A aprovação do Plano de Resiliência e Recuperação (PRR) é um passo na direção certa para assegurarmos a saída da crise e garantirmos um futuro resiliente para o país. São 2.460 os milhões de euros previstos para inovação e formação digital – o equivalente a 22% do pacote total, para aplicação nas empresas 4.0 até 2026.
Com a chegada iminente deste “bolo financeiro”, aumenta a expectativa dos setores que mais têm sofrido com os impactos da pandemia e crescem as dúvidas sobre o que reserva o futuro, chegada a hora de passar do plano à ação: em que medida vai esta “vitamina europeia” ajudar a impulsionar os negócios? Como funcionará em termos de distribuição pelas empresas? Que empurrão pode vir a representar para a maturidade digital do país?
É, obviamente, cedo para se saber. Alguns dos objetivos propostos no apoio às PMEs, como a formação digital e a modernização dos processos de gestão, são fundamentais num país que só agora está verdadeiramente a investir na digitalização do seu tecido empresarial. E como, durante mais algum tempo, vamos continuar a viver num estado de incerteza, nunca como agora foi tão estratégico apoiar a evolução das PMEs através das várias fases que a maturidade digital prevê – desde a criação de um website simples à migração de estruturas complexas para a cloud, passando pela internacionalização através do e-commerce.
“é estratégico apoiar a evolução das PMEs nas várias fases da digitalização”
Certo é que nenhuma das etapas de crescimento no digital será possível sem a capacitação de empresários e colaboradores, sendo que essa é uma das fases onde se pretende atuar primeiro. O PRR é um plano ambicioso, mas estrutural se considerarmos que as novas profissões vão exigir competências digitais múltiplas. E não esqueçamos o expectável efeito cascata, para o qual as PMEs devem preparar-se – não só em termos de capacidade de serviço, como das hardskills dos seus próprios ativos humanos.
Depois da formação seguir-se-á uma fase de transição digital, para a qual se prevê uma das maiores fatias do investimento do plano e o reposicionamento dos negócios num ecossistema digitalmente avançado. A competitividade que resulta da presença digital deverá ter como efeito a modernização progressiva das PMEs, o que por sua vez contribuirá para uma maior maturidade no país em termos de digitalização.
Um estádio final definido pelo PRR para as empresas visa garantir a desmaterialização do processo de produção de forma segura. Podemos olhar para o investimento crescente em sistemas em rede e para as políticas de proteção de dados online para concluir que a modernização dos sistemas de cibersegurança nas empresas é fundamental para garantir a resiliência e a sustentabilidade.
Sustentabilidade, outro termo relevante no dicionário da “bazuca”. Ao visar a inovação através de reformas e investimentos que respeitem os objetivos ambientais, o plano potencia a transição para uma sociedade não só mais digital mas também mais ecológica, uma meta a que todas as empresas com os olhos postos no futuro devem aspirar. Não tenhamos dúvidas: a velocidade a que as empresas se digitalizam constitui a decisão de negócios mais crítica da atualidade e o PRR é uma oportunidade para se criarem impactos duradouros.