É muito importante ter a noção de que há tarefas que não devem ser feitas pelos gestores. De igual modo, é essencial entender que o trabalho do gestor deve ser o mais bem remunerado, mas apenas se for devidamente efetuado. Se este se ocupar das tarefas de um técnico, então não pode aspirar a uma remuneração superior à de um técnico.
Será que é o gestor da sua empresa? Ou apenas o técnico e o comercial mais qualificado?
É muito frequente um empresário optar por uma área em que é um bom técnico quando decide criar uma empresa. Provavelmente, fartou-se de trabalhar por conta de outrem ou constatou que já teria experiência e conhecimento suficientes para assegurar aquela função por conta própria, aventurando-se no mundo do empreendedorismo.
Quando começou, como era o único na empresa, fazia tudo o que havia para fazer. Era o comercial, o financeiro, o operacional, o marketeer, o suporte pós-venda, o telefonista, o entregador e ainda a pessoa das limpezas.
É desta forma que a maioria das empresas dá os primeiros passos, e muito bem, pois sem receitas não há como ter encargos.
Entretanto, com o surgimento dos clientes, o negócio começa a evoluir e o empresário deixa de conseguir dar resposta a tudo. O passo de contratar a primeira pessoa é bastante difícil, mas torna-se inevitável quando se verifica que as 24 horas são muito curtas para responder a todas as solicitações dos clientes.
No entanto, na maior parte dos casos, apesar de a equipa começar a crescer, o empresário não consegue, por sua vez, ganhar mais tempo para a função que lhe compete, a mais importante de todas, que é a de gerir o seu negócio.
Nenhuma empresa funciona sem gestão, por isso é muito importante analisar se está a gerir a empresa ou apenas a operá-la.
A maioria dos gestores entende que, cumulativamente, devem ser o técnico mais qualificado da empresa ou o comercial mais experiente, que os clientes mais valorizam, o que os enche de orgulho e lhes massaja o ego. Porém, com esta postura, acabam por concentrar em si as tarefas operacionais mais importantes da empresa e o relacionamento comercial com os principais clientes.
Aparentemente, esta até poderia ser uma boa solução, pois traz bons resultados a curto prazo e assegura a qualidade da entrega aos clientes. Todavia, estrangula totalmente o potencial de crescimento, pois limita e condiciona o potencial da empresa às horas disponíveis do dono da empresa.
Saber delegar é uma das maiores alavancas do seu negócio
É, por isso, fundamental aprender a delegar, aprender a confiar de forma consciente, para garantir que os clientes são bem servidos e que mantemos a qualidade dos produtos. Costumo dizer sempre que delegar não é abdicar.
Quando um empresário contrata um novo colaborador, deve ensiná-lo e dotá-lo de ferramentas de suporte e orientação, como manuais de procedimentos e checklists, que lhe permitam seguir as regras sem esquecimentos e desculpas. Nos primeiros tempos, deve dar-lhe um acompanhamento de grande proximidade, garantindo bons procedimentos e um feedback constante, assegurando uma correção imediata dos aspetos menos bem efetuados. Esta fase inicial é muito importante para garantir que o novo colaborador interioriza bem os procedimentos estabelecidos pela empresa.
Por fim, e o mais importante neste processo de delegar, é a prestação de contas. É fundamental que ao longo de todo o processo haja mecanismos de monitorização e controlo, consubstanciado em métricas. Estas permitem avaliar se o colaborador se mantém fiel aos processos definidos na fase inicial.
É imprescindível que todos os colaboradores estejam disponíveis para prestar contas. Este é um processo que deve fazer parte do quotidiano de todas as empresas e que deve ser interpretado de forma muito positiva. A única forma que eu conheço de me manter focada e orientada para os resultados é tendo que prestar contas. A prestação de contas mais importante é a mim mesma, só depois será a toda a organização e à chefia.
É imprescindível que a prestação de contas seja interpretada como uma ferramenta de avaliação de performance, não de esforço. Ela é, também, uma ferramenta que permite manter o foco e manter a orientação para aquilo que é mais importante em cada instante.
A criação de métricas e o acompanhamento das mesmas é uma ferramenta fundamental para a gestão do tempo.
Nenhuma empresa funciona em pleno sem gestão, e, por isso, é muito importante analisar se, no seu caso, está a ocupar a maioria do seu tempo a gerir a empresa ou apenas a operá-la. Posso garantir que este é um desafio de muitos empresários e que, quando ultrapassado, traz grandes resultados de crescimento e de sustentabilidade ao negócio.
Para que possa avaliar a gestão do seu tempo, convido-o a preencher o questionário que preparei para si. Espero que seja útil para refletir sobre o que poderá fazer melhor no futuro.