Estudo sobre as empresas mais inovadoras feito pela BCG revela que a incerteza económica global não travou o investimento na tecnologia, ao contrário do que aconteceu em 2009. As empresas estão a investir em inteligência artificial (IA) mais do que em qualquer outra tecnologia e cinco, dos primeiros dez lugares do ranking das empresas mais inovadoras, são ocupados por empresas do setor tecnológico, apesar de turbulência nos mercados.
Apesar da incerteza económica global, 79% das empresas em todo o mundo estão a considerar a inovação como uma das três principais prioridades para 2023 e 66% planeia investir mais neste campo – dentro desse grupo, 42% diz prever um aumento em mais de 10% –, segundo o estudo “Reaching New Heights in Uncertain Times”, realizado pela Boston Consulting Group (BCG). Esta realidade contrasta fortemente com a recessão de 2009, quando menos de dois terços das empresas classificaram a inovação como uma das três principais prioridades e apenas 58% planeava aumentar os seus gastos nessa área.
O estudo baseia-se no inquérito anual feito a mais de mil empresários espalhados pelo mundo sobre tendências de inovação e no banco de dados da consultora relativo ao desempenho de inovação global de mais de mil empresas.
“A conexão entre inovação, crescimento e vantagem competitiva está mais forte do que nunca”, afirma Justin Manly, Managing Director e Partner na BCG e coautor do estudo. “As empresas que priorizam a inovação e se certificam de que estão prontas para agir continuarão a ampliar a sua liderança e a gerar retornos extraordinários”.
As 50 empresas mais inovadoras de 2023
Apesar das adversidades do mercado em 2022, as empresas de tecnologia continuam a dominar o top-50, ocupando cinco dos primeiros 10 lugares. Pelo terceiro ano consecutivo, a Apple ocupa o primeiro lugar, seguida pela Tesla (que sobe três posições face ao ano anterior) e pela Amazon, que permanece em terceiro. O ranking mostra também que nove novas empresas entraram no top-50, e que há cinco posições ocupadas por empresas internacionais de energia, possivelmente refletindo as preocupações dos inquiridos com as alterações climáticas e o facto de estarem a olhar para o setor de energia como parte criativa da solução.
As 50 empresas mais inovadoras deste ano são um grupo geograficamente diverso, dividido praticamente de forma igual entre a América do Norte e o resto do mundo. A Europa e a Ásia estão bem representadas e o Médio Oriente integra a lista pela primeira vez.
O estudo também destaca o papel que a inovação tem na condução do desempenho. Desde 2005, o portfólio das 50 empresas mais inovadoras geraram um retorno médio superior em 3,3 pontos percentuais ao ano comparativamente ao mercado mais amplo.
As empresas estão a investir em IA mais do que em qualquer outra tecnologia
A inteligência artificial (IA) está a expandir rapidamente as possibilidades de inovação, e as prioridades de investimento das empresas refletem isso: 61% das empresas estão a investir em IA e machine learning este ano, levando um avanço de 15 pontos percentuais em relação à robótica e automação de processos, que é, segundo os inquiridos, a segunda tecnologia mais atraente para investir.
No entanto, enquanto 83% destas empresas implementaram sistematicamente a IA para apoiar a inovação, apenas 45% conseguiu traduzir este investimento em impacto nos negócios. Essas empresas que efetivamente percebem o impacto da IA tornam-se incubadoras de ideias, gerando cinco vezes mais ideias e criando mais de duas vezes mais produtos viáveis mínimos (MVPs), em comparação com outras.
“Os melhores inovadores desenvolvem um ciclo virtuoso auto reforçado. A IA é um ótimo exemplo disto – mais ideias significam maior probabilidade de encontrar as melhores práticas para IA, e a implementação da tecnologia ajuda a gerar mais ideias”, acrescenta Michael Ringel, Managing Director e Senior Partner da BCG, e coautor do estudo.