Empresas perspetivam a contratação de profissionais altamente qualificados, mas acreditam que modelo de incentivos estatais deve ser revisto. Mais de metade das entidades inquiridas num estudo sobre recrutamento de talento, identificam lacunas no sistema de apoios públicos à I&D e Inovação em Portugal.
Um estudo realizado pela FI Group Portugal, LLYC e ManpowerGroup inquiriu 171 entidades do tecido empresarial português, acerca da contratação de recursos humanos através dos apoios à I&D e Inovação, e concluiu que 64,3% do universo de empresas inquiridas perspetivam o crescimento das suas estruturas dedicadas às áreas de inovação e desenvolvimento.
Contudo, apesar de terem sido criados incentivos e benefícios fiscais para apoiar a I&D e a Inovação em Portugal, onde se inclui o apoio às despesas com recursos humanos, a contratação destes perfis recorre, na grande maioria dos casos (83,0%), a uma componente de financiamento por fundos próprios das empresas.
Na análise desta maior dependência por fundos próprios, no suporte às contratações, 60,2% das entidades identificam lacunas no sistema de incentivos e benefícios em vigor, com 98,8% das empresas a afirmar ter sugestões de melhoria ao atual modelo de apoios à I&D e Inovação em Portugal.
De entre as sugestões apontadas, denota-se um consenso para com a necessidade de simplificar a adesão a estes mecanismos, com 82,5% das empresas a indicar que uma menor burocracia facilitaria e estimularia a adesão das empresas aos apoios em causa.
Outra das propostas, sugerida por cerca de metade dos inquiridos, pretende taxas de financiamento e comparticipação maiores (49,1%), dando maior relevo a estes instrumentos para que possam motivar de forma expressiva o arranque de mais projetos, e fomentar o crescimento no número de contratações de cada empresa.
O estudo revela ainda que, em 40,5% dos casos, o valor de apoio recebido no ano passado não ultrapassou os 100.000€ e apenas 12,8% das empresas inquiridas receberam um incentivo ou benefício superior a 500.000€.
O estudo realizado pela FI Group Portugal, LLYC e ManpowerGroup permitiu ainda tecer conclusões acerca dos perfis mais procurados por parte da amostra de empresas inquiridas, onde se constatou que os perfis mais cobiçados dizem respeito a profissionais das áreas de Engenharia (56,1%) e Tecnologias de Informação (55,6%), perfis onde a competição pela atração e retenção de talento é mais feroz – mais de 75% das empresas declaram ter dificuldades em contratar colaboradores para a área das TIC e pessoal técnico.
Relativamente aos principais obstáculos à contratação destes perfis, as questões salariais e benefícios oferecidos (59,8%), assim como a ausência de perfis adequados para as posições disponíveis (55,6%), são as dificuldades mais apontadas pelo tecido empresarial.