A violência de género, uma grave violação dos direitos humanos reconhecida internacionalmente, não só afeta as vítimas na sua esfera pessoal, mas também deixa marcas no ambiente laboral. Um estudo colaborativo entre a Universidade de Coimbra e a Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género (CIG) analisou os custos e consequências da violência doméstica no contexto do trabalho, revelando uma ligação intrincada entre as esferas pública e privada.
A violência de género, que em Portugal regista anualmente mais de 30 mil denúncias é, na sua maior parte, violência contra as mulheres. Formalmente reconhecida como uma violação dos direitos humanos pela Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1993, é uma problemática, perpetuada pela ordem social que subordina as mulheres nos âmbitos económico, social e simbólico, além de ser um obstáculo à igualdade de género, também tem impactos socioeconómicos significativos.
Um estudo realizado por professoras da Universidade de Coimbra, em conjunto com a CIG, concentrou-se nos impactos económicos e sociais da violência doméstica em Portugal, com ênfase nas suas repercussões no ambiente laboral. A colaboração entre a academia e as autoridades resultou num relatório que oferece um olhar abrangente sobre as implicações da violência de género.
O relatório destaca o papel crucial das entidades empregadoras na prevenção e combate à violência de género. Além de contribuírem para um ambiente laboral seguro e igualitário, essas entidades desempenham um papel na proteção das vítimas e na dissuasão dos agressores.
As autoras propõem algumas medidas importantes que as entidades empregadoras podem adotar como uma posição clara e concisa que define as consequências da violência no local de trabalho, transmitindo a mensagem de que a violência não será tolerada. O estabelecimento de canais confidenciais para denúncia de casos de violência, assegurando que as vítimas se sintam seguras em reportar e a capacitação dos trabalhadores para reconhecerem os sinais de violência de género e oferecerem apoio às vítimas.
O apoio às vítimas é outra forma das empresas atuarem em casos de violência doméstica. Ao criar um ambiente seguro e promover a assistência às vítimas, as entidades empregadoras podem dissuadir os agressores de perpetuarem a violência. Ao mesmo tempo que podem encaminhar para equipas de aconselhamento ou assistência jurídica e financeira.
Ao adotar estas medidas, as entidades empregadoras têm a oportunidade de desempenhar um papel fundamental na luta contra a violência de género e na construção de uma sociedade mais justa e equitativa.