“É preciso uma aldeia para criar um negócio”

equipa de profissionais de negócio
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Existe um provérbio africano que diz “É preciso uma aldeia para criar uma criança”, já ouviu? Infelizmente um conceito cada vez menos aplicado na parentalidade do mundo desenvolvido, onde os pais e por vezes, apenas as mães, acabam por arcar com toda a responsabilidade e trabalho de criar os filhos. Isso leva à tão falada sobrecarga, falta de tempo, peso mental, “burnout” e crianças que nem sempre têm a educação e a atenção que os pais gostariam que tivessem, mas a que lhes é humanamente possível prestar-lhes.

Com a ajuda de uma “Aldeia”, de uma comunidade ou rede de suporte, não só o peso se dilui, como a criança tem diferentes influências e absorve mais facilmente a cultura em que é criada, com experiências mais ricas e significativas para todos os envolvidos. Assunto importantíssimo e debatido vezes sem conta, à procura de melhores soluções, mas não é isso que nos traz aqui hoje.

É que isto não é diferente na criação de um negócio. É preciso uma aldeia para criar um negócio!

Isso significa que não é possível começar um negócio sozinho? Sim e não… É sim, possível começar sem sócios ou funcionários, pelo menos durante algum tempo. Mas isso não quer dizer que se comece sozinho. Quem são então os membros desta aldeia de que precisamos para empreender? Existem alguns mais evidentes:

negociando com clientes
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Os Clientes

Sem eles, o negócio não existe… e são de variados tipos:

Os “early-adopters”, ou clientes iniciais

Que são pessoas que, segundo a definição de Uri Levine, um dos criadores da Waze, numa das aulas do Power MBA, são amadores entusiastas, que se identificam com a história e a missão da empresa, interessam-se pelo mesmo tema e estão frustrados com a situação atual. Então, encontram ali uma empresa que os está a ajudar a fazer a diferença, a criar uma solução melhor. Querem contribuir e fazer a sua parte como primeiros clientes.

Os fãs

Que são os melhores clientes que uma empresa pode ter, pois não só compram recorrentemente como são os seus melhores relações-públicas, promovendo e recomendando com frequência. Dão a conhecer o negócio ao máximo possível da “Aldeia” e ainda colocam o seu selo de aprovação, que ajuda a quebrar a resistência inicial de muitas pessoas.

Os “normais”

Que não são nem os primeiros nem os fãs, são os que existem em maior número, aqueles que vão alimentando o negócio numa base diária, com compras mais ou menos regulares e algum feedback eventual.

Os insatisfeitos

Estes custam sempre, mas acabam por existir em todos os negócios e têm a sua utilidade, pois obrigam-nos a fazer checkups regulares ao negócio, para entender se há pontos de melhoria, ou se simplesmente aquele cliente não era o cliente certo para o negócio. Mantêm os empresários despertos e não os deixam cair demasiado fundo na autobajulação, que leva ao declínio do negócio.

fazendo negócio
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Além dos Clientes, temos:

Os Colaboradores

Sejam eles funcionários ou prestadores de serviços. Inicialmente podem não estar presentes, dependendo do tipo de negócio, mas à medida que este se torna mais sério, vão inevitavelmente ter de fazer parte da nossa “Aldeia”, caso contrário a empresa não evolui, a qualidade diminui e o “solopreneur” entra em “burnout”.

E os Parceiros

Essenciais para um crescimento contínuo, são um apoio para servir ainda melhor os clientes.

Porém, a “Aldeia” necessária para criar um negócio está longe de estar acabada e muitas vezes não nos apercebemos do quanto os seguintes elementos são importantes para uma empresa e um empreendedor saudável. Vejamos:

Os Concorrentes

A longo prazo, obrigam-nos a manter um espírito de constante atualização e inovação, mas é no início de qualquer negócio que os concorrentes são mais importantes. Porquê? Por dois motivos:

Pavimentaram o caminho

Ao contrário do que muitos aspirantes a empreendedores pensam, começar um negócio onde já existe concorrência pode ser uma grande vantagem, em especial se não se tiver muito dinheiro para investir. Quando já existem concorrentes, quer dizer que a “Aldeia” já conhece o negócio, não é preciso explicar-lhes de raiz o que é, para que serve, como se usa, porque é uma boa ideia… as pessoas já estão familiarizadas e por isso, têm menos resistência a comprar. Só é preciso convencê-las porque devem passar a comprar da nossa empresa e não do concorrente onde estão habituados a comprar. Difícil, mas não tão difícil. E isso leva-nos ao ponto seguinte.

