uma ronda de série D no valor de 196 milhões de euros.
A tabela agregadora dos despedimentos agora lançada pela Teamlyzer, regista os testemunhos de colaboradores das empresas tecnológicas em Portugal e quantifica o número de despedimentos a partir desses relatos anónimos ou de notícias publicadas pelos media e que muitas vezes é referindo apenas como percentagem no numero total de empregados. Assim, o número de despedimentos registados na plataforma – 2892, em 19 de agosto de 2022 – terá de ser posteriormente validado pelas entidades que procedem à avaliação estatística oficial do mercado de trabalho em Portugal.
Despedimentos em TI é tendência global
Embora ainda seja desconhecida a verdadeira dimensão dos despedimentos na área tecnológica, este é um fenómeno que não é exclusivamente português. Nos Estados Unidos, de acordo com os dados compilados pela Crunchbase, mais de 32 mil trabalhadores de tecnologia foram demitidos no primeiro semestre de 2022. No mesmo período, na Índia – outro polo mundial da área tecnológica – os despedimentos ultrapassaram os 11 mil trabalhadores.
Segundo os dados mais recentes compilados pelo layoffs.fyi, um site que rastreia demissões em startups, mais de 71.800 trabalhadores de 540 empresas/startups de tecnologia foram demitidos em todo o mundo. As demissões incluem trabalhadores da plataforma de compartilhamento de viagens Uber, Booking, Netflix e várias exchanges de criptomoedas e plataformas de empréstimos.
Ainda assim, embora as avaliações das empresas de tecnologia estejam em queda nas bolsas e com perdas de faturação, não está claro se os funcionários da área de TI perderam a sua alavancagem. O mercado de trabalho continua ainda extremamente apertado e muitas empresas aceitaram grandes aumentos salariais como a Amazon.com Inc. que duplicou o teto salarial em 2022.
Ainda há muitas empresas tech a contratar em Portugal.
vejam as vagas da minha empresa aqui https://noniussolutions.com/company/nonius-jobs/