O mercado de trabalho português começou o ano de 2025 com sinais positivos. Os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que o número de pessoas empregadas continua a aumentar, enquanto o desemprego mantém a tendência de queda, fixando-se nos 6,2% em janeiro. Segundo as estatísticas provisórias, houve um aumento de 33.900 pessoas empregadas face ao mês anterior, representando um crescimento de 0,7%.
Este cenário reflete a continuidade da dinâmica de crescimento sustentado do emprego, que tem vindo a bater recordes, atingindo 5.167.300 pessoas empregadas. A queda do desemprego foi particularmente sentida entre jovens dos 16 aos 24 anos e entre homens, ambos com uma redução de 3,8% na taxa de desemprego.
Contudo, os dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) mostram uma realidade mais complexa. O desemprego registado nos Centros de Emprego aumentou 4,1% em janeiro, um movimento sazonal esperado após o pico de atividade económica do final do ano. O setor dos serviços foi o mais afetado, representando 74% do crescimento mensal do desemprego registado, especialmente em áreas como comércio, alojamento e restauração, e atividades administrativas.
Crescimento do emprego acompanha recorde na população ativa
Comparando com janeiro de 2024, o número de empregados aumentou em 107.900 pessoas (+2,1%), enquanto a população ativa superou os 5,5 milhões de trabalhadores. A tendência reflete a capacidade de absorção do mercado de trabalho, uma vez que o aumento do emprego superou a redução do desemprego.
A desaceleração económica pós-período festivo e mudanças tecnológicas em alguns setores têm provocado ajustamentos no mercado de trabalho, sobretudo em áreas ligadas à informação e comunicação (+23,5%), consultoria e atividades científicas (+18,7%) e transportes e armazenagem (+15,3%).
Para Isabel Roseiro, diretora de Marketing da Randstad Portugal, os dados refletem um mercado sólido, mas que exige estratégias de adaptação. “Os dados do INE mostram uma consolidação do mercado de trabalho, com um crescimento sustentado do emprego e uma taxa de desemprego que se mantém em níveis relativamente baixos. No entanto, os dados do IEFP revelam uma realidade mais complexa, com o setor dos serviços a registar um aumento do desemprego devido a efeitos sazonais e à desaceleração da atividade económica após o período festivo. Estes movimentos reforçam a importância de estratégias de adaptação no recrutamento e na gestão de talento.”
A especialista destaca ainda que a requalificação profissional e a mobilidade dentro do mercado de trabalho serão fatores decisivos para garantir maior previsibilidade e estabilidade no emprego.
Perspetivas para os próximos meses
Apesar do impacto sazonal no desemprego registado, o mercado de trabalho português mantém uma trajetória positiva, sustentada pelo crescimento da população ativa e pelo aumento contínuo do número de trabalhadores empregados. A evolução nos próximos meses dependerá da capacidade das empresas e dos profissionais se adaptarem às mudanças estruturais e tecnológicas que continuam a transformar o panorama laboral.