Cerca de metade dos portugueses que optaram por trocar o seu imóvel atual procuram casas com áreas mais pequenas e valores mais baixos. Uma das principais razões apontadas é a subida das taxas de juro que pressiona, cada vez mais, os orçamentos familiares.
Um estudo da Imovendo inquiriu mais de 800 pessoas que, na primeira semana de abril, utilizaram a imobiliária digital para encontrar propriedades. O inquérito da proptech revelou que 20% dos proprietários que colocaram um imóvel à venda no primeiro trimestre do ano, justificaram a decisão com dificuldades no orçamento familiar devido à inflação e aumento das taxas de juro.
“Muitos proprietários portugueses estão, neste momento, mais focados em garantir que podem pagar o empréstimo à habitação de forma confortável do que comprar a maior ou mais luxuosa propriedade que o orçamento familiar permite”, destaca Miguel Mascarenhas, cofundador da Imovendo, lembrando que “a tendência de pessoas que procuram trocar para casas menores não é nova, mas acentuou-se significativamente neste primeiro trimestre de 2023.”
Apenas 23% dos portugueses que consultaram a Imovendo na primeira semana de abril procuravam imóveis com valores e áreas superiores aos que atualmente possuíam, face aos 47,9% que se registaram na primeira semana de janeiro.
“O impacto da subida das taxas de juros tem sido enorme. No meu caso, a minha prestação que iniciou em 2021 com 400 euros, passou em 2023 para 700 euros. Nem todas as famílias terão condições de pagar estes incrementos”, confessou um dos inquiridos – que preferiu manter o anonimato – e que está a tentar vender casa fora dos grandes centros como Porto e Lisboa.
O número significativo de proprietários a vender os seus imóveis para fazer face a necessidades financeiras reflete o adensar da incerteza económica e das dificuldades nos orçamentos das famílias portuguesas.
“Apesar de haver ainda uma parte significativa de proprietários a colocar a casa à venda devido a mudanças familiares (46%), a taxa de pessoas que avançaram por necessidade monetária é já expressiva e preocupante. É preciso que o governo reflita com seriedade sobre esta mudança, uma vez que o mercado de arrendamento está também bastante inflacionado”, sublinha Miguel Mascarenhas.