Dentre estas ilustres personalidades, destacamos o empresário e empreendedor, Celso da Rocha Miranda. Celso foi um exemplo a ser seguido pelos empreendedores contemporâneos. Foi criador de uma das maiores e mais importantes empresas de vários segmentos, com destaque para o ramo segurador, como a Ajax Corretora de Seguros, que se tornou a maior corretora da América Latina, liderando a Companhia Internacional de Seguros, precursora em muitas frentes, que tornou-se a maior seguradora independente do setor e, para o ramo da aviação, controlando a Panair do Brasil S.A., a pioneira empresa aérea brasileira, que criou alto padrão de qualidade e prestava serviços assistenciais à nação, servindo de suporte para o seu desenvolvimento, entre muitos outros.
A antecipação às demandas do país e a diversificação dos negócios empreendidos por Celso da Rocha Miranda são características primordiais de seu perfil. Essas competências são essenciais para que um empreendedor de sucesso desenvolva com êxito os seus negócios. Afora isso, a obstinação do empresário pelo caminho que levaria ao progresso nacional, o levou a criar grandes empreendimentos que não tinham necessariamente o objetivo de somente de obter lucros, mas sim, de prestar serviços para o país, constituindo talvez, um dos primeiros casos de responsabilidade social empresarial, em grande escala, de que se tem notícia no Brasil.
Enquanto atualmente, os novíssimos modelos empresariais, as startups, propõem como objetivo de seus negócios a prestação de serviços assistenciais à sociedade como um todo, Celso da Rocha Miranda já trilhava esse caminho, há muitos anos atrás e em elevadíssimo patamar, pois representava a vanguarda do empresariado brasileiro. Exemplo disso, é a criação da Fundação Casa do Brasil em Londres, que tinha como objetivo a inserção de jovens estudantes brasileiros nas universidades inglesas. Posteriormente, os fundos desta obra foram direcionados para a Universidade Católica de Petrópolis, cidade serrana localizada no Estado do Rio de Janeiro, através da Fundação Dom Manuel, que até os dias de hoje oferece bolsas de estudos para brasileiros. Não podemos deixar de mencionar ainda, o caso da célebre Panair do Brasil, empresa de aviação da qual era controlador e que foi levada à quebra durante o regime militar por perseguição política a ele.
A Panair do Brasil era uma empresa aérea conhecida mundialmente, sobretudo por seu padrão intitulado ‘Padrão Panair’, tamanha a qualidade da prestação de seus serviços. Foi a empresa que equipou os aeroportos brasileiros, criou as maiores e melhores tecnologias em termos de aviação, ligava os territórios mais longínquos do nosso país para oferecer ajuda à população – tendo em vista o atraso em que o país vivia no que diz respeito à estrutura e integração nacional, era conhecida como ‘embaixada brasileira’ através de suas agências sediadas mundo afora -, entre muitos e outros grandiosos feitos, com Celso da Rocha Miranda sempre à frente, agregando desenvolvimento, tecnologia, assistencialismo e responsabilidade social.
Outro grande exemplo é a sua atuação na emblemática Companhia Internacional de Seguros, a primeira companhia exportadora de seguros do Brasil, o que deu a ele o título de integrante do ‘Clube do Exportadores de Um Milhão de Dólares’, concedido pela Câmara Americana de Comércio. Celso, foi um dos primeiros empreendedores a compreender a importância da abertura econômica para o exterior como instrumento fundamental para o desenvolvimento brasileiro. Além de muitas premiações, foi condecorado pela Rainha da Inglaterra com o KBE – Knight Comander of the British Empire, principalmente por ajudar a disseminar a cultura inglesa no Brasil, derivando-se deste feito, o famoso curso de idiomas, ‘Cultura Inglesa’.
Na linha da alavancagem da abertura econômica do Brasil para o exterior, Celso trouxe para o país inúmeros empreendimentos industriais, com destaque para unidade industrial de reparos em turbinas, associada à Rolls-Royce e inovações no campo da mineração e petroquímica, em conjunto com a Dutch State Mines e a Akzo duas gigantes em seus setores; promoveu transferências de capitais e tecnologia da Europa para vários empreendimentos industriais, dentre os quais a COBAFI – Companhia Bahiana de Fibras e Nitrocarbono, que integram o Pólo Petroquímico do Nordeste, no Estado da Bahia.
O brilhantismo do empreendedor, estende-se por muitas outras notáveis frentes empreendidas sempre com o objetivo de projeção internacional do Brasil, antecipando-se às necessidades do país para o bem servir, diversificando seus negócios e priorizando as atividades que demandavam responsabilidade social empresarial. Merecem destaque também a empresa Prospec S.A., a pioneira em aerolevantamentos no Brasil, através foi possível descobrir em nosso país, as suas maiores fontes de recursos naturais, utilizando-se um artefato (magnetômetro), desenvolvido na 2ª Guerra Mundial para rastrear submarinos e que passou a ser utilizado em aviões para descobrir minérios ferrosos; a Petronal, que permitiu à Petrobrás obter fornecimento de óleo cru, não havendo intermediação de empresas estrangeiras, trazendo inúmeras vantagens competitivas a esta última. Celso ainda obtinha empreendimentos que envolviam energia nuclear e telecomunicações. Nos idos de 1963, tinha o objetivo de privatizar a telefonia do Estado do Rio de Janeiro, junto a outros empresários, com o fim de melhoria dos serviços, desde então, sempre precários. Isto demonstra que as práticas que vigoram atualmente nos mercados foram criadas e desenvolvidas por empreendedores como Celso, assim como demonstra a grande diversidade de seus negócios.
Celso da Rocha Miranda era um visionário e um talento raro. Tendo começado a sua vida profissional como um simples corretor de seguros, criou um verdadeiro império, sempre com o propósito de elevar o Brasil a figurar entre as maiores nações do mundo, pois acreditava no potencial nacional. Não foi à toa que, unido ao Presidente JK, tinha a crença de que o slogan ’50 anos em 5′ era plenamente possível de ser concretizado, se dependesse do esforço que havia empreendido para que esse sonho se tornasse realidade, não fosse o governo ditatorial, que não permitiu essa evolução e fez questão de massacrar o progresso que dali viria.
Por isso, o legado do grande empreendedor e empresário não pode ser esquecido, tem de ser amplamente divulgado, já que sua atuação exemplar servirá de norte para arrojados realizadores. É de empreendedores como ele – que trazem desenvolvimento, sem ganância, e sim com o propósito social e de progresso – que o nosso país necessita, para a retomada do crescimento.
Atualmente, o herdeiro de Celso da Rocha Miranda, Rodolfo da Rocha Miranda, tem lutado intensamente pelo reconhecimento, através da Comissão Nacional da Verdade, da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro e da Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, da perseguição política à Celso, assim como das desastrosas consequências que levaram à queda de seu grandioso património, mas que não conseguiram extinguir o imenso legado que ele deixou através de seu exemplo como grande empreendedor desenvolvimentista e de crença no Brasil.