Humor dos líderes tem impacto no desempenho das equipas

Foto de Priscilla Du Preez no Unsplash

Estudo da Nova SBE analisa como os estilos de humor dos líderes impactam o ambiente corporativo. Segundo o estudo “Humor na Liderança”, o tema é relevante para as organizações e gestores pois o estilo de humor usado tende a ter um impacto real nos colaboradores, nas relações que desenvolvem com as chefias e no ambiente de trabalho.

O professor e investigador da Nova SBE (Nova School of Business & Economics) Pedro Neves desenvolveu um estudo sobre Humor na Liderança, examinando de que forma os estilos de humor dos líderes impactam as equipas e a forma como estas desenvolvem o seu trabalho.

Entre as conclusões o estudo refere que líderes com um estilo positivo potenciam a confiança dos colaboradores, mantém melhores relacionamentos e reduzem os comportamentos desviantes, ao passo que líderes com um humor negativo destroem a confiança dos colaboradores e prejudicam o desempenho das equipas.

líderes com um humor negativo destroem a confiança dos colaboradores e prejudicam o desempenho

O investigador Pedro Neves refere que “um dos temas que sempre me fascinou é o uso do humor como ferramenta de gestão. Embora há alguns anos pudesse ser visto como um tema estranho (haverá espaço para o humor nas organizações sérias?), hoje em dia algumas das empresas mais bem-sucedidas utilizam-no como parte de seu ADN. No entanto, ainda existem várias questões sem resposta, nomeadamente sobre como funciona o humor do líder e para quem é mais benéfico ou prejudicial”.

Como ponto de partida para este estudo, o investigador da Nova SBE, procurou analisar se os estilos de humor do líder positivo (filiador e que brinca consigo próprio) ajudam a criar confiança no supervisor, com consequências para o desempenho, tendo o efeito oposto para os estilos de humor negativo (agressivo e auto-destruidor).

O raciocínio subjacente é que o humor positivo sinaliza confiabilidade e desperta o desejo de retribuir o tratamento positivo na mesma moeda, seja melhorando o trabalho ou evitando envolver-se em comportamentos destrutivos dirigidos à organização.

Por outro lado, o humor negativo sinaliza que o líder carece de autoconfiança e não se preocupa com o bem-estar dos outros e desencadeia comportamentos desviantes, bem como desempenho inferior como resposta.

Outra suposição que a equipa de investigação testou foi a ideia de que o humor pode ser mais importante – seja positiva ou negativamente – para algumas pessoas do que para outras.

Foto de Jason Goodman no Unsplash

“Previmos que a auto-imagem dos subordinados desempenharia um papel importante nesta equação, pois tornaria alguns indivíduos mais abertos aos benefícios do humor e outros mais vulneráveis às consequências prejudiciais de um mau uso do humor”, explica Pedro Neves.

“Examinámos por isso as autoavaliações centrais, isto é, se os indivíduos têm níveis mais elevados de autoestima e autoeficácia, níveis mais baixos de neuroticíssimo e um locus interno de controlo, como um reflexo dessa auto-imagem positiva”.

Os resultados da investigação apoiaram amplamente as hipóteses iniciais, demonstrando que o humor positivo está positivamente relacionado com a confiança no supervisor, sendo esses efeitos mais fortes para subordinados com uma visão negativa de si mesmos, com consequências positivas para o desempenho individual e para a redução de comportamentos desviantes. Já o humor negativo reduz a confiança no supervisor, independentemente da opinião do subordinado, diminuindo assim o desempenho individual e estando associado a mais comportamentos desviantes.

“O humor do líder positivo ajudará a manter os relacionamentos no local de trabalho e melhora o comportamento dos funcionários, especialmente para indivíduos vulneráveis. Por outro lado é notório que o humor do líder pode ‘sair pela culatra’ se for mal usado”, sublinha Pedro Neves.“Os estilos de humor do líder negativo são prejudiciais, por isso não se trata de ‘usar o humor a todo custo’, mas sim de usá-lo de maneira adequada e ajustada ao contexto”, acrescenta.

Isso significa que as organizações não devem apenas tolerar o humor, mas treinar efetivamente os seus membros – especialmente líderes (em potencial) – para compreender as diferenças entre os estilos de humor e aproveitar os benefícios do humor positivo. “É claro que esse treino só funciona se a cultura da organização também sinalizar que há lugar para o humor”, conclui o investigador.

Para a condução do estudo utilizou-se uma amostra de 514 indivíduos empregados e respetivos supervisores de 19 organizações que operam em diversos setores em Portugal.

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