A taxa de desemprego em Portugal igualou o valor médio na Zona Euro (9,1% em julho). Jorge Andrês Correia conta, neste artigo, a sua experiência no mercado de trabalho nacional.
Corria o longínquo ano de 2012, eu tinha terminado a minha licenciatura em Comunicação Social, e estava esperançado de poder viver do jornalismo, área que na altura me apaixonava. Certo é que, terminado o curso, em setembro comecei a enviar os primeiros currículos, em formato europass, com as suas 3 ou 4 páginas. Enviava de forma massiva para tudo o que envolvesse o mundo jornalístico.
Lembro-me de na primeira semana andar entusiasmado com a possibilidade de trabalhar em grandes meios de comunicação, eventualmente até de nível internacional. Mas esse entusiasmo foi-se desvanecendo. Conclusão: depois de mais de 70 currículos enviados, recebi apenas quatro respostas; duas negativas e duas positivas para estágio profissional.
O estágio não correu de feição e vi-me na obrigação de sair do país pela primeira vez, tendo regressado rapidamente para seguir num mestrado em outra área que não o jornalismo. Ironia das ironias: apareceu a oportunidade de trabalhar em jornalismo, tendo sido o meu primeiro emprego, conciliado com o mestrado.
Cedo percebo que ser jornalista não seria a melhor carreira. Então, terminado o contrato, tive mais duas idas para o estrangeiro. Primeiro Espanha e depois República Checa (curiosamente o país com menos desemprego na Zona Euro a par da Alemanha. Quem lá está/esteve percebe o porquê, mas isso fica para outro artigo).
Quando decidi regressar definitivamente para Portugal e assentar arraiais, o panorama mudou completamente. O mercado mudou, as oportunidades eram mais e melhores, mas os candidatos também foram obrigados a evoluir. O europass já não existe, passou a ser um currículo personalizado para cada candidatura, anexado com uma carta de apresentação/motivação. Se possível, acompanhado com chamada ou presença física.
Aquando da última candidatura, dos 15 currículos enviados, obtive 6 respostas, todas positivas. A passagem pelo estrangeiro ajudou, claro, mas a evolução na procura de emprego foi fulcral. Afinal, procurar trabalho é, por si só, um trabalho. Mas mesmo assim é um rácio fantástico para alguém que tem pouco mais de 3 anos de experiência. O que mudou afinal?
Em conversa com pessoas de Recursos Humanos, todos respondem da mesma forma: As empresas ‘puxaram dos galões’, o turismo ajudou a melhorar o ‘panorama negro’ do país, e os inventivos aumentam a confiança de toda a gente. Assim sendo, há um ensejo diferente. Se antes eram os candidatos que suplicavam por um lugar numa empresa, atualmente vêem-se lugares vazios por dias, semanas e até meses, devido à possibilidade que os candidatos têm de escolher algo mais próximo de casa, com melhor salário, com hipóteses de crescer.
Segundo os profissionais de RH, antes, uma vaga atraía 400 candidatos, escolhiam-se 20 para entrevista e todos apareciam. Ficava o melhor. Atualmente, a mesma vaga traz consigo 100 currículos e ao chamar 20 para serem entrevistados, aparecem dez, se tanto. Isto obriga a duas coisas: as empresas têm de melhorar as condições ou escolher candidatos menos adequados, tendo que os manter por saberem da volatilidade que o mercado enfrenta atualmente.
Claro que não se pode generalizar, mas é uma boa introdução aos tempos que vivemos, os que vamos viver e as mudanças que ocorrem todos os dias. As oportunidades de trabalho existem, atualmente, em Portugal. É preciso saber procurar no mercado de trabalho o emprego certo e, ao encontrá-lo agarrá-lo de forma assertiva.