O Google divulga, a partir desta sexta-feira, dados estatísticos sobre os efeitos do confinamento devido ao coronavírus. O estudo, realizado a partir dos dados recolhidos pelos telefones móveis, mostra como as medidas relacionadas com a pandemia estão a afetar a mobilidade das pessoas.
O relatório traça as tendências de movimento, ao longo do tempo em cada região geográfica, distribuídas por diferentes categorias de lugares, como zonas comerciais e recreativas; supermercados e farmácias; parques e praças públicas; estações e meios de transporte; locais de trabalho e zonas residenciais.
Em Portugal, onde está em vigor há duas semanas o Estado de Emergência, a afluência caiu para -53% nos locais de trabalho e aumentou +22% nas residenciais.
Também se registou uma quebra significativa nas zonas comerciais e recreativas (-83%), nas praças e espaços públicos (-80%) e nos meios de transporte (-78%).
Apesar da corrida aos supermercados, que caracterizou os primeiros dias da crise do Covid-19, a afluência às lojas de alimentação e farmácias registou uma redução de -59% face aos valores médios anteriores.
Para realizar este estudo o Google usou dados agregados e anónimos para mapear as tendências de movimento, ao longo de várias semanas, sendo que as informações mais recentes contam com um atraso de 48 a 72 horas.
O Google também decidiu não disponibilizar o número absoluto de visitas e não divulga nenhuma informação pessoal como contacto ou movimentos individuais.
Estudo global
O estudo incide em 131 países e regiões e sempre que possível, segmenta essa pesquisa em áreas geográficas a nível regional. No caso português o estudo, além da media nacional, detalha ainda a afluências nos 18 distritos do continente e nas 2 regiões autónomas.
“Nas próximas semanas, vamos trabalhar para adicionar outros países e regiões, para garantir que esses estudos permaneçam úteis para as autoridades de saúde pública de todo o mundo que procuram proteger as pessoas da disseminação do Covid-19” adiante o blog do Google que divulgou o relatório.
“Por exemplo, essas informações podem ajudar as autoridades a entender mudanças em viagens essenciais que podem moldar recomendações no horário comercial ou informar as ofertas de serviços de entrega. Da mesma forma, visitas persistentes a centros de transporte podem indicar a necessidade de adicionar mais autocarros ou comboios para permitir que as pessoas que precisam viajar se espalhem para facilitar o distanciamento social” acrescenta-se no blog do Google.
Este estudo permite entender não apenas se as pessoas estão viajando, mas também identificar tendências nos destinos e dessa forma ajudar as autoridades a elaborar orientações para proteger a saúde pública e as necessidades essenciais das comunidades.
Em Espanha a afluência às zonas comerciais e recreativas caiu -94%, nos supermercados e farmácias -76% e nos locais de trabalho -64%.
Em Itália, onde o impacto da crise do coronavírus tem sido superior, os numero não são diferentes de Espanha, com uma redução da afluência nas zonas comerciais e recreativas (-97%), nos supermercados e farmácias (-85%) e nos locais de trabalho (63%).
Já no Brasil, as políticas de confinamento têm sido mais tardio e diversas ao nível estadual, e isso tem reflexo na afluência aos locais públicos, ainda assim com uma quebra de -71% nas zonas comerciais e recreativas, -35% nas farmácias e supermercados e -34% nos locais de trabalho. A população brasileira em casa aumentou 17%, um número bastante inferior ao registado nos países europeus.
Estes estudos estarão disponíveis por tempo limitado e destinam-se a ajudar as autoridades de saúde pública no combate à pandemia do novo coronavírus.