A confiança dos portugueses nas temáticas de empreendedorismo está em alta, com valores superiores à média europeia e global. Segundo o estudo AGER, realizado em 44 países, são as dificuldades financeiras que acabam por condicionar a decisão de empreender, com apenas 35% dos portugueses dispostos a correr o risco de o fazer.
O 8º estudo AGER (Amway Global Entrepreunership Report), um relatório anual realizado pela Amway, empresa líder mundial no setor de venda direta, em colaboração com a Escola de Negócios da Universidade Técnica de Munique e a empresa de estudos de mercado Gfk, que foca as principais tendências empreendedoras a nível global e em detalhe, os resultados obtidos em Portugal.
Este ano, sob o tema “O que Impulsiona o Espírito Empreendedor”, os fatores externos e internos que podem ser benéficos ou prejudiciais na criação de um negócio próprio, estiveram em análise por mais de 48 mil pessoas que participaram no estudo.
O resultado mais surpreendente do relatório é a atitude dos portugueses perante o empreendedorismo, o desejo de empreender – com 56% a demonstrarem essa vontade, mais 11% que o registado no último relatório. A confiança para empreender teve também um significativo aumento de dez pontos percentuais, registando 49% este ano. Além disso, 53% dos portugueses assumem também que não permitem que as suas relações sociais os demovam dos objetivos empreendedores.
Quando comparados com a média mundial e até europeia, os valores obtidos em Portugal são bastante significativos. A média mundial em relação ao desejo para empreender foi de 49% e a europeia de 41%, enquanto a confiança para o fazer, globalmente os valores foram de 43% e a nível europeu, a percentagem foi de 37%.
56% dos portugueses manifestaram vontade em empreender. A média mundial em relação ao desejo para empreender foi de 49% e a europeia de 41%.
Estas percentagens registadas pelos portugueses resultam de uma pontuação única obtida através do Índice do Espírito Empreendedor Amway (AESI), uma métrica desenvolvida pela empresa, pelo terceiro ano consecutivo, e que este ano demonstra as alterações positivas no comportamento e espírito dos portugueses.
A métrica AESI baseia-se na “Teoria do Comportamento Planeado” de Icek Azien, e mede três variáveis que influenciam a intenção de uma pessoa para iniciar um negócio: Desejo (pela realização das próprias ideias), Viabilidade (relacionada com formação e competências necessárias para iniciar um negócio) e Estabilidade (pressão social, da família e/ou amigos). A média que Portugal obteve no AESI foi de 53 pontos em 100 (mais sete pontos que no ano transato) um valor superior face à média global (47 pontos) e europeia (42 pontos). Esta análise é efetuada pela média de respostas em cada um dos pilares – Desejo, Viabilidade, Estabilidade – e numa escala de 0 a 100.
Rui Baptista, orientador científico do Amway Global Entrepreneurship Report em Portugal e professor catedrático responsável pelo Departamento de Engenharia e Gestão do Instituto Superior Técnico, afirma que “o crescimento que este ano se verificou nas intenções empreendedoras dos portugueses e na sua confiança, comparativamente a outros países da Europa, é particularmente notável tendo em conta que ainda no ano passado os mesmos valores estavam significativamente abaixo da média Europeia. Os resultados do relatório AGER 2018 refletem, mais do que uma melhoria da situação económico-financeira, um maior otimismo dos Portugueses quanto ao horizonte socioeconómico de médio prazo e às suas próprias capacidades para empreender. As três variáveis da métrica AESI tiveram uma pontuação mais alta que a média global e europeia, e é notório que os Portugueses de ambos os sexos se sentem mais motivados para empreender e criar projetos que contribuam para desenvolvimento económico do país”.
O meio envolvente empresarial impulsiona a criação de negócio?
Em análise no estudo deste ano esteve o facto de o meio envolvente impulsionar ou não a criação de negócio. E a maioria dos portugueses deu destaque a duas situações relacionadas com a disponibilidade de informação e ferramentas: 52% consideram que existem meios tecnológicos que proporcionam iniciativas de empreendedorismo com maior facilidade, e ainda que o sistema educacional já fornece ferramentas necessárias para o fazerem, com um registo de 43%. No que respeita a regulamentos e legislação, apenas 26% assumem que o que está em prática é de fácil compreensão para quem pretende empreender, registando-se esta opção na terceira posição.
