Os adolescentes e os negócios – E se “tipo”… empreendessemos?

Descontentamento, crise, falta de oportunidades, emigração, poucas saídas profissionais. Eis os conceitos com que andamos a encher a cabeça dos jovens. Na tentativa de os alertar para o facto de que precisam de estudar, de se manter atentos e de progredir, pais, professores, familiares e até os meios de comunicação largam bombas de medo, insegurança e descrença, dia sim, dia sim.Não admira que eles andem paralisados, com a cabeça enfiada na areia e a criatividade amputada.

Apesar disso, os adolescentes de hoje têm potencial para ser a geração mais empreendedora de sempre. Por um lado, porque contam com o exemplo dos pais, muitos dos quais, por necessidade, começaram a empreender. Por outro, porque nunca uma geração teve à sua disposição um conjunto tão vasto e eficaz de ferramentas, nem se habituou tão cedo a usá-las.

Eis algumas vantagens dos adolescentes empreendedores:

Conhecimento do universo onlinenSe alguém está preparado para os desafios do universo online, são os adolescentes de hoje. Pouco depois de nascerem, eles já são bloggers, vloggers, comunicadores ágeis e ‘doutorados’ em redes sociais, com o rato apontado ao carrinho de compras virtual. Esse conhecimento adquirido quase sem esforço, que tantos adultos gastaram anos e milhares de euros a conquistar é, em si próprio, um enorme potencial.

Viver na era do crowdfundingnSe há 20 anos um adolescente pedisse aos pais dinheiro para investir no seu negócio de venda de limonada e estes não estivessem dispostos a financiá-lo, esse era praticamente o fim do negócio. Na era do PPL, da Massivemov ou da Olmo ou do Kickstarter, já não há razão para ser assim.

Capacidade de sonharnSe alguém tem capacidade para sonhar, são os adolescentes. E se o que sonham é com a fama e a fortuna, porque não dar-lhes a conhecer caminhos que os afastem dos reality shows e os incentivem a construir e concretizar? Incentivemos o sonho, demos-lhe ferramentas, e quem sabe se, em vez de posts de selfies e palavras ocas cheias de erros ortográficos, não surgem movimentos, ideias novas, sementes de mudança?

EntusiasmonSe alguém se sente estimulado com a ideia de ganhar algum dinheiro, são os adolescentes. Porque um dia querem ir para a universidade, ter um carro, viajar. Por esse mundo fora, muitos que quiseram apenas trazer uma ajuda para casa, criaram negócios multimilionários. Outros, criaram pequenos projectos que se transformaram em marcas de sucesso. Outros ainda, um biscate de bairro que lhes dá dinheiro para as férias. O importante é que tiveram coragem de dizer ‘e se?’.

Vontade de provar o seu valornMuitos adolescentes convivem hoje com o medo do desemprego. Muitos sentem que por mais que se esforcem nos estudos, podem não conseguir encontrar uma oportunidade. Também sabem que para encontrar um emprego já não basta ter um excelente CV. É preciso mostrar iniciativa, ter feito algo diferente. Para além dos estágios, muitos optam pelo voluntariado como forma de diversificar as suas experiências. Mas poucas diligências podem ter o mesmo impacto que uma experiência no campo do empreendedorismo (mesmo que falhada) no currículo de um candidato.

Pouco a perdernMas a mais importante vantagem dos adolescentes é que, na maioria dos casos, não têm nada a perder. Ultrapassado o inicial embaraço que fazer algo diferente possa causar, ninguém vai cobrar se o negócio não resultar à primeira, nem está à espera que sirva para sustentar a família. Por isso, porque não tentar? No seu livro ‘Nothing to Loose’ Ryan Blair relata o seu exemplo. Em pouco tempo passou de membro de um gang a empresário de sucesso.

São raros os jovens que já descobriram qual é a sua vocação, quanto mais começarem a empreender. Porém, algumas já conseguem identificar o que mais gostam de fazer. O desafio é juntar essa paixão a uma oportunidade. Identificar algo que falte na sua comunidade e a que consigam dar resposta. Depois, procurar a ajuda de quem sabe. Um familiar, uma associação, um mentor. Por fim, não ter medo de fazer diferente. Usar as redes sociais para espalhar a mensagem, acreditando que nem todos vão compreender mas que quem compreender vai tornar-se um seguidor. Usar a internet para pesquisar os muitos exemplos de jovens empreendedores que conseguiram fazer vingar os seus projectos.

Na verdade, na adolescência pouco se sabe sobre empreendedorismo. Por isso, algumas escolas estão a trazer o tema para cima da mesa. Talvez só uma percentagem muito pequena dos jovens que tomam contacto com o empreendedorismo tenham de facto a coragem ou a oportunidade de avançar com um projeto. O importante é que tomem contacto com a mentalidade do empreendedor, que se deixem contagiar pela vontade de fazer diferente e que o entusiasmo próprio da adolescência possa ser canalizado para actividades construtivas que sirvam para aprender. Afinal, o empreendedorismo é uma aventura. E haverá quem goste mais de aventura que um adolescente?

nAlguns exemplos de negócios criados por adolescentes:

  • Mochila virtual

  • Soutiens para raparigas dos 11 aos 15 anos

  • Velas com aromas masculinos

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