O relatório “Global Market Outlook 2025”, da Ebury, analisa os efeitos da reeleição de Donald Trump, com destaque para as políticas tarifárias, a desaceleração económica global e os desafios enfrentados por diferentes regiões, desde os EUA à Europa e China.
O ano de 2024 foi marcado por transformações significativas no cenário político e económico global, com a reeleição de Donald Trump a ocupar lugar de destaque. O relatório “2025 Global Market Outlook“, produzido pela Ebury e liderado por Matthew Ryan, CFA, Head of Market Strategy, explora como as políticas protecionistas e tarifárias do presidente norte-americano podem influenciar a economia mundial em 2025.
Entre as medidas mais impactantes estão as tarifas direcionadas a economias como a China, o México, o Canadá e a União Europeia. Estas políticas, segundo o relatório, aumentam o risco de desaceleração global, afetando principalmente mercados emergentes que dependem fortemente do comércio internacional.
Nos Estados Unidos, a economia manteve-se robusta em 2024, sustentada por um consumo sólido e um mercado de trabalho forte. No entanto, espera-se um abrandamento em 2025, impulsionado por pressões inflacionárias associadas às políticas comerciais de Trump. Apesar disso, o relatório afasta cenários de “hard landing”, apontando que as políticas de desregulamentação podem continuar a apoiar o crescimento no médio prazo.
Na Europa, o panorama económico é mais desafiador. Com estagnação persistente e fragmentação política causada por mudanças de governo em França e Alemanha, a zona euro enfrenta dificuldades em recuperar o crescimento. Apesar da inflação se aproximar das metas do Banco Central Europeu, o relatório prevê que estas melhorias não serão suficientes para uma recuperação económica significativa em 2025.
A China também enfrenta um cenário difícil, com problemas no setor imobiliário e uma procura doméstica fraca, agravados pelo impacto das tarifas norte-americanas. Embora se esperem estímulos económicos por parte do governo chinês, estes podem não ser suficientes para compensar os desafios externos, prevendo-se impactos negativos no crescimento global.
Os mercados emergentes, particularmente na América Latina, estão entre os mais vulneráveis. Moedas como o real brasileiro e o peso mexicano registaram perdas acentuadas em 2024, e espera-se que continuem sob pressão em 2025, devido a déficits fiscais e à redução das taxas de juro.
Apesar das incertezas, o relatório identifica tendências positivas, como a robustez dos mercados de trabalho globais e a convergência gradual das taxas de inflação para níveis-alvo. Estes fatores podem permitir que os bancos centrais adotem políticas monetárias mais expansionistas, aliviando a pressão sobre os consumidores e incentivando o crescimento económico no médio prazo.