BGI apresentou relatório anual sobre o ecossistema português de empreendedorismo. Os norte-americanos continuam a ser os principais investidores nas startups portuguesas, e este tipo de empresas inovadoras é gerido por profissionais altamente qualificados, mas é um universo predominantemente masculino.
O relatório Scaleup Portugal analisa o investimento e perfil das melhores scaleups no país, a partir de uma lista das 25 startups que mais se destacaram nos últimos anos por angariar maiores rondas de financiamento, gerar maiores receitas e terem maior impacto através da criação de postos de trabalho.
Realizado anualmente pela BGI – Building Global Innovators, o estudo deste ano mostra que o ecossistema de empreendedorismo e inovação em Portugal está num processo de amadurecimento, com o top das 25 scaleups a levantar, cumulativamente, mais de 117,8 milhões de euros e gerando mais de 113,4 milhões de euros em receitas, entre 2015 e 2020. Ainda assim, estes valores ficam significativamente abaixo dos observados em 2019, com menos 39,3% no investimento e menos 60,1%, na receita.
As principais responsáveis pelo capital levantado foram as rondas de Série A, com 28,72%, seguidas, de muito perto pelo financiamento em fase Seed, com 27,76%. Embora ainda exista uma dependência significativa de investimento estrangeiro, principalmente vindo dos EUA (32,42%), nota-se uma crescente participação de investidores nacionais, especialmente em fases iniciais.
Apesar das startups de Consumer & Web serem as mais representadas no top 25 (elas representam 44% das startups), é a categoria de TIC que lidera a atração de capital, com mais de 100 milhões de euros levantados, gerando receitas (50%) e empregos (47,6%). Os negócios B2B, que correspondem a 64% da tabela, são quem mais capital levantou (67,79%), pois há uma maior atração para os investidores pela escalabilidade destas soluções, contudo, geram menos receitas (apenas 20,12%) que B2C.
Predominância de empreendedores masculinos
No que diz respeito aos fundadores das startups, a grande maioria é do sexo masculino (87,5%), no entanto, nota-se um ligeiro aumento na representação feminina em 2020 – de 9,68% para 12,5%. Além disso, os fundadores são altamente qualificados, sendo que, do top 25, uma parte significativa (quase 75%) possui pelo menos um mestrado, com a Universidade do Porto a liderar as instituições de ensino de origem destes empreendedores (32,56%). Apesar da sua qualificação académica, a maioria não tem experiência na criação e gestão de startups.
Por fim, Lisboa continua a ser a principal sede das empresas, com 44% das scaleups, seguida do Porto (20%), o que vai em linha com os resultados do relatório Portugal Startup Outlook 2020, que afirma que 67% das startups nascidas entre 2015 e 2020 se estabeleceram na capital.
As principais conclusões do relatório foram apresentadas na Gala da BGI que escolheu as 7 melhores startups portuguesas, tendo o grande prémio de 2020 siso atribuído à Sword Health, uma empresa da área de medicina e saúde.