Portugal foi dos países da OCDE com maior crescimento no rendimento das famílias, em 2022. De acordo com os dados estatísticos publicados pela Organização para Economia Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) que agrega 38 países com “economias de mercado”, a receita das famílias foi afetada, em 2022, pelo fim dos incentivos económicos devido à pandemia e pelo aumento das tarifas de energia.
No conjunto dos países da OCDE, a receita real das famílias caiu 3,8%, per capita, em 2022. Esta foi a maior queda anual desde o início desta série estatística. Apesar do crescimento moderado no terceiro e quarto trimestres, do ano passado, a tendência não foi suficiente para compensar as perdas, quando se faz a comparação anual em 2022.
Já no caso do rendimento das famílias portuguesas, o quadro é mais otimista: a receita real subiu 5,8%, no quarto trimestre de 2022, tendo sido o melhor resultado de entre os países da União Europeia. Quando comparado todo o ano de 2022 com o anterior, o crescimento foi menos acentuado (1.5%) mas, ainda assim, Portugal fica no “Top 5” dos países com maior crescimento anual da receita real das famílias.
Na análise dos resultados no quarto trimestre de 2022, os resultados dos rendimentos das famílias variaram amplamente entre os países da OCDE. Dos 21 países para os quais há dados disponíveis, oito registraram um aumento na receita familiar real per capita, enquanto os 13 restantes registraram um declínio.
Entre as economias do G7 para as quais há dados disponíveis, o Reino Unido experimentou o maior aumento na receita familiar real per capita no quarto trimestre de 2022 (1,2%), impulsionado pelo crescimento salarial e subsídios públicos para o consumo doméstico de energia.
Canadá, França e Estados Unidos também registraram aumentos na renda familiar real per capita, no quarto trimestre, superando o desempenho do PIB per capita, que aumentou 0,5% nos Estados Unidos e contraiu no Canadá e na França. Por outro lado, a renda familiar real caiu 3,5% na Itália, em resultado do aumento dos preços da energia no quarto trimestre de 2022, o que levou a uma alta inflação que prejudicou os rendimentos familiares medidos em termos reais.
Comparando todo o ano de 2022 com o anterior, a receita familiar real per capita caiu 3,9% nas economias do G7. A maior queda foi registrada nos Estados Unidos (-6,0%), em resultado do fim da assistência governamental relacionada à COVID-19 e paga às famílias em 2021.
Entre os demais países da OCDE, o Chile registrou a maior queda na renda familiar real per capita em 2022 (-15,1%), devido à interrupção dos saques antecipados de pensões vinculados à pandemia permitida em 2021. Mesmo em economias que não foram afetados pelo fim dos programas de ajuda relacionados à pandemia, o aumento da inflação prejudicou a renda familiar em termos reais em 2022, apesar do crescimento do PIB per capita.