Para Gonçalo Sardinha, a Índia foi uma passagem em busca de uma nova vida, depois de deixar o seu emprego. De regresso a Portugal, arregaçou as mangas e criou a sua empresa. Seis anos depois, a Iswari tem clientes em 18 países e é líder de mercado na área dos ‘superalimentos’.
A Iswari é uma marca portuguesa especializada em ‘superalimentos’, produtos alimentares de elevado teor em micronutrientes como vitaminas lipossolúveis e hidrossolúveis, sais minerais e outros elementos considerados benéficos para a saúde. A ideia para o negócio, surgiu de uma mudança radical de vida que levou Gonçalo Sardinha a percorrer o mundo em busca de ‘um recomeço’.
‘Em 2005 resolvi mudar radicalmente de vida: deixei o emprego, a casa e viajei com a minha família para a Índia onde ficámos três anos. Durante esse período, vivemos em mosteiros, retribuindo o alojamento e a alimentação com pequenos trabalhos necessários para a comunidade’ explica Gonçalo Sardinha, o diretor-geral da Iswari.
A Índia foi apenas uma passagem, no percurso de preparação para uma nova vida em Portugal ‘um recomeço’ sublinha Gonçalo. ‘Em 2008, samos da Índia rumo a um novo desafio e a uma nova viagem em família: um retiro detox nos Estados Unidos. Passados três meses, regressei a Portugal entusiasmado com uma missão que agora me era muito clara: ensinar aos portugueses uma nova forma de alimentação, novas receitas, novos ingredientes e novas tendências’.
Gonçalo Sardinha começou por dar workshops de culinária vegetariana e de culinária crua com um sucesso e adesão inesperados: em apenas um ano, alcançava mais de 800 pessoas com os seus cursos. ‘Foram exatamente estes ‘clientes’ os maiores responsáveis pelo impulso de criação da marca Iswari pois tinham vontade de adquirir os produtos utilizados nos workshops, mas estes ainda não estavam a ser comercializados em Portugal. Foi então que comecei a criar os primeiros pacotinhos Iswari com design feito no computador de casa e embalamento feito por mim e pelo meu filho’.
O conceito era inovador e o ano de 2010 marcou o arranque oficial da marca, em Portugal e na Irlanda, com um investimento inicial de 50.000 euros. A partir aí, a Iswari foi crescendo e internacionalizando-se, com um crescimento em faturação anual sempre superior a 50%. Em 2016 a marca está presente em 18 países e Gonçalo Sardinha espera terminar o ano com o volume da faturação a rondar os 5 milhões de euros.
O Conceito
Iswari significa ‘deusa’ na língua antiga de sânscrito e é esta deusa que norteia a marca e os seus princípios: Saúde, Sabor e Sabedoria. ‘São estes os valores que orientam todas as atividades da nossa marca, em perfeita comunhão com a natureza que é a sua maior ‘fornecedora’. À natureza a Iswari vai buscar produtos orgânicos, naturais e deliciosos com excelentes propriedades nutricionais que depois são selecionados, combinados e embalados para oferecer uma gama de mais de 50 produtos prontos a consumir’, conta Gonçalo Sardinha. ‘Orgulhamo-nos do nosso crescimento, de sermos atualmente líderes de mercado na área dos ‘superalimentos’, e de sabermos que todos os dias, algures em 18 países deste planeta, alguém está a tomar um produto Iswari, para o seu próprio bem, afirma.
A concorrência nesta área de produtos alimentares não preocupa Gonçalo Sardinha. ‘A concorrência é paradoxalmente um importante parceiro de negócios, pois uma já significativa parte das nossas compras e vendas é feita com alguma da nossa concorrência, o que nos ajuda a cimentar o conhecimento do negócio e até o estudo de eventuais parcerias’.
A Equipa
A empresa cresceu exponencialmente no último ano, conta o diretor-geral da Iswari, porque ‘só agora conseguiu alguma autonomia financeira para dar o salto que merecia. Hoje temos uma equipa muito equilibrada e com os elementos-chave nos diferentes departamentos: diretor financeiro, diretor comercial e de marketing, diretor de desenvolvimento internacional e claro, um diretor de produção’.
A forma como a equipa se juntou também fugiu aos habituais processos de seleção, através de anúncios de emprego e entrevistas. ‘À medida que a empresa foi crescendo, as necessidades foram surgindo e a empresa foi contratando diretamente pessoas com as qualificações pretendidas e que já tinham de alguma forma uma relação com a marca, um contacto próximo com a empresa ou uma ligação pessoal com os seus colaboradores. Acredito que seja por este motivo que ainda hoje mantemos um ambiente familiar na Iswari e que para além de profissionais, temos colaboradores que têm um especial amor à camisola‘.
Se na constituição da equipa a opção foi mais familiar, na procura de financiamento as dificuldades não fugiram à norma. ‘A falta de capital para investir foi a primeira grande dificuldade, uma dificuldade que acredito ser inerente a 99% das empresas. De resto, temos alguma dificuldade em encontrar bons fornecedores, uma questão determinante para uma empresa como a Iswari que depende e exige o máximo de qualidade nos produtos que comercializa. Felizmente com a notoriedade e a reputação que temos vindo a conquistar no mercado, hoje já são os fornecedores que vêm ter connosco. O segredo passa então por fazer uma seleção rigorosa e criteriosa dos nossos fornecedores’ revela Gonçalo Sardinha.
‘Uma dificuldade talvez mais abstrata é a superação do medo. A Iswari tem-nos ensinado a acreditar e a pensar mais longe, por vezes para fora da nossa linha do horizonte. Quem diria que vendemos produtos no Qatar? Quem diria estarmos a pensar no mercado dos EUA? Para mim lidar com o medo foi sempre uns dos maiores desafios na história da Iswari. Felizmente, atualmente somos essencialmente cinco pessoas no Board da empresa e hoje estamos muito unidos nas tomadas de decisão, sublinha o Gonçalo, frisando que ‘a grande dificuldade foi assim superada e este apoio com que agora conto é uma mais-valia sem preço!’