Economia verde: Empresas pioneiras em sustentabilidade têm vantagens comerciais

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De acordo com o novo relatório do Fórum Económico Mundial e da Boston Consulting Group a procura crescente do mercado verde gera oportunidades para empresas pioneiras na área.

O Painel Intergovernamental para Alterações Climáticas (IPCC) da ONU, aponta para a necessidade de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, em 43% até 2030, para limitar o aquecimento global aos 1,5 graus exigidos. Se não houver um esforço concertado, nesse sentido, a mesma entidade prevê que as emissões aumentem em quase 11% no mesmo período.

Produtos alternativos, com baixas emissões de carbono, particularmente no setor industrial, podem ter um incremento de custo superior a 50% em comparação com produtos de referência. No entanto, à medida que estas novas tecnologias ganham escala e a intervenção governamental aumenta, irá observar-se uma redução dos preços nestes produtos, o que representará oportunidades para as empresas pioneiras em opções verdes.

Neste sentido, o relatório “Winning in Green Markets: Scaling Products for a Net Zero World”, publicado pelo Fórum Económico Mundial em colaboração com a Boston Consulting Group (BCG), examina como as empresas podem comercializar a sustentabilidade, encontrando, criando e moldando os mercados verdes.

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“Esta década traz-nos a oportunidade de observar um crescimento massivo de soluções climáticas e a criação de grandes mercados para materiais, produtos e serviços com baixas emissões de carbono”, afirmou Antonia Gawel, Head of the Climate Change do Fórum Económico Mundial. “As empresas e os governos têm um papel crucial a desempenhar, fornecendo capital, tecnologia, política e a legislação necessários para cumprir atempadamente os nossos objetivos climáticos propostos”, sublinhou.

Este ano, a reunião em Davos, que juntou os maiores líderes mundiais, focou-se no aceleramento do investimento climático e nas ambições para reduzir as emissões de carbono. O relatório da BCG, apresentado no evento, veio demonstrar que, à medida que as tecnologias verdes escalem, o premium de preços irá diminuir ou desaparecer por completo, sendo que a paridade de custos também dependerá das políticas governamentais locais.

Não obstante, até lá as empresas pioneiras nestas tecnologias deverão encontrar uma forma de compensar os custos mais elevados e transformar o “premium verde” numa receita, convertendo as baixas emissões num valor de negócio.

A Ørsted, a Tesla e a Beyond Meat são exemplos de empresas que extraíram vantagens de serem pioneiras, criando uma oferta verde convincente e categórica antes de atingirem a paridade de custos.

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Procura crescente de materiais e serviços ecológicos

Um outro inquérito da BCG sobre sustentabilidade, apresentado em junho de 2022, já tinha mostrado que, apesar de 10% dos consumidores optarem por produtos sustentáveis para “salvar o planeta”, este número é cerca de duas a quatro vezes superior (20%-43%) quando a sustentabilidade está ligada a outros benefícios, como a saúde, segurança e qualidade. O valor aumenta outras duas a quatro vezes (cerca de 80%) se barreiras como a conveniência, falta de informação e custo forem mitigadas.

As empresas que identificarem a oportunidade de negócio mais cedo, dispõem de um mercado, em grande parte inexplorado e em rápido crescimento, disposto a pagar por produtos verdes.

Até novembro de 2022, 1.957 empresas tinham estabelecido objetivos de redução certificada de emissões de base científica e outras 2.103 comprometeram-se a defini-los. Um inquérito recente a 81 membros da Aliança dos Líderes Climáticos do Fórum Económico Mundial concluiu que, embora as empresas já paguem um premium por tecnologia verde, a maioria não passa o aumento de custo para o consumidor. As razões apontadas para esta absorção são o investimento em sustentabilidade, a necessidade de garantir acesso a tecnologias promissoras e a proteção contra potencial legislação climática no futuro.

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Desequilíbrio entre oferta e procura irá gerar uma “escassez verde”

Apesar da substancial procura por materiais verdes, a oferta não está a responder ao ritmo necessário, criando uma escassez no mercado verde. Na maioria das principais cadeias de valor, os intervenientes a jusante, com compromissos de descarbonização cientificamente comprovados, ultrapassam largamente a quota dos intervenientes a montante. Esta diferença de quota de mercado pode chegar a ser superior a 20 pontos percentuais.

De acordo com o relatório da BCG, em 2030 este diferencial deverá ser mais vincado na indústria dos plásticos e produtos químicos verdes, onde a capacidade produtiva não acompanhará a procura dos consumidores. Em contrapartida, embora o aço verde esteja em falta atualmente, os produtores anunciaram planos para aumentar significativamente a capacidade produtiva nos próximos anos.

As empresas a jusante da cadeia ainda sentem dificuldades para desenvolver produtos neutros em carbono apelativos para os consumidores. O relatório detalha seis ações que as empresas devem implementar para comercializar a sustentabilidade eficazmente:

  • Delinear um portefólio verde para um mundo neutro em carbono;
  • Definir propostas de valor baseadas nestas ofertas verdes;
  • Estabelecer relações com os clientes com base nos produtos verdes;
  • Criar uma estratégia de pricing verde;
  • Desenvolver e estimular um ambiente de mercado correspondente;
  • Evoluir para prosperar com os principais catalisadores do mercado;

“Os benefícios da ação climática são claros e os custos da inação representam uma ameaça para toda a humanidade”, defende Patrick Herhold, Managing Director & Partner da BCG e coautor do relatório. “Tornou-se um imperativo que as empresas assumam ações decisivas. Representa não só uma oportunidade para liderarem um mercado em crescimento, como também para moldar e crescer os mercados verdes que irão transformar a economia”.

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