Segundo dados da Autoridade Tributária, há um pouco mais de 5 milhões de agregados familiares em Portugal, dos quais 4,5 milhões têm rendimentos abaixo dos 20 mil euros anuais. Estes números são calculados a partir do rendimento coletável, que serve de base para a cobrança de impostos, e revelam que 90% das famílias portuguesas tem rendimento inferior a 1.500 euros mensais.
A Autoridade Tributária divulgou a tabela dos rendimentos coletáveis divididos em cinco categorias:
O conceito de rendimento coletável é o valor sujeito à coleta de impostos, depois de deduzidos os abatimentos previstos na lei, daí os números da Autoridade Tributária sejam diferentes dos divulgados pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). Usando o cálculo do rendimento, o INE estima que metade da população adulta receba até 703 euros por mês e a outra metade acima disso. Apesar das diferenças, parece evidente que só uma muito pequena parcela da população portuguesa tem rendimentos com valores que se consideram de ‘classe média’.
O debate sobre a definição de ‘classe média’ foi suscitado depois do governo anunciar uma ‘descida de impostos para classe média, e o agravamento para os rendimentos mais elevados’. Os números agora divulgados pela Autoridade Tributária pretendem travar a polémica, mas revelam um país claramente empobrecido, ainda que à margem destes números estejam rendimentos não declarados ao fisco.