O modelo educacional e a busca pelo conhecimento

Com a pressão atual pelo sucesso profissional, muitos jovens são levados pelo mercado a estudar para se formar em determinada área de atuação, esquecendo que quem gera conhecimento é você e não a educação que lhe ofereceram.

Quando falamos em estudo, a primeira coisa que nos vem à mente é um modelo educacional onde o indivíduo leva em média 5 anos para se formar numa faculdade e a partir disso desenvolver uma carreira. Em geral, este processo se inicia entre os 18 e 20 anos de idade, período em que são poucos os que tem claramente uma decisão sobre qual será sua carreira e o que vislumbram para o futuro. Com a pressão atual pelo sucesso profissional, muitos são levados pelo mercado, abdicando de obter conhecimento e se dedicando a estudar para se formar em determinada área de atuação.

Estudar gera conhecimento?

Estudo e conhecimento podem parecer estarem necessariamente ligados, muitas vezes não imaginamos um sem o outro. Mas o que proponho neste texto é uma reflexão sobre se o modelo educacional que ainda usamos é realmente um provedor de conteúdo de qualidade.

A sociedade em que vivemos foi moldada a partir da busca pelo conhecimento. Todos os grandes acontecimentos da humanidade surgiram de mentes criativas, de pessoas que dedicaram o seu esforço para se aperfeiçoar e ganhar destaque no que faziam. Sim, muitas dessas mentes brilhantes estudaram nas melhores universidades do mundo, mas as grandes ideias que tiveram surgiram de um exercício pessoal para buscar uma solução a partir de algum problema que descobriram.

O conhecimento pode se desenvolver em cada um a partir de um estímulo, seja uma necessidade ou uma pré-disposição. O papel da educação neste processo é fornecer uma base teórica para alimentar este estímulo e fazer com que a busca pelo conhecimento se desenvolva naturalmente. Na verdade, quem gera conhecimento é você e não a educação que lhe ofereceram.

Os métodos educacionais precisam mudar

A escola tradicional usa métodos que não são atualizados constantemente, portanto não acompanham o ritmo dinâmico das mudanças sociais e culturais. Além disso, está comprovado que grande parte do que é ensinado não é usado na prática. Segundo um estudo feito pela Universidade de Chicago em 2008, apenas 6,3% do que é ensinado na escola é usado efetivamente na sua vida. Ou seja, 93,7% do que você aprendeu acabou ficando sem utilidade.

Em tempos onde a informação transita quase que instantaneamente, o ensino deve ser tão dinâmico quanto as mudanças. O comportamento do estudante hoje é completamente diferente do que era há 10 ou 20 anos atrás. O acesso a fontes de conteúdo é muito fácil e rápido, e o desinteresse pelos métodos tradicionais vem aumentando a cada dia.

Pelo fato dos modelos de ensino não se atualizarem, muitas pessoas estão adquirindo conhecimento por conta própria. Estes são os famosos autodidatas. São pessoas com iniciativa e que não se prendem aos modelos educacionais comuns. Não é difícil ser um autodidata, mas também nem todos estão preparados para se atirarem aos estudos por conta própria. Esta prática requer muita disciplina e determinação, além de uma visão bem clara dos seus objetivos.

Não estou aqui tentando diminuir a importância das escolas, faculdades e universidades, o que pretendo é iniciar uma reflexão sobre uma tendência que vem se consolidando. Buscar conhecimento específico, dentro das habilidades que os diferenciam, é o caminho que muitos profissionais estão trilhando e tendo sucesso com isso.

Mas eu devo investir em educação?

A educação formal – no modelo tradicional que é usado há tanto tempo – exige um investimento financeiro muito alto e em muitos casos não gera o resultado que se espera. Fazendo uma conta básica, considerando uma graduação normal de 5 anos de duração com uma mensalidade na faixa de 700 reais, teremos um investimento de 42 mil reais apenas com a instituição. Se considerarmos outros custos como transporte, alimentação, e até mesmo a formatura, este valor ultrapassa tranquilamente os 50 mil em todo o período de cinco anos. Ao buscar uma especialização, segunda graduação ou MBA, em um cálculo bem pessimista, já seriam mais de 100 mil reais gastos numa formação superior completa em todos os níveis.

Por outro lado, o investimento em alternativas de estudo fora das instituições de ensino se mostra muito mais barato e com um grande diferencial: você não precisa seguir nenhuma grade curricular. O investimento que se pode fazer em livros, por exemplo, é infinitamente menor. Existem milhares de informações em sites, em diversos formatos como vídeos e podcasts disponíveis gratuitamente na internet e também conteúdos pagos como revistas e cursos. Usando esses tipos de recurso, a sua educação autodidata não custaria mais de 10 mil reais, aproximadamente 10 vezes menos do que gastaria na educação formal. Sem falar na liberdade que o formato autodidata pode lhe oferecer. Não estando preso a horários e grades de estudo, você pode adequar seus horários à sua rotina diária e assim certamente terá um rendimento melhor.

Investimento no futuro

A pressão pelo sucesso faz com que o jovem acabe seguindo o que a maioria faz, e assim também acaba se tornando apenas mais um na multidão. O diferencial que se pode criar buscando o conhecimento que realmente tem a ver com os seus objetivos, é o que fará com que os estudantes do presente e do futuro se destaquem no mercado.

Volto a ressaltar que não se trata de descartar a educação oferecida nas instituições de ensino. Não pretendo criar uma discussão para avaliar se a qualidade da educação tradicional é ruim, boa ou excelente e se devemos investir neste modelo, ou buscar outras alternativas. Essa escolha sempre será muito pessoal. O que proponho é uma reflexão sobre o investimento neste formato, comparado às novas alternativas de busca por conhecimento que estão ao nosso alcance nos dias de hoje. Sendo um investimento, é inevitável analisarmos o retorno que teremos com o valor empregado. Por isso é importante avaliar muito bem antes de tomar uma decisão que pode impactar diretamente em seu futuro, seja profissional, cultural e também financeiro.

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