June Bolneo: “Saber que a probabilidade de falha é real, fortalece a resiliência”

June Ann Bolneo, cofundadora da WorkRemote
Na foto: June Ann Bolneo, cofundadora da WorkRemote

June Ann Bolneo, fundadora da WorkRemote, não apenas desafia as barreiras do trabalho remoto, mas redefine o seu significado. Numa entrevista exclusiva ao Empreendedor, Bolneo destaca a importância de abraçar a incerteza desde o início, realçando que é a perceção do risco que fortalece a resiliência. Foi sob a liderança resiliente de June Bolneo que a WorkRemote, não apenas superou desafios, mas também se tornou pioneira no setor.

A WorkRemote é uma plataforma de redes sociais dedicada aos trabalhadores remotos, que pretende liderar uma revolução na forma como encaramos o trabalho à distância. Fundada por June Ann Bolneo, reconhecida como uma das “50 Mais Influentes Especialistas em Trabalho Remoto,” a empreendedora, de origem filipina, escolheu Lisboa para o arranque da sua startup, cuja missão é “educar mil milhões de pessoas sobre o trabalho remoto, proporcionando oportunidades e transformando a maneira como as empresas encaram a nova normalidade”.

Numa entrevista ao Empreendedor, June Ann Bolneo partilhou os desafios enfrentados no início da sua jornada empreendedora e explicou que foi a falta de formação e a dificuldade em distinguir oportunidades legítimas de possíveis fraudes que a levou a criar a WorkRemote.

“Quando comecei a trabalhar remotamente, não havia formação, nem educação formal, nem qualquer forma de assistência online. Era difícil determinar se uma empresa era legítima ou se estava a ser enganada e era extremamente difícil encontrar uma comunidade online”, recorda. “Há 10 anos, a maioria das pessoas tinha uma mentalidade muito diferente no que respeita ao trabalho remoto. Era uma mistura de freelancers e proprietários de empresas online que tentavam vender coisas”, acrescenta.

A falta de recursos e de comunidades online para apoiar quem estava mergulhando nesse novo modo de trabalho, motivaram Bolneo a fundar a WorkRemote. “Tenho vindo a ensinar pessoas sobre trabalho remoto desde 2012 mas só fundei a WorkRemote quando me instalei em Portugal em 2018. Tornei-a oficial em janeiro de 2019 e mais tarde a equipa cresceu com entrada de Pedro Nave, como cofundador.”

Na foto: June Ann Bolneo e Pedro Nave, cofundadores da WorkRemote

Inicialmente focada na formação e na oferta de Learning Management System (LMS) para empresas privadas e organizações públicas, a WorkRemote adaptou-se às necessidades geradas pelos confinamentos da pandemia, proporcionando soluções durante o aumento do trabalho remoto.

“Quando começámos, éramos um fornecedor de formação e de LMS para empresas privadas e organizações públicas, especialmente durante a pandemia, quando todos precisavam de trabalhar a partir de casa ou de encontrar emprego porque tinham sido despedidos ou porque as suas empresas tinham de fechar devido ao confinamento. Até agora, temos sido muito bem-sucedidos neste domínio, mas este ano quisemos torná-lo acessível a mais pessoas”, explica June Bolneo.

Agora, a startup está a democratizar o acesso ao trabalho remoto lançando a sua aplicação móvel e prevê expandir o seu impacto e tornar-se uma referência no panorama global do trabalho remoto.

“A nossa missão é normalizar o trabalho à distância e não o podemos fazer dando formação apenas a algumas empresas e organizações. Por isso, lançámos a nossa aplicação móvel que, neste momento, está em versão beta. Estamos a preparar-nos para angariar fundos em 2024 e estamos a fazer as devidas diligências neste momento”, sublinha. 

June Ann Bolneo, cofundadora da WorkRemote
June Ann Bolneo, no stand da Startup Portugal, durante a Web Summit

Superando Desafios com a Força da Rede

Antes da pandemia, o trabalho remoto era estigmatizado. Essas barreiras têm vindo lentamente a ser superadas em parte também em resultado do trabalho da WorkRemote na expansão da sua rede, tornando-a pioneira e reconhecida no setor.

“O crescimento da nossa rede também nos tornou conhecidos no sector e fez de nós pioneiros no nosso espaço. Penso que, por vezes, subestimamos o poder da nossa rede, mas, para nós, é um dos nossos pontos fortes.”

Bolneo destaca que enfrentar a resistência ao trabalho remoto exigiu persistência e resiliência, características fundamentais para qualquer empreendedor e aconselha os empreendedores a abraçar a incerteza desde o início.

“Penso que, quando entramos num empreendimento no início, não sabemos realmente quão difícil será porque não sabemos ‘o que não sabemos’. Apenas temos de continuar a insistir e enfrentar os desafios, um de cada vez.”

A mentalidade de que o empreendimento será desafiador, e a probabilidade de falha é real, fortalece a resiliência. Bolneo enfatiza que o sucesso empresarial exige persistência e enfrentamento dos desafios de forma gradual.

“É realmente necessário ser resiliente para nos tornarmos empresários. Os meios de comunicação social glorificam os que têm sucesso e fazem com que pareça muito fácil. Mas não é. Penso que, se começarmos com esta mentalidade desde o início e soubermos que vai ser difícil, e soubermos que a probabilidade de falharmos é maior do que a de sermos bem-sucedidos, isso tornar-nos-á mais resistentes.”

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