O local de trabalho é o espaço onde a discriminação contra minorias étnicas em Portugal mais se faz sentir, com quase metade (49,9%) dos inquiridos a referirem já ter sido alvo de preconceito neste contexto. Paralelamente, os dados do estudo intercalar Portugal, Balanço Social: Perspetivas, da Nova SBE, indicam que estas comunidades apresentam níveis de qualificação inferiores, com apenas 20,8% dos adultos com ensino superior, face aos 26,3% da população branca. Esta dupla penalização – discriminação e menor acesso à educação – condiciona gravemente a sua integração no mercado de trabalho.
A taxa de desemprego entre minorias étnicas atinge os 18,9%, quase o triplo da registada entre a população branca (7,2%). Quando conseguem emprego, apenas 72% têm contrato permanente (face a 85,5% nos brancos) e o trabalho a tempo parcial é duas vezes mais comum (10,3% contra 5%). Esta realidade revela uma forte precariedade laboral que compromete a estabilidade financeira das famílias e agrava as desigualdades sociais.

Apesar de o trabalho ser a principal fonte de rendimento para ambos os grupos, as minorias dependem mais de transferências sociais (9,3%) do que a população branca (2,9%) e recebem menos pensões de reforma. Esta vulnerabilidade reflete-se também nos baixos rendimentos: 32% dos adultos de minorias estão no quintil mais baixo de rendimento, face a 18,6% dos brancos.
As condições de vida acompanham esta desigualdade. As minorias enfrentam mais dificuldades económicas, vivem mais frequentemente em regime de arrendamento (45,3% vs. 15,2%), têm menor acesso a transporte próprio e maiores problemas de conforto térmico nas habitações. Além disso, o acesso a cuidados de saúde e medicação também é mais difícil para estas comunidades.
No campo da discriminação, 40,3% das pessoas de minorias afirmam ter sido vítimas de tratamento desigual e 53% já testemunharam situações de preconceito. Os principais motivos identificados são a cor da pele, o grupo étnico e o território de origem. A maioria das vítimas não denuncia, por falta de confiança nas instituições, o que sublinha a urgência de reforçar os mecanismos de proteção e denúncia.
Para os investigadores da Nova SBE, os resultados evidenciam a necessidade de políticas públicas de inclusão que promovam o acesso à educação, a valorização profissional e o combate eficaz à discriminação no emprego, condição essencial para assegurar a coesão social e a igualdade de oportunidades.