Ética para empreendedores – a bondade do negócio

A ética gera confiança e ajuda no crescimento dos negócios
Foto: Pixabay

O empreendedor está treinado para ter sobre o mundo um olhar particular, mantendo-se especialmente atento para agarrar todas as oportunidades. Está também habituado a ter de lidar com problemas de financiamento, falta de tempo e muitas outras dificuldades.

Adicionalmente, a actual tendência para criação de startups, que por definição são empresas de crescimento rápido, com modelos de negócio facilmente escaláveis e trabalhando em contexto de incerteza, pode estar a contribuir para aumentar a pressão que os empreendedores sentem para obter resultados.

Não admira portanto que, ao deparar-se com uma oportunidade, o empreendedor possa sentir-se tentado a fazer o que é mais fácil, mais rápido ou mais barato, nem sempre parando para pensar no que é mais ‘correto’.

Mas entre agarrar uma oportunidade e ser um oportunista, vai uma grande distância. Até há não muitos anos, a imagem do empreendedor confundia-se frequentemente com o ‘vendedor de banha da cobra’ que para ganhar algum dinheiro é capaz de quase tudo. Hoje, pelo contrário, o empreendedorismo está na moda e o empreendedor é muitas vezes retratado como uma espécie de herói, corajoso e lutador que, apesar de ser ambicioso, pretende, mais que ganhar muito dinheiro, concretizar um sonho.

A esta evolução não é alheio o movimento de mudança na mentalidade dos empresários que passaram a incorporar no dia-a-dia empresarial palavras como ética, responsabilidade social, sustentabilidade, balanço social ou empresa cidadã. A reacção da opinião pública ao problema da corrupção, o aumento do número de consumidores atentos às políticas sociais e sustentáveis das empresas e a crescente receptividade que as campanhas de protecção ambiental, entre outros factores, têm vindo a conduzir a uma nova visão sobre as questões da ética e dos valores nos negócios.

Mas se a imagem do empreendedor e da empresa, bem como o seu índice de confiança, são de extrema importância para posicionar a empresa face ao mercado, a verdade é que projectar uma imagem politicamente correcta nem sempre é sinónimo de ética.

A ética começa no momento em que o empreendedor encara o negócio com uma atitude de serviço, com a intenção de ganhar a vida fornecendo à comunidade bens ou serviços necessários, e com o sentimento de estar a contribuir para o bem comum. A ética é visível tanto nas grandes quanto nas pequenas decisões e em todas as atitudes de tomamos todos os dias.

entre agarrar uma oportunidade e ser um oportunista, vai uma grande distância

Seguir um código de ética pode ser um estímulo para os colaboradores de uma empresa, constituindo simultaneamente um desafio e uma espécie de guia a consultar sempre que nos encontramos numa situação de dúvida sobre como proceder. Ajuda a distinguir as oportunidades que valem a pena daquelas que têm um preço ético demasiado elevado. Em suma, é um bom negócio.

Ao delinear o seu código de ética, tenha em conta as seguintes dicas e sugestões de boas práticas:

Cultura empresarial

  • Pensar no benefício dos meus clientes, parceiros e investidores antes do meu próprio enriquecimento.
  • Promover um estilo de liderança baseado na colaboração e confiança, e não na imposição.
  • Disponibilizar-me para partilhar a minha própria experiência tanto com colaboradores e parceiros como com as comunidades de empreendedores.
  • Ter a humildade de dizer ‘não sei fazer isto’ e de recorrer a um colega em benefício do sucesso do projecto.
  • Respeitar a privacidade dos meus clientes e parceiros, nunca partilhando informação que lhes diz respeito.
  • Ao contratar, pagar o que é justo e revelar os riscos associados ao projecto.
  • Certificar-se de que o produto ou serviço que entrega tem sempre o máximo nível de qualidade possível.
  • Ser honesto e claro na comunicação dos benefícios do produto ou serviço.

Responsabilidade Social

  • Ter em conta o impacto que a minha empresa e conduta podem ter junto do cliente e sua família, bem como junto da comunidade, no momento de tomar decisões.
  • Pensar numa forma de contribuir para o fortalecimento de laços e para prestar auxílio aos membros mais desfavorecidos da comunidade.
  • Reciclar, partilhar transportes, minimizar as embalagens, reduzir o desperdício e outras práticas que defendem o ambiente.
  • Promover a região e o país, por exemplo usando matérias-primas feitas em Portugal.
  • Pensar em que medida o negócio pode contribuir para resolver um problema de escala local ou global.
  • Pensar em como contribuir para outras organizações que estejam a resolver problemas da comunidade ou globais.

Educação e Cortesia

  • Respeitar todos os compromissos.
  • Tratar colegas e colaboradores com respeito e simpatia.
  • Ser pontual. O tempo dos outros é tão valioso como o nosso.
  • Retornar sempre telefonemas ou mensagens, mesmo os que não são prioritários.
  • Desenvolver uma atitude de humildade, escuta e colaboração com todos os intervenientes do projecto.

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