Gestores europeus ainda não estão preparados para o “digital”

Os líderes das empresas europeias estão a dar os primeiros passos na transformação digital, mas os níveis de adoção divergem de país para país, de acordo com o estudo realizado pela Oxford Economics e apoiado pela SAP.

Os resultados do estudo Leaders 2020 têm por base as opiniões de mais de quatro mil executivos e colaboradores de 21 países. Ao analisarem vários recursos e práticas comuns nas empresas com um desempenho sólido e acentuado, a Oxford Economics e a SAP identificaram um grupo de organizações que ganham valor com a economia digital.

O grupo com uma posição mais sólida na economia digital, que os autores do estudo designaram ‘Vencedores Digitais’ (Digital Winners), corresponde a 16% da totalidade das empresas inquiridas em todo o mundo.

No entanto, ao se examinar os ‘Vencedores Digitais’ na Europa, constatou-se que a liderança digital varia bastante de país para país, com a Alemanha (41%) e Espanha (22%) a superarem a média global, enquanto a França (15%), Rússia (3%) e Reino Unido (1%) têm um numero reduzido de empresas bem-sucedidas na nova economia.

‘O nosso estudo revelou que bastantes executivos, na Europa e noutras regiões do mundo, ainda não estão preparados para liderar com sucesso na era digital afirmou Mike Ettling, presidente da SAP SuccessFactors. ‘A digitalização tem trazido enormes mudanças para a força e local de trabalho e implica a transformação rápida das empresas’ sublinhou o responsável pelo estudo destacando que há uma oportunidade substancial para os líderes em toda a Europa adotarem esta noção de foco e conexão digital.

‘Como líderes, devemos criar um ambiente onde as pessoas possam prosperar, permitindo-lhes tomar decisões rápidas baseadas em dados, reduzindo a complexidade e a burocracia, ao mesmo tempo que abraçam a diversidade e a inclusão. O digital não significa apenas adotar tecnologia, mas sim como criar uma cultura de inovação, onde os resultados exponenciais não são apenas possíveis, mas exigidos’, frisou Mike Ettling.

De acordo com o estudo, os ‘Vencedores Digitais’ têm uma maior propensão para aumentarem a diversidade na força de trabalho ao nível do quadro médio de gestão e revelam uma proporção ligeiramente maior de colaboradores do género feminino que outras empresas.

Na Europa, e na maioria das empresas, os níveis de diversidade não estão onde deveriam estar, mas são mais elevados nas empresas com uma liderança executiva de nível superior e forte desempenho financeiro. A média mundial dos ‘Vencedores Digitais’ que reportaram programas efetivos de diversidade foi de 39%, comparativamente com os 36% de todas as empresas em França, 33% na Rússia, 32% na Alemanha, 30% no Reino Unido e 23% em Espanha.

As empresas mais adaptadas a economia digital têm executivos mais jovens (millennials) Porém quase todas as empresas europeias relataram uma proporção menor de executivos mais jovens comparativamente à média global. Enquanto a Rússia reportou uma percentagem mais elevada de gestores jovens em posições de liderança (33% versus 17% a nível mundial), nos restantes países europeus essa percentagem é inferior: Alemanha (16%), Espanha (6%), Reino Unido (5%) e França (1%) devem incluir nas suas prioridades a atração e o desenvolvimento de líderes millennials – incluindo-os também na tomada de decisão – para acelerar a transformação digital.

Os líderes de geração millennial a nível mundial são mais pessimistas que os outros executivos acerca da preparação digital da sua organização. Os executivos mais jovens classificaram as competências de liderança digital da sua organização entre 15 e 23 pontos percentuais mais abaixo que os executivos não millennials, numa variedade de atributos, incluindo facilidade de colaboração, gestão da diversidade, feedback e o desincentivo de mais burocracia.

As empresas que estão entre os ‘Vencedores Digitais’ também envolvem e desenvolvem os seus colaboradores

Os colaboradores que trabalham em empresas com uma liderança progressista estão mais satisfeitos e comprometidos – e menos dispostos a saírem para uma nova posição, de acordo com o estudo. Enquanto o Reino Unido (91%) e a Alemanha (87%) se comparam favoravelmente aos ‘Vencedores Digitais’ a nível mundial, em que 87% dos colaboradores estão satisfeitos ou muito satisfeitos com o trabalho, a França (76%), Espanha (64%) e Rússia (32%) ficam claramente abaixo da média mundial.

Além disso, enquanto o Reino Unido (80%) e a Alemanha (77%) bateram novamente os ‘Vencedores Digitais’ em todo o mundo, em que 75% dos colaboradores optariam por não deixar a empresa se oferecido outro emprego; França (72%), Espanha (56%) e Rússia (32%) ficariam a ganhar com uma melhor liderança digital.n nMundialmente, 78% dos ‘Vencedores Digitais’ tomam decisões que são conduzidas por dados, em comparação com os 55% em todas as empresas. Enquanto alguns países europeus superaram os seus pares nesta categoria, incluindo a Alemanha (72%) e França (55%), a maioria das empresas europeias concordam com a necessidade da gestão em melhorar as competências de tomada de decisão.

‘A desconexão com os executivos millennials é um sinal crítico de alerta para os líderes seniores e um dos que levanta outras preocupações suscitadas pelo estudo,’ disse Edward Cone, diretor adjunto do Thought Leadership na Oxford Economics. ‘O futuro está a bater à porta e ignorá-lo é perigoso para qualquer empresa.’

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