Maria Empis: “Transformação do imobiliário vai acelerar em 2021”

Estudo global da JLL identifica as 10 grandes tendências que vão influenciar o imobiliário corporativo em 2021

Foto: Maria Empis / JLL

A transformação do imobiliário corporativo vai acelerar em 2021, como resposta ao desafio da transição para um “novo normal”, sublinha Maria Empis, Head of Corporate Solutions da JLL, empresa especializada no mercado de investimento imobiliário que lançou um estudo sobre as 10 principais tendências que irão influenciar o mercado imobiliário corporativo e as estratégias imobiliárias que estarão no topo das prioridades dos gestores.

Na sua 6ª edição, o Top 10 Global CRE Trends, da JLL, identifica os pontos de viragem para o imobiliário corporativo em 2021, apontando caminhos para as empresas reinventarem as suas estratégias nesta área, face às mudanças estruturais que estão a ocorrer nas prioridades de negócio, bem como em resposta às desafiantes condições de operação e à volatilidade na economia.

Apontando as 10 principais tendências que irão influenciar o imobiliário corporativo – ou seja, o imobiliário que dá suporte às atividades das empresas – o estudo da JLL destaca também o papel crucial dos imóveis na hora de dar resposta aos novos desafios das empresas nas áreas da saúde e bem-estar dos colaboradores, novos modelos de trabalho ou a descarbonização do imobiliário.

“Se antes, o imobiliário onde as empresas desenvolvem a sua atividade, já era visto como importante para a sua competitividade, influenciando a produtividade dos colaboradores e os proveitos económicos, depois da pandemia passou a ser um elemento incontornável nas estratégias corporativas e isso vai acelerar, sem dúvida, a transformação desta área a caminho do novo normal”, começa por dizer Maria Empis.

“É claro que no pós-Covid as funções do imobiliário corporativo não vão manter-se nos mesmos moldes. A pandemia trouxe uma clara mudança às expetativas na área da saúde e bem-estar, os modelos de trabalho híbridos estão para ficar, além de haver um maior investimento no digital e as práticas de negócio serem cada vez mais sustentáveis. O imobiliário tem que se adaptar a este novo normal, pelo que os executivos precisam de remodelar as suas estratégias imobiliárias para que os imóveis sejam mais adaptáveis, resilientes, sustentáveis e responsáveis. O sucesso dos negócios está em antecipar as tendências e reagir para gerar os melhores resultados para as pessoas, para o planeta e para a rentabilidade da empresa, claro. Este estudo pretende precisamente apoiar as empresas nessa antecipação”, conclui Maria Empis.

“O sucesso dos negócios está em antecipar as tendências”

Imagem de Michael Gaida por Pixabay

As 10 tendências para o Imobiliário Corporativo em 2021

1| Futuro híbrido – Trabalhar a partir de qualquer lugar irá impulsionar a dispersão da pegada ecológica e a transformação dos portfólios. O estudo revela que 50% dos colaboradores quer optar pelo modelo híbrido de trabalho, defendendo uma média de 2,4 dias por semana para o trabalho remoto. Será necessário explorar a mobilidade advinda deste modelo híbrido de trabalho, para alcançar uma maior resiliência no futuro.

2| Espaço de trabalho mais humanizado – Os espaços de trabalho de próxima geração vão criar ambientes onde as pessoas prosperam e a performance melhora. Apesar da implementação do teletrabalho, o escritório continua a ser o local preferido para tarefas de cooperação, gestão, formação e até para a socialização. O espaço é, assim, visto como um facilitador do desempenho. A solução para melhorar o desempenho dos colaboradores passa por repensar o espaço de trabalho e criar ambientes positivos em colaboração com as áreas de RH e TI.

3| Imperativo da saúde – A saúde e bem-estar dos colaboradores serão cada vez mais centrais nas estratégias futuras e investimento em imobiliário corporativo. O estudo diz que 58% dos colaboradores dá prioridade a trabalhar em empresas que assegurem o seu bem-estar físico e mental. Assim, é importante desenvolver um programa robusto de saúde e bem-estar para os colaboradores e abordar o impacto da atividade profissional na saúde mental e na fadiga.

4| Digital em primeiro lugar – A tecnologia permite tudo, sendo essencial para a empresa ter um ecossistema dinâmico e interligado entre parceiros e tecnologias. A rápida transformação digital significou passarmos a ter acesso a tudo, em qualquer momento, a partir de qualquer lugar, com qualquer equipamento ou qualquer app. É crucial capitalizar o poder dos ecossistemas digitais para acelerar a transformação do trabalho, dos colaboradores e do espaço de trabalho.

5 | Corrida para as zero emissões líquidas – O imobiliário corporativo será crítico para atingir as metas de zero emissões líquidas de carbono. O compromisso global para estas metas duplicou em menos de um ano. Abrange agora 22 regiões, 452 cidades, 1.101 empresas, 549 universidades e 45 dos maiores investidores. Recorde-se que 40% das emissões de gases de efeito de estufa provêm de edifícios (se não forem controlados, podem duplicar até 2050) e que os edifícios geram um terço do consumo de energia a nível global. É crucial acelerar a adoção de estratégias de descarbonização nos portfólios de imobiliário corporativo e ao longo do ciclo de vida dos imóveis.

6| Imobiliário responsável – O compromisso para trazer uma mudança positiva através do imobiliário estará no topo da agenda das estratégias de imobiliário corporativo em 2021. Repensar um mundo melhor por via do ambiente construído. É importante melhorar o ambiente construído para trazer uma mudança positiva e sustentável que incentive a saúde e a prosperidade das pessoas e do planeta.

7| Urbanização distribuída – A procura por um modelo urbano mais sustentável e resiliente irá resultar na mudança da lógica espacial das cidades. Evidencia-se a emergência de uma cidade policêntrica, mas altamente conectada. Alinhar a estratégia de localização com a nova lógica espacial das cidades será uma forma de trazer sustentabilidade e resiliência para o portfólio de imobiliário.

Imagem de Free-Photos por Pixabay

8| Transformação Flex – O espaço de trabalho flexível será uma ferramenta estratégica central para dar agilidade aos portfólios no pós-Covid. O estudo mostra que 33% dos diretores de imobiliário corporativo das empresas antecipa que o uso de coworking/espaço flexível vai aumentar no pós-Covid, a par de uma inovação neste tipo de produto. Integrar espaços flexíveis no portfólio imobiliário da empresa será uma forma de dar resposta às preferências de trabalho em mudança.

9| Métricas de futuro – Novas métricas e perspetivas serão a base para a melhoria dos portfólios com a monitorização de dados para agilizar o futuro do trabalho. Nos próximos três anos, 70% das métricas que as empresas adotarão serão não-tradicionais, estando centradas no desempenho humano, no portfólio e no imobiliário responsável. Construir uma cultura orientada para a monitorização através de métricas permitirá tomar decisões baseadas em dados em tempo real.

10 | Resiliência – A transformação constante requererá uma resiliência constante, sendo adaptável, ágil e responsável. Conclui o estudo que 42% dos colaboradores diz que a sua empresa quer promover uma empresa resiliente, apta a inovar e adaptar-se a crises futuras. Integrar um elevado nível de elasticidade na estratégia de imobiliário corporativo permitirá adaptar a empresa às constantes mudanças na procura.

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