Qual é o seu propósito?nTem de existir um motivo válido e forte, que tem de vir de dentro para fora, e nunca ao contrário. O livro não é nosso, é para as pessoas. O propósito é nosso, mas é para ser partilhado com o exterior. Eu não o encontrei logo, demorei tempo – 1 ou 2 anos – mas encontrei-o. Posso dizer que foi um processo de reflexão inconsciente. Não façam um livro a pensar que irão fazer dinheiro, não me parece um bom propósito, se o livro for bom para os outros, o resultado financeiro, bem como o reconhecimento, será sempre uma consequência.
Sabe escrever?nEra uma dúvida que persistia no meu consciente. Fui muito ao meu passado, inclusive escolar, para perceber se tinha aptidão e também prazer em escrever. Comecei a ensaiar escrevendo artigos e desenvolvendo o pensamento através da escrita. Fui eu que escrevi o meu livro, mas é claro que existem sempre os revisores de texto que antes da edição o vão corrigir, no entanto, o conteúdo e o estilo terá de ser nosso. Existe sempre a possibilidade de recorrer a um escritor-fantasma ou ghost writer em inglês, mas se o fizerem, o livro nunca será verdadeiramente vosso. Nunca serão vocês que estarão espelhados nas páginas, nunca terão o gozo de o escrever e posteriormente, de o ler, em suma, não será autenticamente vosso. Por isso, mesmo não sabendo escrever, é crucial que o faça e que posteriormente peça um apoio editorial no sentido de melhorar o discurso, mas nunca o seu conteúdo.
Para quem vai escrever? nNão basta ter um propósito e saber escrever, tem de fazer a sua pesquisa, o seu benchmarking, ou seja, tem de saber se o seu tema é relevante – e se for, para quem? – e pesquisar o que já se escreveu sobre o assunto e o que ainda pode ser dito que contribua verdadeiramente para o seu ponto de vista. Terá de definir muito bem quem é, e onde está o seu mercado, qual a sua dimensão e se o que escreve é relevante e diferenciador para essas pessoas. Volto a referir que um livro não deve ser um ato isolado ou de egocentrismo, mas deve ser dirigido para os outros e não apenas para quem o escreve. Por isso tenha em atenção tem de ter um mercado, os outros terão de existir.
Está disposto a investir em Marketing e Imagem? nNão se pode apenas ser, mas sobretudo será fundamental parecer. Eu investi muito na imagem do livro, na qualidade dos materiais, na fotografia e na ilustração. Tudo foi pensado de forma cuidada e coesa com um bom aconselhamento editorial. Apostei igualmente no marketing pessoal. Desde cedo, percebi que as pessoas querem saber quem escreve e não apenas a forma como escreve. Muito importante é a congruência daquilo que somos na escrita e nas ideias que transmitimos, com aquilo que aparentamos visualmente e também verbalmente, pois inevitavelmente teremos de falar, teremos de comunicar.
Sabe o que envolve o esforço da distribuição? nNa primeira edição, vendi 1000 livros em 4 meses (neste momento já vou na 3ª edição). O meu livro é uma edição de autor, por isso tudo é feito de forma independente. Claro que tenho pessoas que me ajudaram e fazem parte do meu projeto, mas as decisões são minhas, tal como o esforço. Mas tenho uma vantagem: tal como o livro, também o lucro é meu.
Devo desde já dizer que a distribuição não é fácil quando estamos sozinhos, mas dá muita satisfação ver os livros a serem vendidos a cada dia que passa, temos a real noção do seu sucesso. Para que a distribuição funcione, há que planear os lançamentos, e não apenas nas cidades mais importantes. Temos de estar dispostos a percorrer o país para divulgar e garantir o sucesso aceitação e distribuição. Quando faço palestras, formação ou workshops o meu livro está sempre presente. Viajo com a mala do carro preparada para comunicar e distribuir o meu livro! Também o canal online é essencial para promoção, as redes sociais são meios fantásticos para divulgar e principalmente comunicar e interagir com o seu público, mas antes de mais, é importante verificar se o seu público esta realmente nas redes sociais.n nVai conseguir manter o seu livro no topo? nSempre ouvi dizer que o difícil não é chegar ao topo, mas sim manter-se no topo. Para me manter no topo aprendi que não se pode parar. Fazer é a palavra de ordem, continuar a fazer, é a regra. Deve gerir o seu livro como uma marca que nunca mais acaba. Acredite nele, explore novos mercados, divulgue-o de formas criativas, crie discussões à volta dele, atualize-o e continue a acreditar. Aplique o marketing de manutenção, desse modo já não vai percorrer o país de lés-a-lés, mas vai ter de continuar a estar presente, o canal online será uma ajuda preciosa. Responda sempre aos seus leitores e fãs, são eles quem o vão manter no topo. Não se preocupe se as vendas não tiverem a mesma performance, é normal que haja uma descida quando o produto entra em velocidade cruzeiro, o que importa é continuar a vender.
Como vê o seu futuro e evolução? nAtravés do canal online – e não só – cheguei a outros países de forma tímida e sempre experimentado, ou seja, fazendo. Não é fácil, mas depois de muita insistência e tentativas começo a ter frutos, ou seja, começo a ter perspetivas de edição fora do país. Outra estratégia da evolução futura que estou a aplicar é a continuidade. Tal como acontece com muitos autores, os meus leitores querem mais, querem uma evolução. Como o meu propósito continua claro, eu continuo a querer escrever, por isso, o meu segundo livro estará em breve editado, mas sempre seguindo uma premissa muito importante, será sempre uma evolução do primeiro, e não apenas uma substituição. Tal como Carlos Coelho* disse, vou ‘contar uma história muito sedutora que nunca acaba e que continua no dia seguinte’.
*Carlos Coelho: Uma das grandes referências portuguesas no domínio da construção e gestão de marcas. Ao longo de 20 anos, conduziu centenas de projetos de algumas das marcas mais relevantes em Portugal. É autor do livro ‘Portugal Genial” e co-autor do livro ‘Brand Taboos‘. É professor, colunista, comentador de televisão e colaborador de inúmeras publicações nacionais e estrangeiras.