Mas afinal, o que significa “Network Effects”, esta palavra tão usada em Silicon Valley, e idolatrada pelos gurus da tecnologia?
Desde famosos empreendedores a prestigiadas firmas de investimento, têm uma nova palavra em comum que todos/as adoram: “Network Effects” (ou redes de contágio em Português) é a arma mais poderosa para crescer a um ritmo vertiginoso, sem precedentes, que permite ganhar autoridade de marca e domínio do mercado.
Recentemente, Reid Hoffman, co-founder do LinkedIn, founding team member da PayPal, e investidor no Facebook, Airbnb e muitas outras startups de prestígio através da firma de investimento Greylock Partners, lançou um livro chamado Blitz Scaling no TechCrunch Disrupt em 2018, que fala precisamente como atingir rápido crescimento, efeitos de contágio de produto viral, e domínio de mercado.
“BlitzScaling“, um termo que foi criado numa das classes lecionadas por Reid Hoffman e Chris Yee em Stanford, reclama que “Blitzscaling é crescer a um ritmo super-rápido, sem precedentes onde a velocidade é preferível versus a eficiência”.
Na cultura europeia, pensamos que este tipo será um pouco estranho, ou incorreto a nível empresarial, mas BlitzScaling também acontece em indústrias não ligadas à tecnologia. A marca espanhola Zara, por exemplo, atravessou uma fase de BlitzScaling, quando o fundador, Amancio Ortega, era obcecado por colocar artigos de roupa em linha de produção, que o público gostava.
Um dos episódios bem famosos, aconteceu em meados de 1990, Ortega viajava num táxi em Madrid, e fotografou um rapaz que conduzia um motociclo com um casaco de ganga e patches. Ortega tirou fotos ao casaco, lançou para a Fábrica e em menos de 2 semanas a peça de roupa estava em varias lojas espanholas e portuguesas, onde numa cadeia rival como por exemplo H&M demoraria 6 meses.
Ortega conseguiu criar uma mecânica de crescimento tão rápida, que em menos de 24 horas conseguiria entregar novas linhas de coleção em qualquer loja Zara na Europa, e em menos de 48h no restante do mundo.
Casos de sucesso como Uber, Facebook, Google e Airbnb, onde estas empresas de tecnologia “startups” recebem elevadas quantias de investimento, permitem-lhes ganhar autoridade de marca, mercado, e “first to win” (primeiro a ganhar).
Outro caso de sucesso que justificou este novo termo (que explica o exagerado financiamento destas empresas tecnológicas de acordo com o panorama Europeu) é o da Amazon.
Durante anos, Jeff Bezos, teve que fazer os seus investidores “libertarem” mais dinheiro, pois a startup não era lucrativa. Contudo, Jeff Bezos sempre acreditou que quando a Amazon atingisse determinado volume de vendas, utilizadores, domínio de áreas de negócio, e qualidade, iriam desbloquear margens de receita muito mais altas do que qualquer outro competidor, e com uma grande vantagem, escalabilidade.
Outro estudo ilustrado no livro, é o caso de sucesso do Airbnb. Em meados de 2011, a startup que revolucionou a indústria de traveling, tinha um rival Europeu criado pelos Irmãos Sawmer (Alexander Sawmer, Marc Sawmer e Oliver Sawmer), com o nome de Wimdu.
Wimdu era um clone perfeito do marketplace Airbnb, com uma grande diferença: Tinha recebido $90 Milhões de investimento, 400 funcionários, e uma equipa de fundadores que já tinha criado clones de empresas como o Groupon e vendido com sucesso por biliões de dólares americanos.
No livro BlitzScaling, Brian Chesky, Co-founder e CEO do Airbnb, conta que os $90 milhões versus os $7 milhões de investimento que o Airbnb teria recebido até a data, punha a startup em risco e também a capacidade de expansão na Europa (mercado mais importante para o arranque de qualquer empresa na indústria de hotelaria).
Brian conta no livro que não teve outra hipótese se não batalhar e ir contra os “Sawmer Brothers”, e lutar para atingir o crescimento massivo, citando “Eles (os irmãos Sawmer), não querem fazer crescer este bebê (a Wimdu, rival da Airbnb), só querem fazê-lo nascer e dá-lo para adopção o mais rápido possível. Então o maior desafio que eu irei criar é que eles vão ter que fazê-lo crescer, e educá-lo por muito, muito tempo.”
