O mercado de trabalho português tem registado mudanças substanciais, impulsionadas pelo aumento do emprego e pela inclusão de trabalhadores estrangeiros, além do crescimento de setores como tecnologia e turismo. Com uma população ativa em transformação, o país encontra-se numa encruzilhada entre o crescimento económico e os desafios do desemprego jovem e da precariedade laboral.
Crescimento do Emprego e o Problema do Desemprego
Portugal conta atualmente com 5,14 milhões de trabalhadores empregados, refletindo uma década de crescimento laboral. No entanto, a taxa de desemprego persiste em 6,7%, e um alarmante 51% dos desempregados está há mais de 12 meses sem emprego, evidenciando o problema de desemprego de longa duração. Este cenário é agravado pelo desemprego jovem, que atinge os 20,3%, muito acima da média da União Europeia (13,6%). Além disso, 261.800 jovens entre os 16 e os 34 anos não estudam nem trabalham, e 54,5% dos jovens entre os 25 e os 34 anos ainda residem com os pais devido a limitações financeiras.
A população estrangeira representa um contributo essencial para o mercado de trabalho português, com cerca de 495.000 estrangeiros empregados, o que constitui 13% da força laboral. Esta mão-de-obra é crucial em setores como a hotelaria e a construção civil, onde estrangeiros compõem 33% e 25% dos trabalhadores, respetivamente. O turismo, que representa 20% da exportação de bens e serviços, beneficia diretamente deste contingente. Contudo, 17,8% dos trabalhadores têm contratos precários, um desafio para a estabilidade laboral.
Demografia e Qualificação da População Ativa
Portugal enfrenta uma estrutura demográfica envelhecida, com 24% da população com mais de 65 anos. Em contrapartida, a população ativa é mais qualificada do que no passado, com 32,8% dos trabalhadores a possuir formação superior. As mulheres representam uma maioria entre a população ativa e nos cursos superiores, com 52,4% da força laboral e 58% dos diplomados.
Portugal destaca-se como um polo de inovação e empreendedorismo, com 2.500 startups e uma cultura de trabalho remoto que atrai talentos globais. Atualmente, 18% da população empregada trabalha em regime de teletrabalho, posicionando o país como um destino atrativo para profissionais remotos. Apesar destes avanços, o PIB per capita ainda é 74% da média da UE, o que evidencia a necessidade de investimentos contínuos para alinhar o nível de rendimento ao padrão europeu.
Na OCDE Taxa de Desemprego Mantém-se Estável em 4,9%
Em setembro de 2024, a taxa de desemprego na zona OCDE manteve-se estável em 4,9%, um valor que se situa em torno dos 5,0% há cerca de 30 meses. Dos 38 países da OCDE, 26 mantiveram o desemprego inalterado em relação a agosto, enquanto quatro registaram um aumento e dois observaram uma redução. A Espanha continua a ser o único país da OCDE com uma taxa de desemprego de dois dígitos, ao passo que seis países apresentam taxas inferiores a 3,0%.
Na União Europeia, o desemprego também se manteve estável, com níveis historicamente baixos de 5,9% na média da UE e de 6,3% na zona euro. A Grécia destaca-se pela redução significativa da sua taxa de desemprego ao longo do ano, com uma diminuição acumulada de cerca de 2 pontos percentuais.
A situação varia também entre diferentes faixas etárias e géneros: a taxa de desemprego entre as mulheres (5,1%) continua a ser mais elevada do que entre os homens (4,7%) na OCDE, embora esta diferença se inverta em alguns países, incluindo os do G7. Na Letónia, o desemprego masculino é significativamente mais alto do que o feminino, enquanto na Turquia o contrário acontece, com uma diferença de 5,6 pontos percentuais em favor dos homens.
Entre os jovens com idades entre os 15 e os 24 anos, o desemprego diminuiu ligeiramente em setembro, apesar de um aumento de 0,7 pontos desde janeiro, permanecendo acima dos 20% em oito países da OCDE, o que evidencia desafios persistentes para esta faixa etária.