A sustentabilidade tornou-se um fator estratégico para empresas e governos, exigindo inovação capaz de conciliar desempenho e viabilidade comercial. Carlos Elavai, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa, sublinha que a resposta das empresas deve ser centrada no cliente e sustentada pela tecnologia. “As organizações devem identificar e desenvolver as inovações e tecnologias que mais eficazmente concretizam estas ambições, como biotecnologia e novos materiais”, afirma.
O estudo da Boston Consulting Group (BCG) revela que, embora 69% dos consumidores manifestem preocupação com a sustentabilidade, apenas 7% compram regularmente produtos sustentáveis. Esta disparidade resulta da perceção de que opções ecológicas podem comprometer o desempenho, a qualidade ou apresentar preços elevados. Para fechar esta lacuna, as empresas precisam de redefinir os seus modelos de inovação, apostando em deep tech para criar produtos sustentáveis sem comprometer a experiência do consumidor.
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Deep tech: Inovação que reduz até 80% das emissões de CO₂
A adoção de inovação baseada em deep tech permite reduzir as emissões de CO₂ entre 70% e 80%, um avanço significativo face à redução de 20% a 40% conseguida com métodos convencionais. Esta abordagem recorre a tecnologias emergentes como inteligência artificial (IA), biotecnologia e novos materiais, possibilitando o desenvolvimento de produtos sustentáveis e economicamente viáveis.
Para acelerar esta transformação, a BCG propõe quatro princípios-chave que orientam a inovação sustentável e reforçam a competitividade das empresas:
1. Conhecimento profundo dos clientes
Compreender as necessidades e perceções dos consumidores é o primeiro passo para desenvolver produtos sustentáveis que sejam bem aceites no mercado. As empresas devem analisar o que define valor para diferentes segmentos de clientes e ajustar os produtos sem comprometer a experiência do utilizador.
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2. Transformação dos processos produtivos
A inovação sustentável exige uma redefinição dos processos industriais, permitindo equilibrar desempenho, rentabilidade e impacto ambiental. As empresas devem explorar novas possibilidades de design e modelos de negócio disruptivos que impulsionem a procura por soluções ecológicas.
3. Investimento em deep tech
A combinação de química, biotecnologia avançada e inteligência artificial acelera a descoberta de novos materiais e melhora a eficiência produtiva. Tecnologias como robótica e automação reduzem custos e tempo de desenvolvimento, permitindo a criação de produtos sustentáveis competitivos. Para maximizar o impacto, as empresas devem estabelecer parcerias estratégicas em Investigação & Desenvolvimento (I&D).
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4. Abordagem integrada e visão de longo prazo
A integração entre estratégia de negócio, marketing, inovação e experiência do cliente é essencial para que a sustentabilidade se torne um pilar transversal. A colaboração entre equipas e o foco no impacto a longo prazo, garantem que os produtos sustentáveis se tornem uma vantagem competitiva real no mercado.
Ao adotar estas práticas, as empresas não só fecham a lacuna entre intenção e ação dos consumidores, como também garantem diferenciação num mercado em rápida transformação. Segundo a BCG, quem liderar a inovação sustentável não apenas responderá às exigências ambientais, mas conquistará uma posição de destaque no futuro da economia global.