Márcia Pereira: “Somos uma Empresa Inovadora na Resolução da Ineficiência Energética”

A Bandora, startup portuguesa liderada por Márcia Pereira, utiliza inteligência artificial para otimizar a gestão energética de smart buildings, promovendo eficiência e sustentabilidade.

Na foto: Márcia Pereira, CEO da Bandora

A startup portuguesa Bandora está na vanguarda da transformação digital de edifícios, visando revolucionar a gestão energética em smart buildings através da inteligência artificial (IA). Fundada em 2017 por Márcia Pereira, a Bandora tem como missão tornar os edifícios mais autónomos, confortáveis, eficientes e sustentáveis.

Recentemente a empresa concluiu uma ronda de investimento Seed no valor de 1.5 milhões de euros. A ronda foi liderada pela BlueCrow Capital, sociedade de capital de risco especializada em setores como robótica, alimentação sustentável e inteligência artificial (AI), e contou também com a participação da Portugal Ventures, sociedade de capital de risco que investe em startups que criam soluções inovadoras, com capacidade de internacionalização, nas áreas de Digital & Tecnologia, Indústria & Tecnologia, Tecnologias da Saúde e Turismo. Com este investimento, a Bandora prepara-se para multiplicar por 10 a sua faturação e otimizar 300 edifícios até ao final de 2024.

Em entrevista ao Empreendedor, Márcia Pereira, CEO da Bandora, destaca o impacto positivo da empresa no setor dos smart buildings, reiterando o compromisso com soluções inovadoras que impulsionem a eficiência e a sustentabilidade. A empresa planeia continuar a liderar esta revolução energética, expandindo o seu alcance para beneficiar ainda mais clientes globalmente.

“A Bandora posiciona-se no mercado de transformação digital e energética dos edifícios como uma empresa inovadora com um foco claro na resolução da ineficiência energética através de uma abordagem avançada e tecnológica”, sublinha. Esta abordagem inovadora permite automatizar a gestão de sistemas de climatização dos edifícios, otimizando o consumo de energia em tempo real e ajustando-se às necessidades específicas de cada espaço.

“A nossa solução integra Machine Learning, elevada expertise em conforto técnico e simulação tridimensional (BIM), permitindo uma gestão sustentável e eficiente dos edifícios. Por exemplo, através de uma plataforma de inteligência artificial (AI) que automatiza a gestão de sistemas de climatização dos edifícios, podemos otimizar o consumo de energia em tempo real, tomando decisões a cada cinco minutos, baseando-se em dados de ocupação, condições meteorológicas e necessidades específicas do edifício”, explica Márcia Pereira.

Além disso, a empresa oferece um modelo de negócio flexível, “savings as a service”, que permite partilhar 50% da poupança de energia obtida com os clientes, promovendo tanto a economia quanto a sustentabilidade.

Desafios na Integração de IA com Sistemas IoT

A Bandora enfrenta diversos desafios ao integrar a tecnologia de IA com sistemas IoT em edifícios. Um dos principais é assegurar a compatibilidade da solução com os sistemas de controlo e automação de edifícios (BMS) e dispositivos IoT já existentes. Outro desafio relevante é a recolha de dados de forma não intrusiva.

“Obter informações de todos os sistemas num edifício sem causar interrupções ou exigir hardware adicional é uma tarefa complexa. A Bandora aborda essa questão com uma plataforma baseada em nuvem, que recolhe dados de maneira não intrusiva e inclui feedback dos ocupantes através de uma aplicação móvel. A colaboração com os fabricantes de equipamentos de Ar Condicionado (AVAC) também tem sido crucial para ultrapassar estes desafios”, acrescenta.

Prever o consumo de energia, temperatura, nível de conforto e outras variáveis é igualmente um desafio complexo. Com a utilização de algoritmos de Machine Learning para prever essas variáveis, a startup consegue alcançar que os benefícios da IA sejam escaláveis e aplicáveis a todos os edifícios conectados ao sistema é essencial.

Na foto: Equipa da Bandora

Posicionamento no Mercado e Perspetivas Futuras

A flexibilidade do modelo de negócio, que oferece opções de assinatura mensal fixa ou o modelo “savings as a service”, onde os clientes partilham a economia de energia gerada com a empresa, torna a solução acessível a diferentes tipos de clientes. A implementação rápida, com sistemas prontos a funcionar em apenas 96 horas, permite que os edifícios se tornem preditivos, tomando ações proativas com base numa vasta gama de informações, incluindo dados de previsão meteorológica.

Com uma visão ambiciosa, Márcia Pereira pretende tornar a Bandora líder em soluções de otimização energética para smart buildings, com objetivos claros de impacto ambiental. Até 2026, a empresa visa otimizar 1500 edifícios, resultando numa poupança mínima de 200 GWh de energia, o que equivale à capacidade de captura de CO₂ de meio milhão de árvores.

“A Bandora está a posicionar-se como líder em soluções de otimização energética para edifícios inteligentes, com metas ambiciosas de crescimento e inovação. Em 2024, planeamos multiplicar a nossa faturação por 10 e otimizar 300 edifícios até ao final do ano, fortalecendo assim a nossa posição no mercado”, salienta.

Para apoiar este crescimento, a Bandora prevê aumentar a sua equipa de 12 para 23 colaboradores, contratando em diversas áreas, incluindo data science, programação, suporte, operações, marketing e vendas. Este crescimento permitirá ampliar a base de clientes, desenvolver novas funcionalidades e explorar novas áreas de aplicação da tecnologia.

Foto de DilokaStudio no Freepik

A nível internacional, a Bandora tem planos robustos de expansão. O mercado espanhol é uma prioridade imediata, com a intenção de fechar os primeiros contratos e expandir a presença. Além disso, estabeleceu um acordo de distribuição no Brasil e está a conduzir duas provas de conceito nos Emirados Árabes Unidos. Estão ainda planeadas expansões para a Europa e América Latina em 2025 e 2026.

“Um projeto significativo em fase de desenvolvimento é a nossa participação na Agenda Mobilizadora “ILLIANCE”, uma iniciativa financiada pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) no âmbito do Next Generation EU da União Europeia. A Bandora foi convidada pela Bosch Termotecnologia, S.A. para integrar esta iniciativa, que visa alcançar a neutralidade carbónica no setor dos edifícios, responsáveis por cerca de 40% das emissões globais de CO₂, de acordo com dados do Eurostat de 2021.” No âmbito deste projeto, a empresa irá desenvolver uma plataforma digital para gerir a operação energética de edifícios residenciais, tanto individualmente quanto inseridos em Comunidades de Energia.

“A integração da Bandora na Agenda ILLIANCE representa um passo significativo na nossa trajetória de inovação e expansão. Este projeto não só reforça a nossa posição no mercado de otimização energética, como também amplia as nossas capacidades tecnológicas e operacionais, preparando-nos para enfrentar os desafios da neutralidade carbónica e a crescente procura por soluções inteligentes e sustentáveis no setor dos edifícios”, conclui Márcia Pereira.

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