Obrigam-nos a encontrar o nosso espaço

Quando existe concorrência, precisamos de mostrar aos potenciais clientes porque somos diferentes e, esperançosamente, melhores. Precisamos de procurar um ponto de diferenciação que nos destaque no mercado. De encontrar o nosso nicho, pois é lá que temos mais hipóteses de encontrar os nossos “early-adopters” e os nossos fãs. Obrigado concorrência!

Prosseguimos?

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Os Mentores

Pessoas com mais experiência, que já chegaram onde queremos ou estão alguns passos à frente e por isso têm uma visão muito mais clara do caminho. Conseguem orientar-nos, qual GPS, mostrar-nos onde estamos a errar, o que não estamos a ver, e como podemos tentar novas abordagens para ultrapassar cada um dos nossos desafios. São, sem dúvida, o melhor investimento de qualquer empreendedor, pois, quais “conselheiros-sábios da tribo”, podem poupar anos de insucessos e rios de dinheiro mal investido, acelerando o processo com a sua experiência e conhecimento de como criar um negócio.

A sua escolha deve ser cuidada, para que mentor e empreendedor estejam alinhados a nível de visão e valores e para que a comunicação flua. De pouco adianta ter um mentor e passar o tempo a duvidar dele ou com medo de implementar o que sugere. Sendo escolhido em consciência, há que confiar na nossa decisão e nos motivos que nos levaram a escolhê-lo e seguir lado a lado com ele.

Ora, a nossa “Aldeia” já está mais completa, porém, continuam a faltar alguns elementos fundamentais:

Os Suportes Emocionais

Por mais forte e destemido que seja o empreendedor, também é humano e precisa de familiares e/ou amigos que o sustentem a nível emocional. Que o acompanhem na turbulência de criar um negócio e o mantenham assente na terra. Que o façam ter pilares fortes na sua vida além do lado profissional, para que não se perca e não se esqueça de que ele não é o seu negócio e que o sucesso do negócio não é a única medida do seu sucesso enquanto pessoa.

São muitas vezes os primeiros a sofrer com a criação do negócio, com a distância, a irritação, o cansaço, a falta de tempo… Sendo um escape emocional, precisam de ser nutridos e mantidos porque empreender não é um destino, mas um caminho. Por isso, não vale deixá-los para depois. Não vai haver “depois”, só “durante”.

As Inspirações

Pessoas de grande sucesso (o que quer que isso signifique para cada um de nós), empreendedores ou não, que nos fazem aspirar por mais. Mostram-nos que é possível chegar onde queremos e podem até mostrar-nos uma forma de o fazer, através da sua experiência. Ao contrário dos mentores, não têm necessariamente de ter uma parte ativa na vida do empreendedor.

empreendedora no seu negócio
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Os Empreendedores

Esqueceu-se destes, não esqueceu? Como podemos criar um negócio se ficarmos isolados dos nossos pares? Sem outras pessoas com um “mindset” semelhante, ambições semelhantes, estilos de vida semelhantes? Pessoas que passam pelo mesmo que nós e que sabem como é. É importante rodearmo-nos de pessoas que nos entendem. Os Empreendedores dão-nos um apoio, inspiração e “mentoria” como nenhum dos anteriores elementos pode. Estão ao nosso lado, a passar pelos mesmos desafios e vitórias. Estão por dentro.

Não estão a questionar a nossa sanidade mental, a enviar anúncios de emprego, a perguntar quando arranjamos um emprego “a sério”, ou quando é que “isso” vais começar a dar dinheiro. Eles sabem.

Conhecendo os perigos de apenas nos rodearmos de pessoas que pensam como nós e perdermos a perspetiva e a flexibilidade, os Empreendedores não são os únicos elementos da nossa “Aldeia”, mas não poderiam deixar de cá estar.

Entendemos por fim quem são os diversos membros da “Aldeia” necessária para criar um negócio, já que um negócio não é assim tão diferente de uma criança. Calma! Não me comece já a insultar por comparar ainda mais profundamente um negócio com uma criança. Eu também sou mãe. Siga o meu raciocínio: Ambos precisam de amor, dedicação, cuidados e diversas influências para crescerem em pleno. Ambos devem ser nutridos e aproveitados a cada dia e o seu crescimento, apesar de contínuo, não deve pular etapas nem ser apressado. A diferença é que a missão do nosso negócio deve ser definida por nós e a dos nossos filhos, devemos dar-lhes o apoio e a liberdade de serem eles a escolhê-la. Concorda?

Partilhe a sua experiência enquanto criador de negócios nos comentários. Quem são para si os elementos mais fundamentais da sua “Aldeia”?

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