Os organizadores da The South Summit, uma competição de startups, realizaram um estudo sobre o ecossistema empreendedor em Espanha, Europa do sul e América latina.
O estudo traça o perfil do empreendedor em cada uma destas regiões, segmentando por diversas características nomeadamente habilitações literárias, idade, género, razões para empreender, entre outras.
Embora focado no ecossistema de Empreendedorismo espanhol, seria um exercício interessante avaliar a similaridade com o ecossistema português, nomeadamente porque muitos das conclusões referidas são comuns entre os dois países, nomeadamente no que se refere à imaturidade do fenómeno do empreendedorismo em Portugal e Espanha e também ao nível de desemprego originado pela crise.
O estudo baseou-se num universo 2.959 candidatos, com uma amostra: de 1.450 empreendedores e baseou-se nos mercados Espanhol, Europa do Sul (mediterrânica) e América Latina (ver link do estudo no final do artigo).
Algumas conclusões mais precisas deste estudo:
Idade: Uma das primeiras coisas que se destacam no relatório é a idade média dos empresários. No sul da Europa e América Latina, a proporção de empreendedores na faixa etária de 25 a 34 anos de idade parece ser a mais comum.
Espanha mostra um desvio desta tendência, mostrando uma inclinação em direção a um grupo mais velho de empreendedores. Com a atual taxa de desemprego em Espanha em 25,1% e a taxa de desemprego dos jovens (pessoas com menos de 25 anos de idade) em 54%, é interessante ver uma população mais velha abraçando empreendedorismo.
Habilitações: Na frente educacional, não há muitas surpresas. A grande maioria dos empreendedores têm habilitações superiores. É interessante notar que na América Latina muito poucos empresários não têm diploma universitário.
Situação: Os dados sobre a situação dos empresários mostram que menos de 10% dos empresários estavam desempregados antes de iniciar um negócio, enquanto 33% eram previamente empresários. Além disso, 49% deixaram seus empregos anteriores em favor da criação de uma empresa.
Existem uma distinção entre aquelas pessoas que perderam o emprego e aquelas que por alguma razão já estão cansadas de seu actual trabalho ou que estão na iminência de serem despedidas. Aqui o estudo mostra que 94% dos empresários pertence a esta segunda categoria o que apoia a tese que mostra a tendência para uma nação Freelance.
Startups: A maioria das startups têm ou um pessoa (auto-emprego) ou menos do que cinco pessoas.
No caso de startups com mais de cinco empregados, a diferença entre o sul da Europa e na Espanha é gritante. Isto pode indicar uma falta de capital ou simplesmente uma falta de ambição da maioria das startups espanholas.
O fenómeno do empreendedorismo em Espanha é ainda relativamente incipiente, quando comparado com o resto da região do Mediterrâneo e até mesmo América Latina. No geral, os empreendedores principiantes são os mais numerosos, contrastando com a média das idades de startups no resto do mundo, onde 61% dos projectos empresariais tendem para a faixa de um a três anos de idade.
Sectores: O sector das Tecnologias de Informação é o mais predominante nas novas startups, seguido de B2C e B2B. Em Espanha existe uma tendência maior para as startups da agricultura e produtos biológicos e da sustentabilidade quando comparado com o resto das regiões.
Financiamento: A maioria dos espanhóis ainda estão a financiar os seus próprios projetos, notando-se uma discrepância em relação aos países do Sul da Europa. Uma das razões tem a ver com a dificuldade atual de conseguir financiamento devido à ainda crise de crédito. Outra razão tem a ver com o facto dos projetos não terem ainda atingido a maturidade e o grau de competitividade suficiente.
Este estudo mostra bem as diferenças predominantes entre estes 3 ecosistemas, com especial relevância para as seguintes conclusões:
A look at the state of entrepreneurship in Spain, Southern Europe and Latin America [Inglês]