A baixa taxa de desemprego é uma oportunidade para mudar de carreira. O career coach, Jorge Fonseca, em entrevista ao Empreendedor, explicou que a “Experiência é um valor” e os profissionais devem apostar permanentemente na sua atualização.
Nesta entrevista, o fundador da George – Recruiters and Career Change Consultants, partilhou sua visão sobre os desafios do emprego em Portugal, especialmente para quadros de topo à procura de novas oportunidades profissionais.
Com uma vasta experiência na área de Career Coach, Jorge Fonseca fundou a George em 2015, com o objetivo de auxiliar quadros empresariais na transição de carreira, tanto em Portugal quanto no estrangeiro. A empresa dedica-se a assessorar Executivos na procura proativa de novos desafios profissionais, com o intuito de otimizar e acelerar essas pesquisas, que muitas vezes podem ser demoradas.
Ao abordar o cenário atual do mercado de trabalho, Jorge Fonseca destaca a baixa taxa de desemprego em Portugal, como uma oportunidade para profissionais que procuram novos projetos: “Muitas pessoas que estão insatisfeitas, ou porque não gostam do chefe, ou do negócio; ou consideram que não ganham o suficiente ou o que gostariam, têm agora uma oportunidade. Esse é o meu tipo de cliente os que me contratam para os ajudar a otimizar e acelerar o seu processo de mudança e a procura de um novo projeto profissional.”
Segundo Jorge Fonseca as empresas de recrutamento respondem por um nicho muito pequeno do mercado. O segredo está em conhecer as pessoas certas e apresentar a sua candidatura no momento certo.
“Sabia que cerca de 90% das novas contratações são fruto da receção de candidaturas espontâneas, enviadas no timing certo, sendo que os restantes 10% são divididos pelas empresas de recrutamento profissional e pela resposta a anúncios?” Pergunta Jorge Fonseca. “Quanto mais CV’s enviarmos aos Decisores que gostaríamos que nos contratassem e quanto mais contacto tivermos com eles, maior a probabilidade de identificarmos – e encontrarmos – a oportunidade que tanto procuramos”, sublinha.
Para o consultor, o processo de recrutamento nas empresas, muitas vezes é interno. “Qualquer empresa quando precisa de preencher uma vaga, primeiro tenta promover quadros internamente ou contratar quem já conhece. Quanto maiores são as empresas mais conseguem passar umas pessoas de um departamento para o outro e promover internamente”.
“Os currículos que todos os dias aparecem nos emails ou nos sites das empresas, resolvem muitíssimos problemas no momento de contratar. Depois há as pessoas que o gestor já conhece. Ou seja, qualquer empresa só vai recorrer a uma empresa de Recrutamento como recurso – e só quando não consegue encontrar a pessoa exata para a vaga que pretende preencher – ou para substituir uma pessoa que está em funções e que quer manter o maior sigilo antes de anunciar a sua substituição”, explica.
Mudar de Empresa sem mudar de vida
Sobre a mudança de carreira, Jorge Fonseca enfatiza que, geralmente, as mudanças ocorrem dentro da experiência profissional e da carreira existente, não sendo comuns mudanças radicais de área. Ele menciona que as empresas valorizam a experiência acumulada, isso é mais evidente ao contratar quadros seniores, já que eles trazem um valor acrescentado e podem enfrentar desafios complexos com mais facilidade.
“No mundo das empresas, quando se contrata uma pessoa de 50 anos é porque ela faz aquela tarefa há vários anos, conhece o setor, e trabalha aquela área específica há bastante tempo. Ou seja é alguém com experiência, e a experiência é um valor. Quando as empresas procuram um quadro sénior é porque sabem que há uma probabilidade de sucesso mais rápido, impulsionado pelo valor acrescentado que ele traz”, frisa Jorge Fonseca.
Já as mudanças radicais de carreira, tantas vezes idealizadas pela literatura do “sucesso pessoal”, dissipam esse capital. “Essa ideia de que as pessoas podem sair de uma área para irem para outra completamente diferente não existe. Uma empresa quando contrata um médico contrata-o por aquilo que ele sabe fazer: ou é Dentista ou Ortopedista. Um piloto de linha aérea, se quiser ser piloto de automóveis ou diretor financeiro, perde o valor acrescentado que ela tinha e não vale nada na sua nova função.”
“Basicamente as empresas procuram quadros seniores para as áreas mais complexas, como o fecho de uma fábrica, a fusão de empresas ou o corte de linhas de produção. São funções onde se exige experiência acumulada para enfrentar desafios delicados que um jovem de 27 anos não tem experiência para fazer” salienta.
Para profissionais em busca de novos desafios, Jorge recomenda investir na formação e atualização permanente, enfatizando a importância de acompanhar as mudanças do mercado para valorizar as suas carreiras. Ele destaca a necessidade de estar sempre atualizado, especialmente em áreas tecnológicas, que estão em constante evolução. “Tal como um médico tem de estar permanentemente a atualizar os seus conhecimentos, também os profissionais devem investir na formação para valorizar a sua carreira.”
“Infelizmente há muitos profissionais que estiveram ao balcão de um banco 10 ou 15 anos, nunca investiram na sua formação, e agora são confrontados com a redução dos postos de trabalho, apesar de a banca ter falta de profissionais especializados em áreas tecnológicas, por exemplo. Esse é o problema das carreiras que não acompanharam o mercado.”
Num mercado de trabalho altamente competitivo, a experiência acumulada é vista como um valor adicional, e investir na formação e valorização das suas competências é fundamental numa carreira profissional. Enfrentando a realidade do mercado, Jorge aconselha aos seus clientes a procura de oportunidades que estejam alinhadas com as suas experiências e, dessa forma, enfrentar os desafios do mercado com confiança, otimizando e acelerando uma transição de carreira para novos projetos profissionais promissores.