O ano de 2023 registou um aumento significativo de 18% nas insolvências empresariais em Portugal, comparativamente ao ano anterior, com quase duas mil empresas a entrar em processo de insolvência, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Ao Empreendedor, José Pedro Pais, Partner da Capitalizar, consultora especializada em reestruturações empresariais, alertou para a necessidade de “um diagnóstico financeiro atempado e de apoio especializado para reverter este cenário”.
Apesar de 2023 ter alcançado um recorde na criação de novas empresas, ultrapassando as 50 mil novas empresas constituídas, a taxa de insolvências também atingiu números preocupantes. Setores como alojamento e restauração; agricultura, e outros recursos naturais; e energias e ambiente foram os únicos que conseguiram contrariar a tendência de aumento de insolvências.
A indústria foi o setor mais afetado, sendo responsável por mais de metade do aumento total de insolvências, com um acréscimo de 47% face ao ano anterior. José Pedro Pais, atribui este aumento aos desafios económicos e financeiros decorrentes da instabilidade económica global.
“O aumento das insolvências empresariais é um sinal claro de que as empresas em Portugal estão a enfrentar dificuldades financeiras significativas. No entanto, é fundamental entender que a insolvência não é o único caminho a seguir. O diagnóstico financeiro atempado e o apoio especializado são fatores determinantes no turnaround das empresas”, explicou José Pedro Pais.
O responsável da consultora destaca a importância do apoio às empresas na identificação dos seus problemas e encontrar soluções proativas para evitar futuras situações de insolvência. José Pedro Pais reforça que “com a orientação certa e as estratégias adequadas, as empresas podem superar os desafios financeiros e alcançar o sucesso a longo prazo.”
Os dados do INE revelam que as micro e pequenas empresas, com um volume de negócios inferior a 500 mil euros, continuam a registar o maior número de insolvências. A nível geográfico, Lisboa e Porto são os distritos mais afetados.
Em relação aos encerramentos, 13.362 empresas encerraram ao longo de 2023, representando um aumento em comparação com anos anteriores. A Capitalizar alerta para a necessidade de monitorizar este indicador, uma vez que, à data atual ainda existem publicações a serem efetuadas pelo registo comercial.