O investimento do governo nas indústrias de infraestruturas, imobiliário e transportes no âmbito do Plano Nacional de Desenvolvimento 2030 impulsiona a procura de equipamentos de construção em Portugal.
De acordo com o relatório “Portugal Construction Equipment Market – Strategic Assessment and Forecast 2022-2028”, lançado esta sexta-feira, o segmento de Terraplanagem detém a maior quota de Equipamentos de Construção em Portugal.
Em 2021 as escavadoras detinham a maior participação no segmento de terraplenagem, com o crescimento do investimento em infraestrutura, sob o plano de desenvolvimento nacional 2030, espera-se que o aumento de projetos de engenharia civil e habitação em 2021 suporte a procura por este tipo de maquinário nos próximos anos.
Em 2021, o governo português aumentou o investimento em infraestruturas públicas e de transporte. O executivo também orientou o seu foco em recursos de energia renovável e planeia investir 26 mil milhões de euros para atualizar o setor das renováveis nos próximos 10 anos.
Assim, o aumento do investimento do Governo em infraestruturas de armazenagem e logística impulsionou o crescimento da indústria de logística e comércio eletrónico, no país, em 2021. Por outro lado, o aumento da construção, bem como de projetos de energia renovável e o crescimento na indústria de comércio eletrónico impactaram positivamente na procura de equipamentos de construção em Portugal.
Em 2021, as atividades de reciclagem e gestão de resíduos aumentaram 6,4% e espera-se que este setor continue a crescer em 2022, pois o governo pretende atingir a meta de 65% de reciclagem de resíduos até 2035, portanto, a procura de escavadoras de tamanho médio com peso leve e alta velocidade de giro está a crescer nos últimos tempos no mercado, sendo que é o equipamento mais adequado para unidades industriais de reciclagem.
Setores de construção, energia e logística impulsionam a recuperação económica
Em 2020, a economia de Portugal contraiu 7,6% devido a um forte declínio no turismo e nas exportações, causado pelas medidas de bloqueio do governo devido à pandemia. Nesse sentido a indústria de construção e manufatura diminuiu 3,9% e 10,9%, respetivamente.
Já em 2021 a economia do país cresceu ligeiramente (4%), devido ao aumento do investimento em infraestrutura do governo e ao desempenho resiliente da indústria da construção. O setor imobiliário testemunhou um crescimento em 2021, e as exportações do país aumentaram 8,1% devido a um aumento na procura externa. Segundo a Comissão Europeia, a economia de Portugal deverá crescer 5,8% em 2022.
Também o investimento estrangeiro direto em Portugal aumentou 38%, em 2021. As indústrias transformadoras e de serviços foram o principal destino desse investimento, sendo que as regiões Norte e Lisboa atraíram mais de 80% da entrada de IDE. Países europeus como França, Alemanha e Reino Unido foram alguns dos investidores na economia portuguesa em 2021. Para 2022 espera-se um elevado crescimento nos setores das energias renováveis devido a vários projetos solares em curso na cidade do Porto, no norte do país, e Mértola na região do Alentejo.
Investimento em infraestrutura e foco nos recursos de energia renovável
O governo português anunciou em 2021 um investimento de cerca de 45 mil milhões de euros em infraestruturas públicas, incluindo uma ligação ferroviária de alta velocidade entre as cidades de Lisboa e Porto. Este projeto está orçado em mais de 4 mil milhões de euros e deve ser concluído até 2030.
Os investimentos públicos concentram-se ainda nos setores do transporte e energia, tendo sido alocados 22 mil milhões de euros para projetos de transporte e 13 mil milhões para projetos de energias limpas. O governo está ainda a investir na modernização das infraestruturas e expansão dos principais portos, como Leixões e Sines, em resultado de um aumento das exportações, que deverão crescer 22% em 2022.
Também a construção de edifícios residenciais deverá crescer 5,5%, mantendo uma posição competitiva no mercado imobiliário. Assim, espera-se que a engenharia civil seja o segmento mais dinâmico da economia portuguesa, estimando-se um crescimento de 7,5% em 2022.
Na parte da produção de energias renováveis, o país registou um crescimento para 20% em 2021 e perspetiva atingir uma cota de 80% até 2026. Em 2021, o governo de Portugal planeava mudar de combustíveis fósseis para fontes de energia renováveis, como eólica, solar e hídrica, a recente crise energética poderá acelerar esta tendência.
Atualmente, Portugal tem uma potência instalada de 7,3 GW de hidroelétrica e 5,6 GW do parque eólico onshore que cumpre cerca de 83% da capacidade total das centrais a carvão encerradas recentemente. Por seu turno, a energia solar fotovoltaica tem um enorme potencial, pois cresceu mais de 20% em 2021. Em 2021 a capacidade instalada de energia solar fotovoltaica era de 7.359 MW e deve crescer acentuadamente em 2022 devido ao aumento do foco e investimento no setor.
Protestos ambientais, custos de materiais e de mão-de-obra são os principais desafios
Protestos anti mineração, por receios de poluição e destruição do ecossistema, têm ocorrido em diversas partes do país, especialmente tendo por alvo as minas de lítio, de que Portugal é o 6º país do mundo com as maiores reservas conhecidas e o maior da Europa.
O enorme potencial para a venda de maquinário de mineração está assim dependente de futuras decisões, que poderão passar por novas avaliações de impacto ambiental em três grandes projetos de extração de lítio nas regiões de Boticas, Fundão e Montalegre.
Também o aumento nos custos de construção representa um desafio para o promissor negócio de máquinas industriais. O Instituto Nacional de Estatística (INE) afirma que os custos de construção de novas habitações vão aumentar 7%. Em 2021, o aumento do preço dos materiais e da mão-de-obra desencadeou o aumento global do preço das casas novas, refletindo o aumento de 8% no custo dos materiais e de 5,1% da mão-de-obra.
Analisando mais especificamente o preço das commodities associadas aos materiais de construção verifica-se que em 2021 os varões de aço para betão aumentaram 54%, o alumínio 61% e o cobre 47%, o que deverá ter um impacto adverso na procura por novas habitações no país.
Apesar destes desafios o mercado português, segundo o relatório “Portugal Construction Equipment Market – Strategic Assessment and Forecast 2022-2028”, é bastante atrativo para os fabricantes de maquinário industrial.
A perspetiva aponta para um crescimento nas vendas dos equipamentos elétricos e escavadoras de tamanho médio, sem no entanto alterar significativamente o panorama do mercado – como sublinhado acima – focado na área da construção.
Hitachi Construction Machinery, Caterpillar, Komatsu e Liebherr são as marcas líderes de mercado, respondendo por 23,1% das vendas em Portugal, em 2021. Outros fornecedores com presença significativa são Kobelco, Hyundai Construction Equipment, JCB, Volvo Construction Equipment, Liu Gong, Yanmar, Case Construction Equipment e Terex Corporatio