51% dos pedidos para remodelação de casas ficam sem resposta. Segundo uma pesquisa da plataforma Fixando a crescente procura de profissionais nesta área vai ter reflexos nos preços, com um aumento estimado de 9% no 3º trimestre de 2022.
Os profissionais de remodelações e reparações de casas não conseguem dar resposta a cerca de metade (45%) dos pedidos dos portugueses. Um estudo da Fixando, que analisou mais de 160 mil pedidos na plataforma de serviços de profissionais liberais, alerta para a falta de mão-de-obra neste setor de atividade a par de um aumento dos preços praticados, na ordem dos 9%, no terceiro trimestre do ano.
“Este paradigma é causado por dois importantes fatores: por um lado, a escassez de especialistas qualificados nestas áreas, derivada da falta de incentivos à formação profissional e, por outro lado, do aumento da procura que se verifica num cenário pós-pandemia, devido ao adiamento de projetos durante os períodos de confinamento”, explica Alice Nunes, diretora de novos negócios da Fixando.
Entre o primeiro e o segundo trimestre de 2022, registou-se um aumento de 8% nos preços praticados no setor das remodelações, e a mesma responsável aponta que, para além da pouca mão-de-obra disponível, a escassez e aumento do preço das matérias-primas e os atrasos na entrega de materiais contribuíram para esta situação.
Diversas áreas registaram aumentos de preços mais acentuados, evidenciando-se os serviços de eletricidade (+9%) e construção (14%), com a fixando a alertar para um aumento na ordem dos 9% no terceiro trimestre, devido à inflação e à sazonalidade, que diminui a oferta e aumenta a procura durante o período de férias.
A Fixando estima que os especialistas em atividades relacionadas com remodelações e reconstrução, inscritos na app ultrapassem os €5M de faturação no terceiro trimestre do ano, um valor que não se registava desde 2020, e que confirma a tendência de aumento da procura por estes serviços.
Falta de mão-de-obra preocupa setor
Quase metade (49%) dos especialistas inquiridos pela fixando afirma que a falta de mão-de-obra está a afetar o seu negócio, pois a dificuldade em contratar pessoas qualificadas para trabalhar acaba por impossibilitar o cumprimento de prazos ou mesmo o cancelamento de serviços. Dos especialistas entrevistados, 32% assume ter que recusar serviços devido a este problema, o que acaba por causar quebras nos lucros a 67% destes negócios.
Entre os principais motivos apontados para a escassez de mão-de-obra no setor estão a falta de profissionais com qualificações (55%), os ganhos reduzidos (44%) e as condições de trabalho pouco apelativas (24%).
No que toca à escassez de matérias-primas, esta afeta 44% dos negócios, e as principais consequências apontadas pelos profissionais são o aumento de preços para o consumidor final (50%), a diminuição da percentagem de lucro (48%), a recusa de trabalhos (21%) e o adiamento no início ou conclusão dos trabalhos (11%).
Alice Nunes refere que as soluções apontadas pelo setor para estes problemas passam por “melhores salários, aposta em formação e qualificação de pessoas nestas áreas e reduzir a dependência de fornecedores externos no que toca às matérias-primas, privilegiando a produção nacional”.