Estudo mostra gap entre a Perceção e a Realidade aos olhos dos portugueses

Imagem de Hebi B. por Pixabay

Estudo da Ipsos evidencia gaps de perceção vs realidade dos portugueses em tempos de pandemia. A pesquisa mostrou que existe uma diferença substancial entre a perceção e a realidade em temas como a taxa de desemprego e o número de divórcios em Portugal. Em contrapartida os portugueses demonstraram estar bem informados relativamente à pandemia e algumas áreas da economia e ambiente.

“Covid-19: Perceções vs Realidade” é o nome do estudo desenvolvido pela Ipsos APEME e pelo “Prémio Cinco Estrelas” que, durante o mês de março, avaliou a perceção dos portugueses sobre um leque variado de temas, comparando-os com a realidade.

Questões demográficas, socioeconómicas, ambientais, de consumo, além das contextuais relativas à pandemia são muitas vezes percebidas de forma diferente da realidade. A taxa de desemprego e o número de divórcios são dois dos temas que os portugueses não dominam, em contraste com todos aqueles relacionados à Covid-19.

Depois de um ano de pandemia, os pesquisadores quiseram avaliar o nível de conhecimento da realidade dos portugueses. Foi assim identificada uma diferença substancial entre a perceção e a realidade em temas como a taxa de desemprego e o número de divórcios em Portugal. Enquanto, na realidade, a taxa de desemprego em Portugal é de 6,8%, a estimativa dos inquiridos aponta para 17%, um gap de +10,2 p.p. face ao valor real. Já a percentagem de divórcios é claramente subestimada, com os entrevistados a acreditarem não passar dos 36% quando, na realidade, se cifra em 61,4% (um gap de -25,4 p.p.).

Quanto ao número de nascimentos, foi detetada alguma incerteza. Apesar de 45% acreditar que a taxa de natalidade diminuiu, em linha com a tendência real (menos 1.908 nascimentos em 2020, face ao ano anterior), há ainda mais de 48% dos inquiridos que acredita que o número de nascimentos aumentou ou manteve-se igual. Assim, cerca de metade dos portugueses têm uma perceção errónea da taxa de natalidade. 

Por outro lado, um grande número sobrestima o aumento do volume de compras online, calculando um aumento dos negócios online em 57%, um valor que fica muito acima da realidade (37%) revelando um gap de +22 p.p. face ao real, possivelmente influenciado pela maior presença do digital e redes sociais.

a taxa de desemprego em Portugal é de 6,8%, mas a estimativa dos inquiridos aponta para 17%

Também o tipo de produtos e serviços mais comprados regista igualmente uma perceção errada, com os entrevistados a declarar que os produtos e serviços mais comprados online seriam as Compras de Supermercado (37%) e as Refeições – takeaway, entrega ao domicílio (30%), quando na verdade, segundo dados do INE, a roupa, calçado e acessórios foram os produtos e serviços mais encomendados.

Todavia, em alguns temas, a perceção está próxima da realidade, com a amostra de inquiridos a revelar um excelente conhecimento de quantos somos e qual o ordenado mínimo nacional em Portugal. A coincidir com a realidade, destaca-se ainda a compreensão dos entrevistados relativamente ao comércio automóvel, hábitos de reciclagem e setor imobiliário. Também em temas relacionados com a pandemia Covid-19 os inquiridos apresentam um forte conhecimento, aproximando-se dos dados reais.

 O estudo “Covid-19: Perceções vs Realidade” foi realizado entre os dias 26 de fevereiro e 10 de março de 2021, a indivíduos com idades entre os 20 e os 75 anos, residentes em Portugal e com acesso à internet. Foram realizadas 600 entrevistas online, tendo sido consideradas, para a efeitos de recolha e representatividade, quotas de sexo e idade, em linha com a distribuição nacional.

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