O 4.º Encontro de Transformação Digital analisou os problemas da gestão da informação como um dos principais desafios da liderança de topo nas organizações.
Como podem os líderes ter uma gestão focada na evolução digital? Como pensar na gestão da informação e na maturidade das empresas, permitindo-lhes sobreviver no longo prazo? As respostas e outras tantas perguntas estiveram em discussão no 4.º Encontro de Transformação Digital, organizado pelo Grupo EAD, que decorreu esta quarta-feira, em formato online.
“A Transformação Digital em Equação: Inovação + Privacidade = Maturidade” foi o tema da discussão, moderada por Paulo Veiga, CEO e fundador do Grupo EAD, sublinhando que as “inovações incrementais são as que nos permitem fazer mais com menos recursos, menos encargos, menos matéria-prima e isto aumenta a competitividade das nossas organizações. Em último caso, a inovação existe, para melhorar a qualidade da vida humana”.
“a inovação existe, para melhorar a qualidade da vida humana”
Rui Ribeiro, diretor-geral da IPTelecom e docente na Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologia, destacou que o mundo vive “um momento onde a aceleração das inovações está como nunca esteve”. “Este processo de inovação cria disrupções nas pessoas, nas empresas, no mercado e isto está a deixar uma grande fatia do mercado expectante, no limite, a andar à velocidade dos anos 80 e 90, quando já estamos no século XXI e a acelerar. E este processo de inovação vai afetar todo o ecossistema empresarial e a humanidade”, acrescentou.
O responsável da IPTelecom sublinhou ainda a importância da rapidez com que a informação está a ser processada nas organizações e o impacto que isso causa na competitividade das organizações: “O Facebook, o Google, estão onde estão, porque sabem trabalhar a informação em tempo real”. Embora isso possa ter também consequências negativas, uma vez que essas empresas “Injetam dados, controlam os seus clientes, influenciam-nos como se fossemos marionetas, e é isto que assusta o mundo”, frisou.
Focando-se na questão da liderança, Rui Ribeiro lembrou ainda que os líderes do futuro “não podem parar”. “Aquilo que se verifica é que as pessoas vivem de um sucesso e param. Se olharmos para aqueles casos que não falham, o mindset deles é: ‘isto não para. A máquina não pode descansar’. Deve ter momentos de maturação, mas até nos processos de inovação, deve ter processos a curto, médio e longo prazo”, explicou, acrescentando: “Quando falamos de transformação digital temos de falar da transformação mental dos próprios líderes”.
“Quando falamos de transformação digital temos de falar da transformação mental dos próprios líderes”
Corroborando, Filipe Barata Pereira, encarregado de proteção de dados e responsável de Digital Lead & Protection na LCG Consulting, referiu que a “falta de cultura organizacional vem necessariamente do topo”. “É necessário renovar o conhecimento, em qualquer contexto. Alguém que não faça este exercício a título pessoal dificilmente irá fazê-lo nas organizações que lidera”, disse, adiantando que “ainda se vê uma grande falta de maturidade nas organizações”. “A cibersegurança é aquilo que as organizações deviam olhar em primeira instância”, defendeu.
Por seu turno, Clara Branco, responsável pelo Departamento de Consultoria da EAD, recordou que “a informação não é uma realidade do digital, mas do ser humano” e abordou as “dificuldades” que vê na gestão de topo em compreender e envolver-se com a gestão da informação dentro das organizações. “Não acompanhamos a velocidade das máquinas e as organizações andam a fazer a casa pelo telhado: compram o software, mas não há preocupação em política de gestão documental e não são definidas as funções de cada um. Se não há verdadeiras políticas de gestão documental também não há investimento nos instrumentos certos”, apontou.
Questionada sobre onde se nota mais a falta de conhecimento sobre políticas de gestão documental, Clara Branco referiu que a administração pública tem “arquivistas, mas estão envolvidos noutras tarefas, mas a nível de arquivos é onde mais se tem evoluído”. “No privado, para todos eles, é uma novidade”, disse.
“As empresas que não inovam, definham e morrem”
Para finalizar, Paulo Veiga vincou a necessidade de lideranças colaborativas para uma evolução constante e sustentável das organizações: “As empresas que não inovam, definham e morrem. Hoje, uma liderança tem de envolver pessoas de todas as esferas do conhecimento. Todos têm de contribuir para uma liderança que promova a sustentabilidade da organização”.
O Encontro de Transformação Digital estará de volta em 2022, regressando ao formato presencial.