Francesco La Camera: “Planeamento Energético é a Chave para Impulsionar Investimentos no Sul Global”

Planeamento energético é essencial para atrair investimentos em uma transição energética justa no Sul Global, defende o diretor-geral da Agência Internacional de Energias Renováveis

Na foto: Francesco La Camera, Diretor-Geral da Agência Internacional de Energia Renovável (IRENA)

Relatórios recentes da Agência Internacional de Energias Renováveis (IRENA), encomendados pela presidência brasileira do G20, sublinham o papel crucial do planeamento energético para desbloquear oportunidades de investimento em mercados emergentes e economias em desenvolvimento. Os relatórios destacam a importância da redução de riscos e da alavancagem de finanças públicas para aumentar os investimentos necessários para uma transição energética justa e inclusiva no Sul Global.

Os mercados emergentes e as economias em desenvolvimento (EMDEs) enfrentam uma disparidade significativa nos investimentos energéticos em comparação com as economias avançadas. Em 2023, enquanto os investimentos globais relacionados à transição energética ultrapassaram os 2 biliões de dólares (trilhões), apenas 10% desse montante foi direcionado para os EMDEs, excluindo grandes economias como a China, Índia e Brasil.

Francesco La Camera, Diretor Geral da IRENA, salientou a necessidade urgente de aumentar os investimentos nestas regiões: “O aumento dos investimentos em regiões e países do Sul Global não será possível sem capital internacional e nacional de fontes públicas e privadas, a custos acessíveis. Uma estrutura robusta de planeamento energético é uma pré-condição para a mobilização bem-sucedida de financiamento.”

Além disso, os relatórios sublinham o papel essencial dos bancos de desenvolvimento e de uma colaboração eficaz entre instituições financeiras internacionais e governos nacionais. O planeamento energético nacional forte, como demonstrado pelo Brasil em colaboração com o Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), pode atrair capital privado e ajudar a reduzir os custos de capital, enfrentando barreiras como instabilidade política, integração deficiente de redes elétricas e volatilidade cambial.

A IRENA também reforçou a importância de uma “Coalizão Global para o Planeamento Energético”, proposta pela presidência brasileira do G20, como uma plataforma estratégica para fortalecer os esforços de transição energética em todo o mundo.

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