Incerteza condiciona perceção sobre recuperação económica

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O indicador de confiança dos Consumidores aumentou entre dezembro e março. Ainda assim, esta subida foi ligeira e está em contraciclo com a confiança dos Empresários, que veem o futuro imediato, de forma mais pessimista.

Segundo e relatório trimestral do Instituto nacional de Estatística (INE) o saldo das opiniões dos Consumidores sobre a evolução dos preços aumentou em março, depois de ter recuado nos quatro meses anteriores, face ao valor máximo da série registado em outubro. Também o indicador de clima económico aumentou entre janeiro e março, de forma ligeira no último mês, invertendo o movimento descendente iniciado há um ano atrás.

Nas diferentes categorias económicas, os indicadores de confiança registaram comportamentos diversos. Na Indústria Transformadora e da Construção e Obras Públicas registou-se um aumento, relativamente a fevereiro, no Comércio diminuiu e, de forma expressiva também nos Serviços.

O saldo das expectativas dos empresários sobre a evolução futura dos preços de venda diminuiu acentuadamente entre novembro e março, na Indústria Transformadora, atingindo o valor mais baixo desde outubro de 2020. Este saldo também diminuiu de forma significativa em março no Comércio, atingindo o nível mais baixo desde outubro de 2021, enquanto na Construção e Obras Públicas e nos Serviços verificaram-se reduções moderadas.

Confiança dos Consumidores sobe mas a incerteza, relativamente ao futuro, também

O indicador de confiança dos Consumidores aumentou entre dezembro e março, depois das diminuições dos três meses precedentes, que tinham resultado, em novembro, no valor mais baixo desde o início da pandemia em abril de 2020. A evolução do indicador no mês de março resultou do contributo positivo das perspetivas de evolução futura da realização de compras importantes por parte das famílias.

Em sentido contrário, as expectativas de evolução futura da situação económica do país e do agregado familiar, registaram um contributo negativo. O saldo das expectativas relativas à evolução futura da situação económica do país diminuiu em março, após ter aumentado nos quatro meses anteriores e de ter atingido, em fevereiro, o valor mais elevado desde fevereiro de 2022.

O saldo das perspetivas relativas à evolução futura da situação financeira do agregado familiar diminuiu ligeiramente em março, após os aumentos registados nos quatro meses precedentes. O saldo das opiniões sobre a evolução passada dos preços aumentou em março, depois de ter recuado nos últimos quatro meses face ao valor máximo da série registado em outubro, no seguimento da trajetória acentuadamente ascendente iniciada em março de 2021.

O saldo das perspetivas relativas à evolução futura dos preços diminuiu no último mês, retomando a trajetória marcadamente descendente observada desde março de 2022, quando atingiu o valor máximo da série.

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Empresários preocupados com Inflação e Taxas de Juro

A confiança da Indústria Transformadora aumentou entre novembro e março. A evolução do indicador deveu-se ao contributo positivo das perspetivas de produção, tendo as apreciações relativas aos stocks de produtos acabados e as opiniões sobre a evolução da procura global, contribuído negativamente.

O indicador de confiança aumentou nos agrupamentos de Bens Intermédios e de Bens de Consumo, tendo diminuído no agrupamento de Bens de Investimento. O saldo das apreciações sobre a procura global diminuiu em março, após ter aumentado em fevereiro.

As opiniões relativas à procura interna, considerando as empresas com produção orientada para o mercado interno, recuperaram em março, após se terem agravado no mês anterior. Já as apreciações relativas à procura externa agravaram-se em março, após uma breve recuperação em janeiro e fevereiro.

O indicador de confiança da Construção e Obras Públicas aumentou em março. Esta evolução refletiu o contributo positivo das apreciações sobre a carteira de encomendas e perspetivas de emprego, de forma ligeira no último caso. O indicador de confiança aumentou na divisão de Promoção Imobiliária e Construção de Edifícios, tendo diminuído nas divisões de Engenharia Civil, e de Atividades Especializadas de Construção.

Nos principais fatores limitativos à atividade indicados pelas empresas, a evolução das taxas de juro tem vindo a ganhar preocupação nos últimos meses, tendo a percentagem de empresas que referiu este fator atingido o máximo desde agosto de 2014.

O indicador de confiança do comércio diminuiu em março, interrompendo o movimento ascendente iniciado em novembro. Opiniões sobre o volume de vendas, perspetivas de atividade da empresa e apreciações sobre o volume de stocks influenciaram negativamente o resultado. Em março, o indicador de confiança diminuiu no Comércio por Grosso e aumentou no Comércio a Retalho.

Nos Serviços o indicador de confiança diminuiu em março, após ter aumentado nos últimos dois meses, de forma expressiva em fevereiro. A evolução do indicador resultou da incerteza sobre a evolução da carteira de encomendas, apreciações negativas sobre a atividade da empresa e baixas perspetivas relativas à evolução da procura, de forma expressiva nos últimos dois casos.

Em março, o indicador de confiança diminuiu em quatro das oito secções dos Serviços, destacando-se as secções de Atividades de consultadoria, científicas, técnicas e similares e de Atividades de transporte e armazenagem.

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