Corre o ano de 1985 quando as duas personagens do ‘Regresso ao Futuro II’ entram no Delorean, uma espécie de carro de corrida mais máquina do tempo, que os acaba por transportar até 2015.
E se nós pudéssemos entrar agora no Delorean e calibrar o ‘flux capacitor’ para daqui a mais trinta anos, o que encontraríamos? Infelizmente não tenho o carro mas posso tentar adivinhar algumas das tecnologias que se poderão tornar comuns em 2045.
Esperei 30 anos para escrever este artigo, por isso vamos a isto:
1. The Internet of Things: A Internet das Coisas (ou The Internet of Things, acrónimo IoT) não é um termo novo, já que as empresas de tecnologia e especialistas o têm vindo a discutir este tema há décadas. A primeira torradeira conectada à internet foi revelada numa conferência em 1989.
O conceito é simples: trata-se de ligar dispositivos através da internet, deixá-los falar connosco, com outras aplicações e com outros dispositivos. Tudo é passível de ser conectado, desde telemóveis, máquinas de café, máquinas de lavar, lâmpadas, dispositivos portáteis e quase qualquer outra coisa que possamos pensar. Mas a IoT é muito mais do que casas inteligentes e aparelhos conectados, é também um mundo conectado.
As cidades podem ser inteligentes – com sinais de trânsito ligados que monitorizam o tráfego e se adaptam a ele, ou caixotes do lixo inteligentes que sinalizam quando necessitam de ser esvaziadas, aplicações na indústria, com sensores conectados para tudo, ou na agricultura, com monitorização e mesmo tratamento e recolha das colheitas. Nestes dois últimos casos a IoT levará não só a um aumento da produção mas também a uma redução de custos.
Uma área onde a IoT será certamente muito aplicada é a da saúde. O desenvolvimento de comprimidos inteligentes (Smart Pills) e de sensores corporais conectados já começa a ser uma realidade. Como exemplo, a Intel criou uma banda inteligente que controla o quanto os pacientes com Parkinson tremem; o ‘Sonamba’ monitoriza as atividades diárias de pessoas idosas ou doentes, prestando atenção para anomalias perigosas. Existem também outros aparelhos que detetam ritmos cardíacos anormais em pessoas com doenças cardíacas.
Um exemplo de Big Data são os petabytes (1024 terabytes) ou exabytes (1.024 petabytes) de dados que consistem em milhares de milhões de milhões de milhões de registos de milhões de pessoas, todos provenientes de diferentes fontes (como por exemplo, web, vendas, clientes de centros de contato, social media, dados móveis…). Estes dados são normalmente pouco estruturados e a identificação de correlações entre eles requer uma grande estrutura de Big Data para os processar.
Mas ‘Big Data’ também pode significar um termo bastante assustador. Com as preocupações de privacidade e segurança de dados que atualmente existem, corre uma forte convicção que o comum cidadão deverá ter o direito a manter privados os seus registos de navegação e outros dados pessoais. No entanto, com o crescente controlo por parte dos governos e das grandes empresas de internet que querem capitalizar com os dados que conseguem registar, a privacidade torna-se cada vez mais algo difícil de conservar.
O Quantum Computer funciona de modo diferente dos computadores tradicionais, usa o QuBit em vez do Bit, e é arrefecido até uma parte milimesicamente próxima do zero absoluto de modo a explorar as propriedades mais ‘bizarras’ da mecânica quântica. Já ouviram falar de algo estar em dois sítios ao mesmo tempo? Bem… nos Quantum Computers o QuBit está a 0…. e a 1 ao mesmo tempo. Estranho não é? No entanto esta é a forma que permite que estes computadores disponham da capacidade de resolver problemas muito, muito complexos e não de procedimento, exatamente os que podem ser aplicados na área da Inteligência Artificial (aconselho a verem o vídeo em baixo, é um pouco longo mas muito explicativo).
Mas para que quereremos ter computadores tão inteligentes como nós? Não será o sonho de qualquer criador dotar as máquinas de uma capacidade de aprendizagem tal que possam vir a realizar qualquer tarefa que o ser humano executa? E já agora, não será o sonho de qualquer empresa criar uma máquina que possa usufruir dessa capacidade por um preço mais baixo? (leia-se: vamos substituí-los por robôs que trabalham mais, e não se queixam de nada, nem do pagamento).
É certo que a industrialização permitiu aumentar o número de empregos… bom pelo menos no início. Mas não será a IA a tecnologia mais ‘disruptive’ que o mundo já viu? De certo tudo isto vai muito além do interessante, mas neste momento existe muita gente preocupadíssima com os avanços nesta área, e em como os mesmos podem vir a alterar todo o paradigma social e de trabalho. E já não falo da possível criação da Artificial Super Intelligence (ASI) e das consequências que daí poderão advir (mas quem quiser entretenha-se).
Com a distribuição e a massificação destas tecnologias, algumas empresas, entre as quais a Oculus Rift (recentemente comprada pelo Facebook por mais de 2 biliões de dolares), a Sony e a Samsung, têm estado a desenvolver hardware e software que permitem ao utilizador experimentar um elevado grau de imersão num mundo virtual gerado por computador.
Estes novos ‘gadgets’ possibilitarão num futuro próximo oferecer uma experiência virtual cada vez mais indistinguível da realidade. Prevê-se que a médio prazo, as tecnologias de realidade virtual possam não só afetar o sector do entretenimento (leia-se videogames) mas também outros sectores tais como a engenharia, a indústria (prototipagem de produtos), o turismo e muitos outros.
O preço e a sofisticação dos drones estão a permitir que um número cada vez maior de pessoas tenha acesso aos mesmos. A inovação é tão diversa que estão sempre a surgir no mercado novos produtos e novas utilizações. Hoje em dia existem empresas que já comercializam drones inteligentes capazes de seguir os seus donos autonomamente, fazendo vídeos ou reportando informação para os próprios telemóveis. É caso para dizer que qualquer dia cada um de nós terá o seu próprio drone pessoal tal como hoje temos o nosso telemóvel.
Na área industrial, a robótica esta a tornar-se mais mainstream através da nova tecnologia de impressão 3D, diminuindo largamente os custos de produção da indústria. Mais recentemente, é na área da saúde onde se veem os maiores progressos, com a criação de membros biónicos ou próteses robóticas que dão mobilidade a pessoas com deficiência.
Do mesmo modo estão a ser desenvolvidos robôs para aplicações militares, estando inclusive o exército dos Estados Unidos a trabalhar com algumas empresas para o desenvolvimento de robôs, androides e outros ‘gadgets’ que possam ser utilizados em cenários militares. Outros no mundo lhes seguirão com certeza.
Por último, estão também a ser desenvolvidos robôs para serem vendidos ao público em geral que executarão tarefas domésticas ou lúdicas. Quem sabe um dia não poderemos ter o nosso próprio assistente pessoal a seguir-nos… ou em casa… à nossa espera
Hoje, 21 de Outubro de 2015, chegamos finalmente à data em que Marty McFly chega ao futuro e depara-se com um mundo totalmente inesperado e agressivo. Acho que ninguém merece ter essa sorte, por isso resolvi partilhar convosco esta lista, com a esperança que desperte ainda mais a vossa curiosidade sobre estes temas.
Vemo-nos em 21 de Outubro de 2045. Até lá!
PS – Vejam os vídeos, especialmente o da Inteligência Artificial e o da Robótica, são grandes mas valem mesmo a pena!