Todos sabemos que a língua portuguesa é bastante rica, no entanto, numa linguagem empresarial, não é comum usar a palavra Companhia, todos dizemos empresa. Afinal, uma é sinónimo da outra, contudo, a diferença existe e é bem visível. Para as destrinçar recorro à definição em inglês, que me ajuda a explicar melhor a minha preferência e utilização na EAD.
“Enterprise: an organization, especially a business, or a difficult and important plan, especially one that will earn money” (in https://dictionary.cambridge.org/).
“A company, abbreviated as “co.”, is a legal entity made up of an association of people, be they natural, legal, or a mixture of both, for carrying on a commercial or industrial enterprise. Company members share a common purpose, and unite in order to focus their various talents and organize their collectively available skills or resources to achieve specific, declared goals.” (in wikipédia).
Isto é: uma Empresa é uma organização, nomeadamente um negócio, uma atividade de produção ou de prestação de um serviço, com um plano de negócios, sendo o mesmo importante, especificamente um que faça dinheiro.
Já uma Companhia é uma empresa, abreviada como “co.”, uma entidade legal constituída por uma associação de pessoas, individuais, legais ou uma mistura de ambas, para realizar um empreendimento comercial ou industrial. Os seus membros compartilham um propósito comum e unem-se para concentrar os seus vários talentos e organizar as suas habilidades ou recursos para atingir metas específicas.
Uma “Empresa” é um negócio; uma “Companhia” é uma associação de pessoas que se juntam para realizar um propósito industrial ou comercial comum
Fica, assim, claro que o conceito de Companhia é manifestamente muito mais rico, pertinente e pleno de significado. Então, por que razão todos falamos em Empresas? Bem sei que na base destas duas definições está o objetivo de vender bens ou serviços e gerar lucro. Porém, onde ficam as pessoas, os objetivos comuns, os valores e o empreendedorismo?
Quando uma startup é fundada, não será muito mais rico para o seu ADN usar a palavra ou expressão: “a nossa Companhia é, ou faz”? No limite, ou constrói uma empresa ou constrói uma Companhia com pessoas!
Dar os primeiros passos rumo ao empreendedorismo é algo que cada vez mais os portugueses fazem e é como abrir uma nova porta no caminho para uma completa independência financeira. Contudo, se quer uma estrutura sólida, coesa e duradoura – chega de negócios a abrirem hoje e fecharem amanhã! – Pense bem: quer abrir uma Empresa ou criar uma Companhia?
Se optar pela primeira opção, vai criar uma empresa à semelhança do que fez Steve Jobs: um empreendedor solitário que não quer ninguém ao seu lado, com uma empresa que em tudo dependia dele. A sua visão é o motor da empresa, é o seu espelho, com as suas forças e fraquezas. O seu único objetivo era o lucro, num edifício frio, desprovido de interação e de calor humano. Aliás, Steve Jobs nunca foi um bom líder de grupo e não conseguiu conquistar a empatia da sua equipa. Era um visionário, um génio, mas era único e muito centrado nele próprio para perceber o quanto chocava as pessoas com as suas palavras duras e a insistência em manipulá-las.
Jobs só entendeu realmente onde estava o seu talento maior ao retornar à Apple com o objetivo de salvá-la de uma provável falência, 11 anos depois da sua saída traumática. Naquele momento, maduro, ele já sabia que o seu papel era o de guiar a empresa e não as pessoas. Ele tinha de liderar a Empresa e não a Companhia.
Outra forma de empreendedorismo é construir uma Companhia, uma “Company” em inglês, que deriva de “companion”, de “acompanny”.
Em português, a definição não diverge: remete-nos para companheirismo, companheiro, acompanhar, fazer companhia ou estar na companhia de alguém. É por isso que é preferível usar a palavra Companhia em detrimento de empresa quando falamos em negócios de sucesso.
Empreender numa Companhia significa estar perto de alguém, ter alguém ao lado. Ter, enfim, companhia para superar os obstáculos e as intempéries do caminho empresarial. Ter sócio(s) com quem conversar, discutir estratégias, partilhar dúvidas, pedir ajuda, para que possam complementar-se e assim tornar o empreendimento mais forte e independente.
Se dúvidas houvesse, na EAD somos uma Companhia, a sua, a nossa!