Europa: Atraso na vacinação pode custar €90 mil milhões

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O atraso de cinco semanas no plano de vacinação para imunizar a população contra o SARS-CoV-2 pode custar ao conjunto dos governos europeus cerca de €90 mil milhões, se o ritmo do processo não acelerar, estima a Euler Hermes, líder mundial em seguro de créditos.

De acordo com o estudo “Vaccination delay to cost Europe EUR90bn in 2021”, para alcançar o objetivo da Comissão Europeia de vacinar 70% da população adulta até ao verão de 2021, o processo terá de ser seis vezes mais rápido do que até agora. À velocidade atual, só será possível atingir a imunidade de grupo no final de 2022. Na Dinamarca, por exemplo, apenas 5% da população recebeu pelo menos uma dose da vacina. Estes valores contrastam com os 14,4% registados no Reino Unido e os 9,4% registados nos Estados Unidos da América.

Até ao momento, os custos acumulados durante estas cinco semanas de atraso já superaram o equivalente ao total de €50 mil milhões do Fundo de Recuperação da União Europeia para 2021. A vacinação, explicam os economistas, é a chave da recuperação económica. Assim, antecipa-se “um primeiro trimestre negro”, ainda marcado por elevadas restrições à atividade das economias e por uma corrida à vacinação, e, logo, pela recessão, devido ao agravamento da situação sanitária, especialmente na Europa e na América Latina. Os efeitos da vacinação da população mundial contra a Covid-19 só terão repercussão significativa na economia na segunda metade do ano. Cada semana de restrições à economia pesa -0,4 pontos percentuais no crescimento trimestral do PIB.

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Portugal: insolvências a subir 23% em 2021

De acordo com a análise recentemente divulgada por Ludovic Subran, economista-chefe da Allianz e Euler Hermes, no encontro anual de Mediadores COSEC, durante os primeiros três meses do ano Portugal irá registar uma quebra de -5,2% do PIB nacional. No entanto, nos dois trimestres seguintes a tendência deverá inverter-se, com a economia a crescer 3,9% no segundo trimestre e 5,5% no terceiro.

Neste evento, que juntou os Parceiros de Negócio da COSEC numa sessão de balanço do ano e estratégia de 2021, Ludovic Subran destacou que Portugal irá assistir a um aumento no número de insolvências, depois de, no último ano, estas se terem mantido constantes devido às medidas extraordinárias de apoio à economia. Ludovic Subran prevê que, em 2021, se registe um aumento de 23% (em linha com o número global) e de 11% em 2022. Nos destinos para os quais Portugal exporta (com Espanha, França, Alemanha e Reino Unido entre os mais preponderantes), a evolução deverá ser idêntica. No último ano, registou-se uma descida de 7%, mas já neste ano o aumento será muito significativo, de 23%. Em 2022, o aumento deverá ser menos acentuado, 14%.

Maioria dos setores ‘no vermelho’

De acordo com o acionista da COSEC, existem, nas economias europeias, vários setores que apresentam um risco elevado ou relevante. É o caso, por exemplo, dos fornecedores do setor automóvel, dos transportes, dos têxteis. Em Portugal, o setor têxtil é o que representa um risco mais elevado. À escala europeia, a indústria farmacêutica destaca-se como exceção, apresentando, na generalidade dos países (Portugal incluído), um risco baixo.

Mesmo num cenário de retoma à escala global, a recuperação não será uniforme entre setores. Enquanto o setor da alimentação e o farmacêutico não sofreram alterações a nível global, o transporte aéreo e o retalho não alimentar só deverão conseguir recuperar da crise em 2023. Setores como a construção, a eletrónica e as telecomunicações deverão conseguir retomar a atividade normal já em 2021. Em 2022, espera-se uma recuperação dos setores energético, têxtil, de equipamentos domésticos e restaurantes, entre outros. 

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