Carlos Elavai: “Executivos Devem Preparar-se para Cenários Geopolíticos com Impactos Profundos nas Empresas”

Estudo da BCG revela quatro cenários geopolíticos que os CEOs devem considerar para gerir riscos e preparar estratégias eficazes na próxima década.

Na foto: Carlos Elavai, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa.

O atual panorama geopolítico global, marcado por tensões crescentes e instabilidade entre as nações, está a gerar uma crescente incerteza para as empresas. Segundo o estudo da Boston Consulting Group (BCG) intitulado “Geopolitical Risk Is Rising. Here’s How CEOs Can Prepare”, os líderes empresariais devem reforçar as suas capacidades de análise geopolítica e incorporar potenciais desenvolvimentos globais na sua tomada de decisões. A BCG prevê quatro cenários geopolíticos que poderão moldar a próxima década, influenciando diretamente o ambiente de negócios.

Carlos Elavai, Managing Director e Partner da BCG em Lisboa, alerta os líderes empresariais para se prepararem “para cenários geopolíticos plausíveis, desenvolvendo planos de contingência e gestão de riscos, pois os conflitos em curso, e os que possam surgir, terão impactos profundos nas empresas e cadeias de abastecimento.”

Foto de Elevate em Pexels

Empresas precisam de reforçar as suas estruturas de gestão de risco geopolítico

O estudo realça a necessidade de as empresas se adaptarem às perturbações geopolíticas. Para isso Carlos Elavai recomenda que os executivos:

  • Monitorem continuamente o cenário geopolítico, criando indicadores que funcionem como sistemas de alerta para eventuais crises que possam afetar o negócio;
  • Planeiem respostas detalhadas para riscos, criando equipas especializadas em geopolítica que possam gerir estas situações com eficácia;
  • Mantenham uma análise constante dos cenários e atualizem os seus planos à medida que o contexto global evolui;
  • Desenvolvam estruturas ágeis para garantir que a informação flui rapidamente dentro da organização e que as respostas sejam rápidas e eficazes.
Exportações
Foto: Pixabay

Os quatro cenários geopolíticos para a próxima década

  1. Regresso ao futuro: O cenário mais otimista, embora improvável, caracteriza-se por um renascimento da cooperação internacional, com o comércio livre a prosperar, os conflitos militares a diminuírem e as cadeias de abastecimento a funcionarem sem entraves. Países do Sul Global, como os africanos, veem a sua participação nas rotas comerciais globais aumentar.
  2. Proliferação de conflitos regionais: Aqui, observamos o surgimento de conflitos militares regionais, sem um envolvimento direto das grandes potências. Este cenário leva a uma maior volatilidade dos preços dos bens de consumo e perturbações nas cadeias de abastecimento devido à instabilidade.
  3. Rivalidade multipolar: Neste cenário, vários blocos globais coexistem, evitando conflitos diretos entre grandes potências, mas com normas comerciais e políticas distintas entre blocos. A inflação mantém-se ligeiramente superior aos níveis pré-pandémicos devido à fragmentação do comércio mundial.
  4. Escalada global de conflitos: O pior cenário, marcado por uma escalada de conflitos económicos e militares, com grande envolvimento das potências mundiais. As cadeias de abastecimento sofrem grandes perturbações, os preços energéticos disparam e a inflação aumenta significativamente.

Estes cenários são alguns dos quadros informativos que permitirão avaliar a direção das dinâmicas globais a médio prazo e ajudar os líderes empresariais e respetivas equipas a ganharem um sentido de orientação num mundo cada vez mais imprevisível.

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