Menos de 20% das organizações veem o futuro do trabalho como uma prioridade para o seu CEO. Um estudo da BCG mostra que 94% dos líderes afirma ser importante ter iniciativas relacionadas com o futuro do trabalho, mas que apenas 20% das organizações veem o futuro do trabalho como uma prioridade do seu administrador.
Um futuro do trabalho melhor exige mais do que estabelecer políticas relativas ao modelo híbrido ou remoto. Será necessário que as organizações reúnam esforços para obter melhorias em áreas como a liderança, cultura, clientes, talento, aprendizagem e desenvolvimento, requalificação e muitas outras. E embora a maioria dos executivos acredite que estas frentes de trabalho sejam importantes, apenas uma em cada cinco empresas se considera líder da indústria no que respeita a estas dimensões críticas do futuro do trabalho, de acordo com um novo estudo da Boston Consulting Group (BCG).
O estudo “The Future of Work is More Than Where to Work” baseia-se num inquérito global a líderes seniores, dos quais um terço ocupa cargos executivos, de aproximadamente 350 empresas de diferentes indústrias, representando mais de 6 milhões de empregados, e pretende identificar a sua progressão na criação de um futuro do trabalho melhor.
“A nossa pesquisa demonstra a importância de garantir que as iniciativas relacionadas com o futuro trabalho estão na agenda do CEO”, afirma Debbie Lovich, Líder Global da BCG para o Futuro do Trabalho e coautora do relatório. “Os resultados do inquérito tornam-no claro: quando estas iniciativas estão na agenda do CEO, as empresas têm cinco vezes mais probabilidades de se tornarem líderes do futuro do trabalho”.
O estudo conclui que quase todos os executivos inquiridos encaram como importantes as dimensões do futuro do trabalho como a liderança, a aprendizagem ativa e contínua, e os novos e diversos modelos de talento, mas menos de 20% dos interpelados acredita que estes itens são tidos como uma prioridade na agenda do seu CEO.
93% dos inquiridos considera a liderança importante para um futuro do trabalho melhor, embora também afirmem que as suas empresas não estão a dar o apoio adequado para assegurar que os líderes têm o que precisam para ter sucesso nesta frente. Por exemplo, apenas 20% vê uma melhoria da cultura organizacional e dos comportamentos dos líderes seniores e apenas 15% considera requalificar os gestores para gerir, inspirar e treinar equipas distribuídas, como prioridades para o CEO.
Iniciativas com foco nos trabalhadores presenciais estão a ficar para trás. Quando se trata de implementar o futuro das iniciativas de trabalho, o estudo revelou que as organizações e indústrias com uma elevada percentagem de trabalhadores deskless, que têm que estar fisicamente na empresa para desempenhar a sua função, estão a ficar para trás face às que possuem mais funções de secretária e que, portanto, são mais passíveis de adotar modelos remoto.
As indústrias de telecomunicações, tecnologia e seguros, que têm aproximadamente um quarto ou menos dos seus colaboradores em funções necessariamente presenciais, apresentam melhores níveis de preparação para o futuro do trabalho. Já os setores da energia, dos bens de consumo e de retalho – cuja maioria dos postos corresponde a trabalhadores deskless – são os que obtêm uma classificação mais baixa. Em 38% de todas as organizações inquiridas falta ainda implementar novas iniciativas, tais como horários flexíveis e benefícios diferenciados para este tipo de trabalhadores.
Isto é relevante porque, como constatado no último inquérito global sobre empregabilidade da BCG, 37% do talento dedicado a funções deskless estava em risco de abandonar os seus empregos nos seis meses seguintes por razões como falta de flexibilidade, oportunidades de progressão na carreira e compensação. Para evitar níveis de rotatividade tão significativos, as empresas devem priorizar os esforços que assegurem um melhor ambiente de trabalho para os trabalhadores que não têm a opção de modelo híbrido.
“Globalmente, apenas 4% das empresas se consideram líderes da indústria em termos de preparação para adequar o modelo de trabalho aos trabalhadores presenciais e apenas 8% dos CEOs consideram o aumento do apoio aos trabalhadores na linha da frente uma prioridade”, afirma Sebastian Ullrich, Managing Director e Partner da BCG e coautor do relatório. “Estes números ilustram o facto de os empregados que continuaram a trabalhar em fábricas, lojas e no terreno durante a pandemia carecerem do apoio dos seus empregadores, depois de terem sido anteriormente aclamados como heróis”.
Embora muito tenha sido escrito sobre as expectativas dos trabalhadores em relação ao futuro do trabalho, este novo inquérito revela que as empresas ficaram aquém do que era esperado. Muitos líderes acreditam que é importante criar um futuro do trabalho melhor, mas poucos são os que estão efetivamente a traduzi-lo em ações.