Parece bastante controverso, mas este desafio de gerir a empresa, fazê-la crescer, foi algo que se tornou no “kiss of death” (beijo da morte) para a empresa alemã, pois Brian afirma que “o melhor produto vence” (esta frase “o melhor produto vence” foi citada numa conversa privada entre Mark Zuckerberg e Brian Chesky, quando Brian pediu o conselho a Mark de como proceder em relação a esta ameaça causada pelos Irmãos Sawmer).
Após ter feito, um preâmbulo do tipo de histórias podem esperar no livro BlitzScaling (uma das maiores buzzwords em Silicon Valley no momento), este é o verdadeiro segredo que origina as Network Effects à escala mundial, e capacidade de criar centenas de empresas líderes em Silicon Valley.
Reid Hoffman, cita que “muita gente pensa que em Silicon Valley, nós somos grandes ‘geeks’ ou ‘nerds’ de tecnologia, mas a realidade é que somos completamente obcecados com a inovação de negócio e como podemos atingir a escala massiva mais rapidamente do que qualquer outro competidor”.
Obviamente que para criar empresas líderes de mercado, como é o exemplo de Silicon Valley, existe um “à vontade” e “facilidade” de recolher grandes rondas de investimento, onde a prioridade é fazer crescer a comunidade, número de transações, quota de mercado, e fator de “branding” como marca líder.
Em tempos de Web Summit, certamente esse será um dos assuntos mais importantes para refletir, em que não basta criar hubs atrativos para startups criarem escritórios, ou climas “veranis”, mas que o mais importante passa por investir numa educação que, a par da de Silicon Valley, permite criar empresas líderes.
“Network Effects” é a arma mais poderosa para crescer a um ritmo vertiginoso e ganhar autoridade de marca e domínio do mercado
As tecnologias certas
Em nota pessoal, como Head of Engineering e Technology na Youcanevent.com, gostava de ressalvar para todos os jovens empreendedores que estão a começar a escalar as suas startups, que há certas tecnologias que são necessárias para garantir que a escala seja medida, analisada e repetida:
Cloud servers
a) Azure
b) AWS
c) Google Cloud
Recentemente, a Google lançou um programa de incentivo para startups, como o Spark Program, que oferece mais de $20,000 em perks que podem ser utilizados, por exemplo, em servidores, dando (em média) 1 ano de servidor gratuito para uma startup em fase de escala.
Business Intelligence
a) Metabase
Metabase é uma das ferramentas mais impressionantes que encontramos recentemente. Permite fazer conexões com todas as base de dados em SQL ou MySQL existentes em qualquer plataforma e refletir os dados num dashboard bastante simples e intuitivo.
No caso da nossa Youcanevent.com, nós precisamos de traquear informações, tais como:
– Número de propostas recebidas por cada evento
– Budget total disponível por eventos criados ao dia
– Budget total inserido nas propostas enviadas por fornecedores
Isto são só exemplos que nos ajudam a perceber a dinâmica econômica do nosso marketplace e o impacto que é gerado na indústria dos eventos.
Recentemente analisámos que, por dia, eram enviadas cerca de 109 propostas com um valor total de $635,000, o que representa $19,050,000 (milhões de dólares) em propostas para organizadores de evento. Estas métricas provavelmente não significam nada para outros negócios, nem servem como obrigatoriedade para tracking no Metabase, são só exemplos do que se pode trackear através desta ferramenta.
Analytics
a) Google Analytics
b) Hotjar
Management
a) Trello
b) Pipedrive
c) 3Y Productivity
Este foi um método desenvolvido por nós na Youcanevent, onde todas as semanas fazemos um tipo de preparação semanal que nos ajuda a antever, calendarizar e executar as tarefas, para dessa maneira atingir os objectivos necessários de forma mensurada.
Mais informações sobre esta técnica estão disponíveis neste vídeo:
Achei que não valeria ir ao detalhe em relação às outras ferramentas mencionadas, pois são bem conhecidas já pelo ecossistema empreendedor. Qualquer dica ou sugestão de nova ferramenta podem sempre contactar-me via LinkedIn e responderei com todo o prazer.
Em suma, neste artigo a minha opinião, passa por revelar uma buzzword que vem explicar alguns dos ingredientes de casos de sucesso em Silicon Valley, onde definitivamente aconselho a sua leitura para qualquer empreendedor, “business geek” ou amante de tecnologia.