Investimento direto estrangeiro em Portugal alcança valor histórico em Maio. China, Brasil, EUA, India e Turquia são os principais países de origem do investimento em imobiliário para obtenção de “vistos Gold”, de residência permanente. Apesar da subida, ainda falta garantir sustentabilidade.
O mês de Maio foi um dos melhores meses de sempre em termos de investimento imobiliário no âmbito dos Vistos Gold, apesar do estado de calamidade e das respetivas restrições à mobilidade (nacionais e internacionais), revela o relatório mensal de junho da consultora imovendo.
A sustentar esta subida estiveram os investidores chineses e brasileiros (e em menor grau, norte-americanos, indianos e turcos) que, ao investir no imobiliário nacional procuram assegurar a aquisição de ativos seguros, que lhes garantam uma elevada proteção face a desvalorizações cambiais nos seus países de origem (como é suscetível de ser observado no caso do Real brasileiro) e que lhes permitam abrir uma janela de oportunidade, caso haja a necessidade de ter acesso a um espaço económico, político e sanitário seguro, como é o europeu, num contexto global.
O facto de os preços no imobiliário não terem sofrido quaisquer oscilações significativas (muito por via da tranquilidade que as moratórias bancárias e os lay-off vieram assegurar) e o facto de as novas angariações continuarem a níveis estáveis (ao contrário do que aconteceu em grande parte dos mercados europeus e norte-americanos) contribuiu, também, de forma inequívoca, para que investidores nacionais e internacionais tenham decidido apostar em Portugal.
“Os números destacam-se não tanto pela sua dimensão, mas pelo ato de curto-circuitarem uma tendência de um certo aparente esgotamento que este veículo de investimento evidenciava ao longo dos últimos dois anos. A dúvida hoje é procurar antecipar se o dinamismo a que se assistiu em maio é para manter. Os dados dizem-nos que não”, antecipa Manuel Braga, CEO da imovendo.
A procura imobiliária na fase de pós-confinamento, não só regressou aos níveis a que se assistiam em início de março, como superou mesmo todas as métricas que anteriormente se verificavam. Todavia, o aparente regresso à normalidade, sublinha a Imovendo, não parece ser sustentável a médio-prazo por três ordens de fatores:
- Parte significativa da procura teve origem em fevereiro e março, tendo sido interrompida pelo confinamento (e este fluxo tende a diminuir relevância);
- Parte do dinamismo da procura de moradias ou imóveis com terraço está relacionado com o ‘trauma’ que o confinamento criou e cujo impacto tenderá a diminuir;
- O arrefecimento económico e o crescimento do desemprego promoverão, já nos próximos meses, uma erosão no dinamismo imobiliário.
O comportamento do Turismo, verdadeira força motriz da economia nacional ao longo dos últimos anos, será o barómetro de referência para se procurar antecipar como o mercado imobiliário, em particular, e o dinamismo económico, em geral, recuperarão de um trimestre extremamente difícil e conseguirão manter os elevados níveis de interesse e de procura que o mês de maio revelou existir.
Este será o desafio de curto prazo que terá de ser gerido, uma vez que o investimento imobiliário nacional, especialmente ao longo dos dois últimos anos, se encontrou fortemente dependente das dinâmicas turísticas, não apenas como forma de escoamento de produto (no âmbito do Alojamento Local), mas sobretudo, por via da empregabilidade que este sector assegurava e que permitia que muitas famílias decidissem investir na aquisição de habitação própria.