O PIB da China cresceu 6,5% referente ao período homólogo no quarto trimestre de 2020. Este crescimento revela um ritmo superior ao esperado e é o maior desde o final de 2018, segundo a análise “Pulso Económico, 18 a 24 de janeiro 2021”, divulgada recentemente pelo Banco BPI. No conjunto do ano, o PIB chinês terá crescido 2,3%, confirmando a China como a única grande economia a crescer no ano da pandemia.
Também o estudo “The world is moving East, fast“, publicado pela Euler Hermes, líder mundial em seguros de créditos, destaca o desempenho positivo do PIB chinês, contrastando com a evolução negativa, do PIB da economia global (-4,2%). Em 2021, estima-se neste estudo, que a economia global deverá recuperar, atingindo um crescimento de +4,6%, mas também a China deverá crescer +8,4%.
A boa performance económica da China, segundo este estudo, deve-se sobretudo às fortes políticas de apoio implementadas pelo Governo chinês. Os estímulos fiscais para 2020 impulsionaram o crescimento do PIB em 4,1 pontos percentuais (p.p.), um valor que contrasta, por exemplo, com o crescimento impulsionado pelos estímulos fiscais de 1,7 p.p. nos Estados Unidos e de +1,3 p.p. na Alemanha.
A proteção das empresas públicas chinesas durante a pandemia foi também um dos principais fatores de controlo dos danos da crise: tornando possível assegurar a manutenção da atividade económica, bem como os empregos, ainda que sem lucros.
A análise da Euler Hermes refere ainda que o rápido controlo da pandemia, o fim das medidas de confinamento e a ausência de uma nova vaga contribuíram para estes resultados. O estudo sublinha ainda papel determinante das exportações, com um aumento de cerca de 27% face ao ano anterior, impulsionadas sobretudo pela procura por equipamentos de proteção e de equipamentos eletrónicos.
Crise da Covid-19 move centro económico em direção à Ásia
O PIB da China vai atingir o dos Estados Unidos dois anos mais cedo do que o que se estimava antes da pandemia, ou seja, em 2030, revela a mesma análise da Euler Hermes. Prevê-se que a velocidade a que, anualmente, a economia chinesa se aproximará da Norte-Americana será, a partir de agora, duas vezes e meia superior à média registada entre 2015 e 2019.
Segundo o mesmo estudo, desde 2002, o centro de gravidade da economia global (WECG, na sigla em inglês) está a deslocar-se no sentido da Ásia-Pacífico e que esta região está preparada para recuperar da crise pandémica 1,4 vezes mais rapidamente do que o previsto, fazendo com que, em 2030, o centro da economia global esteja localizado entre a China, a Índia e o Paquistão.
Este trajeto de bom desempenho económico será muito influenciado pelo acordo de comércio livre Parceria Económica Abrangente Regional (RCEP- Regional Comprehensive Economic Partnership), assinado entre a China e as maiores potências asiáticas e, ainda, a Austrália e a Nova Zelândia. As regras menos restritivas face a outros acordos e o facto de apenas ser necessário que 40% da mercadoria seja de origem regional para ser considerada de origem RCEP são fatores que impulsionam o crescimento destas economias.
As economias dos países que integram o acordo são complementares, com estruturas de exportação (por setor) a corresponderem às estruturas de importação dos seus parceiros comerciais, impulsionando uma integração comercial de valor acrescentado, o que reforça o potencial deste acordo.
De acordo com a Euler Hermes – empresa proprietária da portuguesa COSEC – “no longo prazo este contexto terá consequências no sistema monetário e na política global: no caso da União Europeia, por exemplo, será relevante a salvaguarda da aliança com os Estados Unidos da América e a definição de uma estratégia comercial capaz de colher os frutos do crescimento dos países asiáticos”.