os portugueses assumem que uma das maiores dificuldades que sentem na criação de um negócio está ligada a questões relacionadas com impostos e regulamentação
Comparativamente com os resultados obtidos a nível mundial e europeu, o ranking não é muito diferente nas duas primeiras opções de resposta por parte dos inquiridos, apenas ligeiras diferenças percentuais foram observadas; a disponibilidade tecnológica registou globalmente 48% e na Europa, uma percentagem de 44%. Quanto ao sistema educacional disponível, a média mundial é de 40% e a europeia de 36%. Já as percentagens obtidas na terceira posição diferem bastante, o mundo e a Europa consideram que a situação económica local é atualmente benéfica com 36% e 29% dos inquiridos a escolher esta opção, mas em Portugal esta escolha recai para 5º lugar com apenas 15% dos participantes a valorizar este tópico no inquérito. Na 4ª posição, os portugueses assumem que uma das maiores dificuldades que sentem na criação de um negócio está ligada a questões relacionadas com impostos e regulamentação, com uma significativa percentagem de 84% a assumir que é uma situação de difícil gestão.
O apoio social é relevante para quem procura empreender?
A maioria dos inquiridos reconhece que tem o apoio da família e amigos ao manifestar interesse em criar o seu próprio negócio e esta foi a resposta mais registada, com 60% a assumirem essa importância. Compromisso e sacrifício, colocando de lado o tempo livre para se dedicarem ao negócio registou também um significativo número de respostas, com 54%. Quando questionados sobre o facto de se imaginarem a empreender, 44% assumem que têm capacidade para desenvolver ideias de negócio e apenas 35% estão dispostos a correr o risco de falhar. Além destes dados, uma das mais relevantes conclusões deste ponto de análise é o acesso a financiamento, apenas 33% dos inquiridos sabem como adquirir incentivos para ajudar a desenvolver o seu negócio.
Compromisso e sacrifício são as qualidades mais valorizada pelos empreendedores portugueses.
Comparando com a média global e europeia registada no relatório, o ranking mantém-se, mas com ligeiras diferenças: em primeiro é também apontada a importância do apoio social, com 64% de respostas a nível global e 62% a nível europeu. De seguida, compromisso e sacrifício registou 57% global e 53% na Europa. Já em relação aos dados registados sobre o facto de se correrem riscos ao empreender e ao desenvolvimento de ideias de negócio, as respostas a nível global e europeu foram diferentes. Curiosamente, 52% (média global) e 47% (média europeia) dos inquiridos assumem ter capacidade para desenvolver ideias de negócio, mas Portugal obteve apenas 44%. Já em relação ao risco, também têm menos receio de falhar que os portugueses, visto que no mundo, 47% e na europa, 41%, assumem que estão dispostos a arriscar, números bastante superiores aos 35% nacionais.
Em que áreas os portugueses necessitam de mais apoio para desenvolver um negócio?
A resposta que maior destaque obteve no Amway Global Entrepreneurship Report em relação às áreas de apoio foi com 34% dos portugueses a assumirem que é no financiamento que mais carecem de auxílio. A nível mundial esta necessidade não foi tão notória, apenas 23% da população mundial e europeia assumiram essa carência. Na segunda posição está a implementação da ideia, ou seja, como se deve desenvolver um negócio. Portugal registou 18% de respostas, enquanto a média mundial e europeia é inferior e exatamente a mesma, de 13%.
As questões relacionadas com marketing, identificação de target e estratégia de comunicação seguem identificadas como a terceira necessidade para os portugueses, com 17% das respostas, seguida das necessidades administrativas (apoio nas áreas de finanças e impostos) e das carências que se poderão verificar nos recursos humanos, ambas com 12%.
Quanto aos participantes a nível global, foi destacado em segundo lugar a necessidade de apoio nas áreas administrativas (20%) e do marketing (18%). Já na Europa, a maior carência de apoio prende-se ao nível administrativo, com 24%, já as necessidades de marketing registaram 15% das respostas.
O AGER – Amway Global Entrepreneurship Report (Relatório Global de Empreendedorismo da Amway) foi realizado pela empresa de estudos de mercado, Gfk Alemanha, com a parceria da Escola de Negócios da Universidade Técnica de Munique, Alemanha e financiado pela Amway. O inquérito decorreu nos meses de Abril – Maio 2017, com um universo de 48.998 homens e mulheres de idades compreendidas entre os 14 e os 99 anos, contatados através de entrevistas presenciais e telefónicas em 44 países (Alemanha, Áustria, Bélgica, Brasil, Bulgária, Canadá, China, Colômbia, Coreia, Croácia, Dinamarca, Eslováquia, Eslovênia, Espanha, Estados Unidos, Estónia, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Índia, Irlanda, Itália, Japão, Letónia, Lituânia, Malásia, México, Noruega, Holanda, Polónia, Portugal, Reino Unido, República Checa, Roménia, Rússia, África do Sul, Suécia, Suíça, Taiwan, Tailândia, Turquia, Ucrânia, Vietname).