Frequentemente, temos por hábito confundir os conceitos de “digitalização” e de “transformação digital”, uma vez que são usados como sinónimos. Desengane-se. São conceitos muito diferentes e se não os souber distinguir, estes podem induzi-lo a erro. Vejamos: a digitalização, para os colaboradores de uma organização, consiste em colocarem os documentos num equipamento de multifunções e digitalizar os mesmos para um formato, tiff ou pdf. Para o Banco de Portugal, é entendida como o processo de integração progressiva das tecnologias digitais nas sociedades, com efeitos na vida quotidiana dos cidadãos e das empresas.
Mas o que resulta da digitalização, e devemos reter, é que a economia digital, já representa, hoje, 22% do PIB mundial, sendo uma importante alavanca do desenvolvimento económico, criando emprego, inovação e riqueza.
Ao invés, a transformação digital será uma componente dessa mesma “digitalização”, que consiste num processo no qual as empresas utilizam do que há de mais tecnológico na atualidade para aumentar a produtividade e, consequentemente, potencializar os seus resultados e garantir a sua sustentabilidade.
um processo de transformação digital, obrigatoriamente, envolve as pessoas
É um processo quase sempre disruptivo, no qual a tecnologia passa a ocupar um lugar central na organização. Implica uma análise e mudança profunda dos processos, competências e modelos de negócio, com vista a obter o máximo proveito das oportunidades que oferecem as tecnologias digitais. Logicamente que, para pensarmos num processo de transformação digital, poderá passar-se por um processo de digitalização, mas ao contrário da digitalização a transformação digital aproveita-se da tecnologia para que os processos da empresa sejam dinâmicos e para que se possam adaptar a um mercado que se move a uma velocidade alucinante.
Uma organização que abrace um processo de transformação digital, obrigatoriamente, envolve as pessoas, uma vez que vai afetar métodos de trabalho diários, alavancando-as para a mudança. Neste sentido, os seus dirigentes têm um papel importante a desempenhar: estimular os colaboradores para uma nova cultura com vista a adotarem novos métodos de trabalho, mais ágeis, menos hierárquicos e, acima de tudo, mais eficientes. É necessário motivar e conquistar as equipas. Pessoas e tecnologia têm de caminhar juntas nesta estratégia de mudança, onde negócio e digital já são sinónimos.
De facto vivemos tempos suis generis, disso ninguém tem dúvidas. Fruto disso mesmo, muitas organizações foram empurradas, por vezes “à bruta”, para a transformação digital, uma vez que rapidamente tiveram de repensar na forma como organizam o seu trabalho. Ora, para evitar este risco, uma boa avaliação da tecnologia a usar pode ser decisiva para a “salvação” de muitas organizações.
Outro aspeto positivo nesta matéria é que estas tecnologias, hoje, estão facilmente acessíveis, geralmente assentes em soluções cloud, out of the box, sem investimento, apenas pagando por uso e, muito mais importante, fiáveis e robustas como nunca foram. No entanto, esta aparente facilidade de acesso pode colidir com o manancial de ferramentas disponíveis. Muitas vezes, as empresas não têm dentro de casa as competências necessárias para as avaliarem. Nesse sentido, recomendo que usem os fornecedores de tecnologia para aprenderem e escolherem as que melhores se adequem ao seu ecossistema.
Não se esqueça, os tempos atuais pedem decisões rápidas e assertivas, é preciso correr, mas temos de saber para onde.