Liliana Tomé, investigadora da FCT NOVA, foi distinguida com um prémio de 15 mil euros que visa apoiá-la na sua investigação na área do ambiente. As Medalhas de Honra atribuem um prémio total de 60 mil euros para apoiar projetos de investigação e contam já com 57 jovens investigadoras reconhecidas, em Portugal, desde 2004.
Liliana Tomé é Investigadora no LAQV-REQUIMTE – Laboratório Associado para a Química Verde da NOVA School of Science and Technology da FCT NOVA, e foi uma das quatro investigadoras reconhecidas este ano pelo prémio Medalhas de Honra L’Oréal Portugal para as Mulheres na Ciência. Com o objetivo de apoiar projetos de investigação científica, as Medalhas de Honra atribuem um prémio total de 60 mil euros, divididos entre as quatro investigadoras premiadas. Desde 2004, já foram reconhecidas 57 jovens investigadoras no nosso país.
Liliana Tomé é Doutorada em Ciências da Engenharia e Tecnologia, pelo Instituto de Tecnologia Química e Biológica António Xavier (ITQB NOVA), em 2014, e ficou neste instituto como investigadora. Em 2018, após ser premiada com uma bolsa individual Marie Curie, rumou ao POLYMAT, na Universidad del País Vasco, e em 2020 voltou à Universidade Nova. Com dois filhos pequenos, a investigadora afirma que nunca sentiu diferença de oportunidades por ser mulher e para ela o mais importante é o apoio durante a maternidade.
“Soube que estava grávida pouco depois de ter concorrido à bolsa Marie Curie e quando soube que tinha ganho, pensei desistir. Não desisti graças ao apoio do meu companheiro. Fui para San Sebastian (Espanha) com o meu filho de 15 meses e uma ou duas vezes por mês tínhamos a visita do pai. Foi duro, mas foi uma experiência muito importante na minha formação e carreira”, afirma Liliana Tomé.
Na sua investigação, na área do Ambiente, propõe-se a encontrar respostas mais eficientes para capturar os gases que emitimos, nomeadamente o dióxido de carbono (CO2). A investigação de Liliana Tomé foca-se no desenvolvimento de um novo conjunto de materiais mais eficientes para captura de CO2, por exemplo em gases de exaustão libertados durante a produção de energia, e impedir a sua libertação para a atmosfera.
“Vou desenvolver novas membranas para capturar o CO2, e o carácter inovador destas membranas consiste na combinação de três componentes – líquidos iónicos, redes de polímeros de líquidos iónicos e materiais orgânicos porosos – todos eles baseados em líquidos iónicos”, explica. Apesar do nome que muitos desconhecem, os líquidos iónicos não são mais do que sais orgânicos que têm um ponto de fusão baixo (apresentam-se em estado líquido), com estruturas que podem ser recombinadas para produzir novos materiais. As suas propriedades físicas, químicas e biológicas têm levado à sua crescente aplicação nos mais diversos setores, incluindo indústria farmacêutica, ótica, eletrónica e “química verde”.
Joana Carvalho, da Fundação Champalimaud; Margarida Abrantes, da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra; e Inês Fragata, do Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais (cE3c) – Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa são as restantes investigadoras distinguidas por este prémio, selecionadas entre mais de 97 candidatas, por um júri científico presidido por Alexandre Quintanilha.
Recorde-se que em Portugal, 43,9% dos investigadores são mulheres. Considerando o total de empregos nesta área, a sua presença é mais representativa em equipas de I&D do sector governamental/estatal (58,9%) e de instituições do ensino superior (48,6%) do que em equipas de I&D de empresas privadas (31,1%). No entanto, as investigadoras ganham em média menos 14,6% do que os seus pares, em linha com o gap salarial de 14,9% identificado para o nosso país (dados UE-28).